19/01/2017
Os mediadores internacionais estão de malas feitas para, em Maputo, retomarem a sua actividade visando o estabelecimento de consensos que levem à paz, efectiva e durável.
A garantia é dada pelo líder da Renamo, à Lusa, anunciando que, desta vez, os mediadores irão trabalhar em dois frentes. Uma, em que irão prestar assistência ao grupo que irá trabalhar no pacote sobre a descentralização, e um outro, noutras matérias.
Afonso Dhlakama prevê que até Março/Abril haja acordo assinado, que o irá permitirá retornar à capital e fazer política “livremente”, ele que está na Serra da Gorongosa desde finais de 2015.
As autarquias estão à porta e é preciso fazer política, precisando de serem preparadas a tempo, para o processo eleitoral previsto para 2018, depois de a Renamo ter boicotado as de 2013.
“Há coisas que podem ser concluídas até Março, mas outras podem arrastar-se”, indica Dhlakama na mesma entrevista telefónica.
Até Março, prevê um acordo político definitivo, “se tudo correr bem”, para, desse modo, motivar as pessoas, o que passa pelo esforço a ser empreendido pelas partes, uma vez que o mais “importante é a paz”.
Vandalismo do governo
Garante estar na Gorongosa, após sofrer duas emboscadas em Setembro de 2015, na província de Manica, e em Outubro do mesmo ano, invasão na sua residência situada na cidade da Beira, pelas Forças de Defesa e Segurança(FDS).
Desabafa: “não esperava o vandalismo que o governo me fez, mas já me esqueci disso, não guardo rancor”.
Dhlakama afirma não voltar a assinar um acordo, no decurso de uma campanha eleitoral, como sucedeu a 5 de Setembro de 2014, quando do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares com Armando Guebuza, em pleno processo das eleições gerais.
Desta vez, “gostaríamos que tivéssemos tempo de nos prepararmos para as autárquicas”.
Provocações ao detalhe
Nos últimos dias, a Renamo tem insistido em provocações protagonizadas por elementos das FDS, chegando a sugerir a instauração de um inquérito a ser realizado por uma entidade independente.
A Polícia contrapõe dizendo que a trégua continua inviolável. Sande Carmona, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), sustentando as queixas da Renamo, denunciou violação da trégua, mas acusando as partes por essa situação.
Aos olhos do MDM, nada que fosse surpresa, por as tréguas serem produto de umas tantas chamadas telefónicas, não de um acordo físico.
Na entrevista que Afonso Dhlakama concede à Lusa, avança alguns pormenores sobre as chamadas provocações das FDS.
Segundo o líder da Renamo, na semana passada, quatro desmobilizados da Renamo, que se deslocavam, desarmados, dos distritos de Ile e Lugela para Morrotone, província da Zambézia, foram raptados após terem desembarcado de um autocarro próximo de uma base das FDS e estão desaparecidos desde então.
Ainda em Morrotone, próximo da mesma posição das FDS, desapareceram outros habitantes locais.
Nas zonas de Lourenço, Nhataca e Mucodza, a leste da vila-sede, na Gorongosa, província de Sofala, algumas famílias e simpatizantes da Renamo estão desaparecidos, depois de terem sido interceptados quando se deslocavam para compra de alimentos.
Em Nhacafula, distrito de Tambara, província Manica, na sexta-feira, um professor foi morto por militares das Forças Armadas, supostamente por ter ligações com a Renamo, e o corpo também está desaparecido.
“Isso está a diluir o peso da trégua”, Afonso Dhlakama, avisando que o cessar-fogo “não foi feito apenas para facilitar que os membros da Frelimo andem livremente”, ou as Forças Armadas de Defesa de Moçambique(FADM)] saiam de Maputo para Gorongosa e Nampula de carro, “isso é para toda gente andar”.
As alegadas violações à trégua têm ainda provocado mal-estar no seio da população e na ala militar da Renamo. “Parece que o Dhlakama deu a liberdade de a Frelimo fazer e desfazer as populações. Membros, simpatizantes, comandos militares da Renamo, já não se estão a sentir bem, estão a criticar-me”, refere.
A trégua permitiu que a governadora de Sofala, Helena Taipo, passasse a 300 metros do local onde vive, para fazer distribuição de alimentos a deslocados de guerra e de seca na Gorongosa.
Permitiu, igualmente, que um secretário da Frelimo na Zambézia e o comandante provincial da Polícia executassem trabalhos em Morrotone, nas zonas sob controlo da Renamo.
Também em Manica, assinala ainda Dhlakama, o governador Alberto Mondlane deslocou-se a Tambara, onde há recentes relatos de raptos e sequestros de membros da Renamo, trabalhou e pernoitou naquele local.
Até visitaram posições das FADM “e os meus [combatentes da Renamo] a ver tudo e a dizer que é provocação e eu disse que é paz, e ordenei para que ninguém disparasse, porque ia prender quem disparasse”, relata o líder da Renamo, insistindo na colaboração do executivo na manutenção da trégua.
Dhlakama aos “radicais da Frelimo”, apela para que “deem liberdade ao presidente [Filipe] Nyusi, no esforço que ele está a tentar fazer para a paz” e na tentativa de criação de confiança.
EXPRESSO – 19.01.2017
Garante estar na Gorongosa, após sofrer duas emboscadas em Setembro de 2015, na província de Manica, e em Outubro do mesmo ano, invasão na sua residência situada na cidade da Beira, pelas Forças de Defesa e Segurança(FDS).
Desabafa: “não esperava o vandalismo que o governo me fez, mas já me esqueci disso, não guardo rancor”.
Dhlakama afirma não voltar a assinar um acordo, no decurso de uma campanha eleitoral, como sucedeu a 5 de Setembro de 2014, quando do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares com Armando Guebuza, em pleno processo das eleições gerais.
Desta vez, “gostaríamos que tivéssemos tempo de nos prepararmos para as autárquicas”.
Provocações ao detalhe
Nos últimos dias, a Renamo tem insistido em provocações protagonizadas por elementos das FDS, chegando a sugerir a instauração de um inquérito a ser realizado por uma entidade independente.
A Polícia contrapõe dizendo que a trégua continua inviolável. Sande Carmona, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), sustentando as queixas da Renamo, denunciou violação da trégua, mas acusando as partes por essa situação.
Aos olhos do MDM, nada que fosse surpresa, por as tréguas serem produto de umas tantas chamadas telefónicas, não de um acordo físico.
Na entrevista que Afonso Dhlakama concede à Lusa, avança alguns pormenores sobre as chamadas provocações das FDS.
Segundo o líder da Renamo, na semana passada, quatro desmobilizados da Renamo, que se deslocavam, desarmados, dos distritos de Ile e Lugela para Morrotone, província da Zambézia, foram raptados após terem desembarcado de um autocarro próximo de uma base das FDS e estão desaparecidos desde então.
Ainda em Morrotone, próximo da mesma posição das FDS, desapareceram outros habitantes locais.
Nas zonas de Lourenço, Nhataca e Mucodza, a leste da vila-sede, na Gorongosa, província de Sofala, algumas famílias e simpatizantes da Renamo estão desaparecidos, depois de terem sido interceptados quando se deslocavam para compra de alimentos.
Em Nhacafula, distrito de Tambara, província Manica, na sexta-feira, um professor foi morto por militares das Forças Armadas, supostamente por ter ligações com a Renamo, e o corpo também está desaparecido.
“Isso está a diluir o peso da trégua”, Afonso Dhlakama, avisando que o cessar-fogo “não foi feito apenas para facilitar que os membros da Frelimo andem livremente”, ou as Forças Armadas de Defesa de Moçambique(FADM)] saiam de Maputo para Gorongosa e Nampula de carro, “isso é para toda gente andar”.
As alegadas violações à trégua têm ainda provocado mal-estar no seio da população e na ala militar da Renamo. “Parece que o Dhlakama deu a liberdade de a Frelimo fazer e desfazer as populações. Membros, simpatizantes, comandos militares da Renamo, já não se estão a sentir bem, estão a criticar-me”, refere.
A trégua permitiu que a governadora de Sofala, Helena Taipo, passasse a 300 metros do local onde vive, para fazer distribuição de alimentos a deslocados de guerra e de seca na Gorongosa.
Permitiu, igualmente, que um secretário da Frelimo na Zambézia e o comandante provincial da Polícia executassem trabalhos em Morrotone, nas zonas sob controlo da Renamo.
Também em Manica, assinala ainda Dhlakama, o governador Alberto Mondlane deslocou-se a Tambara, onde há recentes relatos de raptos e sequestros de membros da Renamo, trabalhou e pernoitou naquele local.
Até visitaram posições das FADM “e os meus [combatentes da Renamo] a ver tudo e a dizer que é provocação e eu disse que é paz, e ordenei para que ninguém disparasse, porque ia prender quem disparasse”, relata o líder da Renamo, insistindo na colaboração do executivo na manutenção da trégua.
Dhlakama aos “radicais da Frelimo”, apela para que “deem liberdade ao presidente [Filipe] Nyusi, no esforço que ele está a tentar fazer para a paz” e na tentativa de criação de confiança.
EXPRESSO – 19.01.2017
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