"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



terça-feira, 6 de setembro de 2016

Fracasso total do Acordo de 5 de Setembro


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Dois anos depois
Ontem, segunda-feira, 5 de Setembro, completaram-se dois anos exactos do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, que foi assinado por Armando Guebuza, então
Presidente da República, e Afonso Dhlakama, presidente da Renamo.
Foi a 5 de Setembro de 2014 que Armando Guebuza e Afonso Dhlakama se encontraram numa cerimónia em Maputo e assinaram o documento que se presumia que poria fim a uma guerra não declarada no país, que durante um ano e meio havia feito um número indeterminado de vítimas e havia provocado danos avultados.
O encontro, que tinha acontecido na Presidência da República, havia terminado com um abraço entre Guebuza e Dhlakama e uma foto e abria caminho para a realização das Eleições Gerais de Outubro 2014. Na ocasião, Armando Guebuza afirmou que sempre acreditara no sucesso do diálogo.
“Não podíamos resolver nada com as forças militares. Sabíamos que íamos entender-nos no diálogo.
Mesmo no desespero, esperámos pacientemente e firmemente. No diálogo todas as nossas preocupações são atendidas”, disse Guebuza, prometendo também a criação de um Fundo de Paz, que iria formar e viabilizar a reintegração dos militares desmobilizados da Renamo.
Por seu lado, o presidente da Renamo reafirmara a necessidade de um Estado democrático e de boa governação.
“Os desafios do futuro são para levar a sério no presente, e é necessário um compromisso sincero das forças políticas moçambicanos com vista à consolidação de um modelo democrático orientado para o progresso e assente em regras de boa governança.
Os adiamentos deste compromisso, sejam voluntários ou induzidos pela inércia, terão sempre por consequências mais vias de pobreza, doença, fome e de intolerância para a maior parte do nosso povo”, disse Dhlakama logo depois da assinatura do Acordo, que ficou conhecido também como o Acordo de Paz II.
“Quando os interesses dos representantes se sobrepõem aos interesses dos representados, a democracia está em risco, o Estado deixa de servir o povo e fica ao serviço de um punhado de privilegiados com acesso aos corredores do poder. Depois do sonho lindo de há duas décadas, quando a paz parecia instalada de vez e a democracia instituída para sempre, assistimos em Moçambique a um processo sistemático de concentração de poder”, dissera.
Mas a verdade é que, dois anos depois, voltámos à estaca zero. Afonso Dhlakama voltou para a mata depois de duas tentativas para o assassinar, e as armas voltaram a ecoar, aguardando-se por um terceiro acordo, que se deseja que não se transforme num terceiro fracasso, mais cedo ou mais tarde. (Bernardo Álvaro)
CANALMOZ – 06.09.2016

1 comentário:

  1. resublinhio “Quando os interesses dos representantes se sobrepõem aos interesses dos representados, a democracia está em risco, o Estado deixa de servir o povo e fica ao serviço de um punhado de privilegiados com acesso aos corredores do poder. Depois do sonho lindo de há duas décadas, quando a paz parecia instalada de vez e a democracia instituída para sempre, assistimos em Moçambique a um processo sistemático de concentração de poder”, dissera.
    Mas a verdade é que, dois anos depois, voltámos à estaca zero. Afonso Dhlakama voltou para a mata depois de duas tentativas para o assassinar, e as armas voltaram a ecoar, aguardando-se por um terceiro acordo, que se deseja que não se transforme num terceiro fracasso, mais cedo ou mais tarde

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