A SECA PENALIZA CONSUMIDORES DA ÁGUAS DE MAPUTO
A fornecedora pública de água canalizada à cidade de Maputo, capital de Moçambique, está restringindo o fornecimento do precioso líquido de alguns anos para cá. Primeiro foram cortadas as regas. Agricultores de vulto abastecidos a partir da Albufeira dos Libombos começaram a ver reduzidas as quotas de abastecimento de água em percentagens que foram crescendo até chegarem à redução total. Agora, a restrição já chega ao consumo doméstico e a partir desta semana e as torneiras vão jorrar em dias alternativos. Um dia para uma zona, e outro dia para outra zona. Note-se que este fornecimento domiciliar de água em dias alternativo será apenas por algumas horas pois mesmo com os apoios generosos da República Popular da China, a Cidade Capital de Moçambique nunca conseguiu chegar ao nível de fornecer água para as residências durante as vinte e quatro horas do dia. Enquanto a fornecedora Pública se aflige para satisfazer os seus clientes, os privados que operam com furos artesianos arregaçam mangas para aproveitar oportunidade de negócio, pois o Presidente da Associação já veio a terreiro apelar aos seus associados que procurem preencher a lacuna a ser deixada agora pelo concorrente que depende das chuvas que escasseiam a montante dos Libombos deixando a albufeira com falta de água. Toda esta crise agudiza o sentido de responsabilidade pela conservação e boa utilização do líquido precioso que assegura a vida na Terra juntamente com o Sol.
UMA TRÉGUA DECRETADA SEM VONTADE?
Passam duas semanas desde que as lideranças do Governo da FRELIMO e da RENAMO decretaram o prolongamento das tréguas militares em todo o país, depois de dois anos de conflito político-armado derivado da fraude eleitoral. Decorrido esse tempo, chegam-nos informações de que as forças governamentais no terreno continuam a reforçar a sua presença, além de estarem a promover acções de provocação. Existem relatos de que o terrorismo contra os membros e simpatizantes da RENAMO continua através de perseguições e raptos. Sem querermos negar que a trégua decretada está a ter impacto positivo, não deixariamos de lamentar a sua violação por parte das forças governamentais. Numa altura em que as populações já começaram a regressar para as suas zonas de origem e já estão a reiniciar as suas actividades diárias e o trânsito de mercadorias começa a funcionar normalmente, a própria trégua começa a ficar compromentida, com a ocorrência de perseguições e assassinatos de membros da RENAMO, protagonizada por pessoas bem identificadas. Contrariamente ao que foi estabelecido, as forças governamentais continuam a circular nas áreas próximas das posições dos militares da RENAMO, numa clara atitude de provocação, como o que nos foi relatado no distrito de Mussorize. Pensamos nós, que é necessário que os militares do Governo colaborem para que a trégua seja observada dentro do estabelecido entre o Presidente da RENAMO e o Presidente da República, de modo a garantirmos que Paz seja efectiva.
Tal como disse no presidente Afonso Dhlakama, atrégua deve servir para acelerar o processo negocial entre o Governo e a RENAMO e não para reforçar acções que possam conduzir o País para uma guerra. Para além da violação da trégua, olhamos com apreensão a atitude do Presidente da República que nos parece não estar interessado em aproveitar esta cessação temporária das hostilidades militares para acelerar as negociações num ambiente de harmonia e tranquilidade. Dai que temos estado a assistir o Presidente da República a não querer chamar novamente os mediadores internacionais para regressarem ao país a fim de permitir que a Comissão Mista retome o seu trabalho em sede das negociações. Preocupa-nos ainda saber, que o Grupo de Trabalho que Filipe Nyusi e a FRELIMO tanto insistiram que fosse constituido para tratar da matéria sobre a legislação referente a descentralização governativa, não tenha sido até agora constituido. A demora em consituir o “grupo de trabalho” e chamar os mediadores para recomeçar o dialogo, enquanto por outro lado a movimentação mais tropas para o de teatro de guerra e continuaçao do terror contra os membros e simpatizantes da RENAMO protagonizados pelos esquadrões da morte, mostram-nos que a FRELIMO e Filipe Nyusi, estão a querer aproveitar-se da trégua para se prepararem para mais uma empreitada belicista. De resto, enquanto nada acontece para confirmar aos moçambicanos de que estamos a caminhar para uma Paz efectiva, enquanto não houver manifestação de vontade, resta-nos questionar para quem serve a trégua?
BALANÇO DOS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS NO PAÍS
Segundo nossas fontes, ficamos a saber que há provocações em violação das tréguas declaradas no País:
Provincia de Tete Na Província de Tete, localidade Biribiri a força da guarda fronteira com o Malawi matou a tiro um membro da Renamo chamado Mácio Loide no dia 2 de Janeiro de 2017. Este acontecimento criou revolta e fúria nas populações locais. Ainda em Tete, no mesmo dia, os Delegados Distritais da RENAMO e as suas cúpulas nos distritos de Macanga, Chiuta e Chifunde refugiaram-se à cidade de Tete devido a perseguição dos antigos combatentes da FRELIMO que os ameaçam de rapto.
Provincia de Manica Em virtude das tréguas anunciadas, as populações que haviam se refugiadas no Zimbabwe tomaram iniciativa de regressar à Pátria Amada mas infelizmente sofreram uma emboscada das Forças da FIR (Forças de Intervensão Rápida) na zona fronteiriça de Mude. Tais forças estão estacionadas em Chipungabeira, sede distrital, na Província de Manica. Nessa investida, foram arrancados os bens das populações tais como alimentos e animais domésticos. Os que reclamaram foram espancados e ameaçados de morte.
No distrito de Barué posto administrativo de Honde as Forças da FIR alí estacionadas, deslocaram-se à zona de Mpanze perto da fronteira com o Zimbabwe onde vandalizaram a propriedade do Sr. Horácio Felisberto Camilo. Destruíram a moageira tendo levado consigo os componentes importantes daquela máquina para além de terem roubado dezassete cabritos, vinte mil meticais em dinheiro, uma bicicleta, uma motorizada, um aparelho gira-discos, dois aparelhos DVDs, um amplificador de som, um televisor, dois painés solares, duas baterias, cinquenta galinhas vivas, quatro perus, onze panelas de cozinha, oito mantas de cama, trinta e quatro pratos, duas malas grandes cheias de roupa e duas bacias. Ainda tentaram violar sexualmente a esposa do dono da propriedade, mas como esta mostrou a resistência, escapou. A sua salvação deveu-se à intervenção dos populares depois de muito grito.
No dia 5 de Janeiro, as mesmas forças deslocaram-se à zona de Mussize onde queimaram duas casas, espancaram brutalmente dois elementos da população. Perante este facto, os populares foram pedir socorro as Forças da RENAMO. E estes recusaram-se dizendo que não tinham autorização para o efeito, pois a trégua ainda está em vigor.
Provincia de Sofala Na Província de Sofala distrito de Gorongosa, Posto Administrativo de Vunduzi, registou-se distribuição de víveres liderada pelo Sr. Fernando, Chefe da Secretaria juntamente com os seus colegas dirigentes da FRELOMO de forma discriminatória. Os não pertencentes ao partido FRELIMO não tiveram direito. Os que tentaram reclamar foram reprimidos pela polícia. Na circunstância foram raptados quatro homens por suspeita de serem membros da RENAMO . Desconhece-se o seu paradeiro até hoje.
No dia 5 de Janeiro as Forças de Defesa e Segurança estacionadas na Escola de Tazaronda Posto Administrativo de Vunduzi atacaram casas das populações em redor daquele estabelecimento de ensino. Nessa incursão, foram à procura da esposa de um membro influente da RENAMO em casa da cunhada que habilmente tratou de desinforma-los porque os residentes suspeitaram que podia se tratar duma acção de sequestro. Não tendo localizado a pretendida, levaram cabritos e galinhas da mesma família e regressaram para sua posição na escola.
No dia 6 de Janeiro de 2017, no mesmo distrito de Gorongosa, cerca das onze horas, dois elementos da FIR saíram de Mutondo Posto Administrativo de Canda e foram ameaçar o líder tradicional local dizendo que estavam a fazer patrulha, a pouco menos de 2 km da posição da RENAMO. Quando as Forças da RENAMO tomaram conhecimento da ocorrência imediatamente pediram ao Presidente Dhlakama para também fazerem patrulha próximo da posição da FIR em Mutondo o que lhes foi recusado. Este acto deixou perplexas as populações locais e as Forças da RENAMO naquela zona.
Estes actos todos revelam que as Forças do governo não estão preparadas para garantir tranquilidade prevista pelos entendimentos dos dois dirigentes.
ÚLTIMA HORA
O Porta-voz da RENAMO, António Muchanga convocou no dia 13 de Janeiro de 2017, a imprensa para apelar a criação de uma Comissão de Inquérito com a missão de confirmar as violações das tréguas em vigor. Transcrevemos na íntegra o conteúdo da Conferência de Imprensa:
Para dissipar equívocos, melhor seria que o governo criasse uma Comissão de Inquérito. Nas províncias de Sofala, Manica e Tete acções que ameaçam a tranquilidade das populações pondo em causa as tréguas declaradas pelos presidentes Afonso Dhlakama da RENAMO e Filipe Jacinto Nyusi da FRELIMO e da República de Moçambique continuam em marcha. No dia 10 de Janeiro por exemplo 4 elementos das FDS saíram da escola de Tazaronda foram a casa do Senhor Tomás, um popular que tem uma banca de venda de produtos alimentares e bebidas alcoólicas acusaram-no de possuir armas de fogo e exigiram que lhas entregasse. Ao tentar responder foi agredido ele e a esposa para a seguir arrombarem a sua banca donde retiraram 9.000,00MT em dinheiro e vários produtos alimentares. Em Manica, distrito de Mussorize no dia 12 de Janeiro um grupo das FDS saiu da sua posição em Macuo localidade de Chitete no Posto Administrativo de Chiraurau e foi a uma zona próxima duma posição da RENAMO invadir as casas do senhor Mavoto e Djairoce donde se apoderaram de treze cabeças de gado bovino e levaram três senhoras. Em Tete mais de 18 mastros de bandeiras da RENAMO foram vandalizadas sobretudo no distrito de Angonia, vila Municipal de Ulóngue, nos postos administrativos de Domuê, nas zonas de Calomué, Chipanga, Biriwita, Chikudo, Buni, Cabango, Chabwalo, Mulenguene esses actos são protagonizados por pessoas bem identificadas formando grupos constituídos por militantes da Frelimo que até usam viaturas do Estado afectas aquele distrito. Esses actos tiveram seu cúmulo no dia 11 de Janeiro, quando cerca das 16 horas o 1ºsecretário da Frelimo Cláudio Hoda fazendo-se transportar de uma viatura com a matricula AEG 412 AP, na companhia de Amós Calembene- Chefe da Localidade de Mpandula e Manuel Bizilamu-1º secretário da FRELIMO na zona de Nkutu se deslocaram ao local onde a RENAMO tem içado a sua bandeira naquela zona de Nkutu, localidade de Mpandula posto administrativo de Dômue para retirar a mesma no local. E porque não encontraram a bandeira no mastro, dirigiram-se a residência do delegado da RENAMO naquele povoado de nome Deniasse Chiboa e obrigaram-lhe a entregar a bandeira do partido a eles porque caso contrário seria morto. Esta campanha tem lugar a partir do dia 8 de Janeiro e até ontem dia 12, 18 bandeiras foram levadas e os respectivos mastros vandalizados. E porque ao denunciarmos estes actos que devem ser corrigidos por quem é de direito, com a colaboração de todos, apercebemo-nos de que algumas correntes tentam menosprezar até tentam desmentir como foi o caso do Porta-voz do Comando Geral da Policia ao longo da semana, desafiamos o governo a criar uma comissão de inquérito, que deve incluir membros do governo, sociedade civil, partidos políticos e outras entidades interessadas na paz para se deslocar ao terreno de forma a ferir a realidade. Só assim é que poderemos demonstrar o nosso cometimento com a Paz que muitos de nós ansiamos. As simples deslocações dos governadores de Sofala para Vanduzi e de Manica para outras zonas com os mesmos problemas não vão trazer o sossego das populações enquanto não se cimentar o verdadeiro sentido de respeito ao compromisso dos dois altos dirigentes que declararam as tréguas militares, no País.
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