Erdogan em Maputo: a friend in need is a friend indeed…
Erdogan colou-se ao microfone e assumiu a batuta. Sua narrativa já tinha eu antevisto aqui nestas páginas. Mas não esperava que ele fosse mais incisivo, colando o Estado moçambicano a redes terroristas. Sua postura, entre a arrogância pura e a virulência de falso democrata, fez evaporar a presença de Nyusi. Aquilo que se esperava fosse uma conferência de imprensa conjunta, entre laços fraternos, virou uma passarela persecutória.
Erdogan estilhaçou todas as regras de protocolo e menorizou o Estado.
Quando zarpou para o ataque à rede de escolas Willow e à acusação de que Moçambique albergava “terroristas” ligados à intentona de Julho passado na Turquia, fê-lo com contundência desmedida, fora dos cânones diplomáticos, numa interlocução que carregava todos os ingredientes da chantagem ou de quem esperava uma retribuição por dívida passada. Chantagem porque a Turquia tem dinheiro para investir em Moçambique; dívida de gratidão porque a Turquia ajudou na campanha presidencial de Filipe Nyusi.
Quando zarpou para o ataque à rede de escolas Willow e à acusação de que Moçambique albergava “terroristas” ligados à intentona de Julho passado na Turquia, fê-lo com contundência desmedida, fora dos cânones diplomáticos, numa interlocução que carregava todos os ingredientes da chantagem ou de quem esperava uma retribuição por dívida passada. Chantagem porque a Turquia tem dinheiro para investir em Moçambique; dívida de gratidão porque a Turquia ajudou na campanha presidencial de Filipe Nyusi.
(marcelo mosse)
O despacho da France Press captou melhor a frase que é súmula da presença de Erdogan em Maputo: a friend in need is a friend indeed. Erdogan resumiu assim para Nyusi o seu discurso, em turco. Na cara! A frase, traduzida para português, é qualquer coisa como “quem te ajuda quando você está realmente precisando é um verdadeiro amigo”.
Na cultura árabe esse é um provérbio a que se recorre quando se quer fazer uma cobrança. Mas no caso vertente, o que é que seria? Nossa investigação remete para a campanha eleitoral de Filipe Nyusi. Dinheiros turcos foram usados para pagar parte das despesas de transporte do candidato da Frelimo: 8 milhões de USD. Não foram propriamente fundos do bolso de Erdogan, mas Erdogan sabe que a contrapartida seria a oferta, por Moçambique, de um projecto de energia em Nacala, que depois não se concretizou. Ele quer que a promessa seja cumprida. A friend in need is a friend indeed.
Outros detalhes nao cabem neste registo.
Outros detalhes nao cabem neste registo.
E o resumo da vinda de Erdogan é mesmo este: uns acordos de praxe de intenções, que ficaram relegados para um plano menor no discurso do Presidente Turco, que preferiu ir por outro diapasão: querem ajuda? Então, cumpram o que quero. Típico de uma não-cooperacao.
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