Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
"Agoa" e iniciativas do género, dos EUA e de outros países, pouco ou nada ajudaram África. A perspectiva foi sempre alguma "caridade", e o grosso dos benefícios para os EUA. Qualquer leitura mostra isso, e só quem não quer ver, acredita nas "convenientes" proclamações vendidas como notícia.
Chegou Donald Trumpe convém que alimentemos muitas esperanças, para não acontecer o mesmo que se passou com Barack Obama.
O problema em países como Moçambique reside nele próprio e não na existência ou não de cooperação internacional privilegiando o desenvolvimento.
Quando o poder constitui plataforma para o enriquecimento dos governantes, toma-se a via errada como temos visto entre nós.
A derrapagem concreta e actual dos processos políticos assim como a asfixia financeira em que se vive são produtos directos de opções políticas do partido no poder, da sua liderança personificada na sua Comissão Política.
Quando se deliberou anular o AGP de Roma foi como semear a crise. Todo o alívio da dívida externa foi sendo paulatinamente ignorado e substituído por uma vigorosa campanha de enriquecimento dos que detinham e retinham o poder.
A origem das fraudes eleitorais sucessivas, pintadas como irregularidades sem relevância para os resultados finais, foi defendida por forças de defesa e segurança que obedeciam a comandos partidário.
Existe um paralelismo entre as eleições no Zimbabwe, Moçambique pelo papel desempenhado pelas missões de observação eleitoral da SADC e da União Africana. Thabo Mbeki falhou no Zimbabwe. SADC, União Africana e União Europeia falharam em Moçambique. Aqui, uma combinação interessante de antigos cooperantes, a rádio das Mil Colinas, uma televisão que de pública só tem o nome ajudaram tremendamente a garantir que resultados falseados fossem sendo aceites. Nenhum do apoio financeiro que se conseguir angariar trará diferenças de vulto enquanto a governação for vista como meio de enriquecer e não de servir.
A opulência de que se rodeiam os governantes logo que tomam posse é um insulto directo aos governados. Precisa deixar de ser permitido esbanjar em Mercedes Benz quando faltam anti-maláricos nos centros de saúde.
Mais do que vergonhoso, é caricato que um país como Moçambique atravesse necessidades alimentares e se diga que temos Ministério de Agricultura.
Agora que se inicia o ano lectivo de 2017, já há detidos em relação à compra e venda de exames numa universidade nacional. Os números anunciados oficialmente como o dos estudantes do ensino primário que estudarão no chão e sem tecto é simplesmente aterrador. Que se fez em mais de quarenta anos de Independência? Ninguém venha com desculpas de guerra civil ou calamidades naturais. Foram os Governos sucessivos desde Joaquim Chissano a Armando Guebuza que falharam na sua missão. E se estes senhores assim como os seus colaboradores foram para a reforma enriquecidos, há perguntas a serem feitas, mesmo que dificilmente nos venham a responder.
Governar melhor é possível e é necessário.
Há toda uma cultura de Governo elitista e distante que importa vencer. Isso faz-se com firmeza e num quadro legal que não facilite e promova a impunidade de prevaricadores. Os pequenos actos de corrupção que surgem em autarquias e que acabam anunciados na comunicação social são um bom indicativo de que é possível acusar e prender quem abusa das suas funções públicas. Também é possível atacar com sucesso procedimentos de ministros que ferem a lei, seja de probidade pública ou outra.
Combinar acções em várias frentes e ter a coragem de utilizar os meios existentes para promover os interesses nacionais é a obrigação dos políticos e governantes.
Queixamo-nos de carências e de dificuldades, mas os recursos para reverter o quadro existem. Mas, de forma deliberada, negoceiam-se esses recursos em benefício próprio sem que exista da parte do Estado vontade de travar a roubalheira galopante. Não há cultura de serviço público mas de brilhantismo verbal mediatizado. Pululam políticos e religiosos com as mãos sujas vendendo banha de cobra, mas toda uma sociedade mostra-se apática face a isso tudo.
Esporadicamente, há reclamações e marchas sobre isto ou aquilo, mas nada consequente. Um parlamento feito à medida da necessidade de proteger os poderosos tem sido a membrana por onde tudo o que seja nefasto à maioria passa.
Não tenham dúvidas de que a PGR é um "elefante branco" sem marfim.
Não serão os americanos que virão em nosso socorro. A "Exxon-Mobil" ou "Anadarko" tirarão proveito das nossas debilidades e da vontade de enriquecimento rápido dos negociadores dos nossos recursos petrolíferos e gás. Eles consideram que a sua diplomacia económica é assunto muito sério. A "Embraer" não pagou multas em Washington por causa da venda corrupta de aeronaves a Moçambique por acaso. Alguém denunciou, e autoridades americanas agiram em defesa das suas empresas.
Podemos ser um país pequeno e periférico, mas, enquanto governantes e governados não assumirem o seu destino comum e as respectivas responsabilidades, continuaremos lamentando-nos da má sorte.
Há muito trabalho pela frente para viabilizar Moçambique.
Cabe às lideranças partidárias liderar na busca das soluções mais exequíveis.
Tem de haver um "reset" cultural, moral, ético e político que nos faça renascer como nação.
Ano após ano, choramos das calamidades naturais, mas, quando temos oportunidade, não choramos da calamidade política que é a mãe de todas as outras. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 26.01.2017
A origem das fraudes eleitorais sucessivas, pintadas como irregularidades sem relevância para os resultados finais, foi defendida por forças de defesa e segurança que obedeciam a comandos partidário.
Existe um paralelismo entre as eleições no Zimbabwe, Moçambique pelo papel desempenhado pelas missões de observação eleitoral da SADC e da União Africana. Thabo Mbeki falhou no Zimbabwe. SADC, União Africana e União Europeia falharam em Moçambique. Aqui, uma combinação interessante de antigos cooperantes, a rádio das Mil Colinas, uma televisão que de pública só tem o nome ajudaram tremendamente a garantir que resultados falseados fossem sendo aceites. Nenhum do apoio financeiro que se conseguir angariar trará diferenças de vulto enquanto a governação for vista como meio de enriquecer e não de servir.
A opulência de que se rodeiam os governantes logo que tomam posse é um insulto directo aos governados. Precisa deixar de ser permitido esbanjar em Mercedes Benz quando faltam anti-maláricos nos centros de saúde.
Mais do que vergonhoso, é caricato que um país como Moçambique atravesse necessidades alimentares e se diga que temos Ministério de Agricultura.
Agora que se inicia o ano lectivo de 2017, já há detidos em relação à compra e venda de exames numa universidade nacional. Os números anunciados oficialmente como o dos estudantes do ensino primário que estudarão no chão e sem tecto é simplesmente aterrador. Que se fez em mais de quarenta anos de Independência? Ninguém venha com desculpas de guerra civil ou calamidades naturais. Foram os Governos sucessivos desde Joaquim Chissano a Armando Guebuza que falharam na sua missão. E se estes senhores assim como os seus colaboradores foram para a reforma enriquecidos, há perguntas a serem feitas, mesmo que dificilmente nos venham a responder.
Governar melhor é possível e é necessário.
Há toda uma cultura de Governo elitista e distante que importa vencer. Isso faz-se com firmeza e num quadro legal que não facilite e promova a impunidade de prevaricadores. Os pequenos actos de corrupção que surgem em autarquias e que acabam anunciados na comunicação social são um bom indicativo de que é possível acusar e prender quem abusa das suas funções públicas. Também é possível atacar com sucesso procedimentos de ministros que ferem a lei, seja de probidade pública ou outra.
Combinar acções em várias frentes e ter a coragem de utilizar os meios existentes para promover os interesses nacionais é a obrigação dos políticos e governantes.
Queixamo-nos de carências e de dificuldades, mas os recursos para reverter o quadro existem. Mas, de forma deliberada, negoceiam-se esses recursos em benefício próprio sem que exista da parte do Estado vontade de travar a roubalheira galopante. Não há cultura de serviço público mas de brilhantismo verbal mediatizado. Pululam políticos e religiosos com as mãos sujas vendendo banha de cobra, mas toda uma sociedade mostra-se apática face a isso tudo.
Esporadicamente, há reclamações e marchas sobre isto ou aquilo, mas nada consequente. Um parlamento feito à medida da necessidade de proteger os poderosos tem sido a membrana por onde tudo o que seja nefasto à maioria passa.
Não tenham dúvidas de que a PGR é um "elefante branco" sem marfim.
Não serão os americanos que virão em nosso socorro. A "Exxon-Mobil" ou "Anadarko" tirarão proveito das nossas debilidades e da vontade de enriquecimento rápido dos negociadores dos nossos recursos petrolíferos e gás. Eles consideram que a sua diplomacia económica é assunto muito sério. A "Embraer" não pagou multas em Washington por causa da venda corrupta de aeronaves a Moçambique por acaso. Alguém denunciou, e autoridades americanas agiram em defesa das suas empresas.
Podemos ser um país pequeno e periférico, mas, enquanto governantes e governados não assumirem o seu destino comum e as respectivas responsabilidades, continuaremos lamentando-nos da má sorte.
Há muito trabalho pela frente para viabilizar Moçambique.
Cabe às lideranças partidárias liderar na busca das soluções mais exequíveis.
Tem de haver um "reset" cultural, moral, ético e político que nos faça renascer como nação.
Ano após ano, choramos das calamidades naturais, mas, quando temos oportunidade, não choramos da calamidade política que é a mãe de todas as outras. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 26.01.2017
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