Vozes - @Hora da Verdade |
Escrito por Redação em 18 Janeiro 2017 |
O Ministério de Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) perde um grande homem, a Universidade Pedagógica ganha um dirigente mais pujante e a opinião pública vai contradizendo-se. (Nicaquela, In Jornal @Verdade No., 418 de 29 de Novembro, 2016). Foi assim como eu terminei mais um olhar sobre a educação moçambicana. Espero que não esteja a me empenhar no culto de personalidade. Aliás, estou a lutar incessantemente para aquilo que não deve morrer no homem, enquanto vivo (a esperança). Para tal, que não façam traduções deste texto e sim procurem compreender a minha compreensão ao redigi-lo. Cada esforço foi um fracasso; cada princípio de uma acção é o fim da outra; cada nova tomada de posse é uma cessação de outrem; cada novo dirigente é um novo rumo da organização; cada nova ideia é uma autêntica afronta ao pensamento anterior; cada retrospectiva pode ser vista como uma resistência a mudanças… E haverá problema nisso? Não sei. Mas sei que cada ser humano busca o que lhe importa e traduz ou interpreta, tal qual gostaria que fossem os aspectos positivos, atribuindo a si próprio como de seu alcance e os negativos endossando a fraqueza de outrem, este é o defeito dos outros. Nessa história de defeito dos outros, tenho uma enorme lista de experiências que contemplei, enquanto professor novo e não um novo professor. Em Moçambique, depois do 25 de Junho 1975, o centro de encontro dos provincianos para conquistar um título superior foi a cidade de Maputo e a Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Não há duvidas que as assimetrias regionais eram enormes no acesso ao Ensino Superior (ES). Como se agora esgotassem (?). Emergiu o Instituto Superior Pedagógico, a sede ficou aninhada na mesma cidade, o acesso dos provincianos era por quotas. Não sei se é verdade, mas se não iniciou, dinamizou. Foi no consulado de Carlos Machil que a actual UP viajou fisicamente para as províncias de forma definitiva e contínua. As escolas secundárias estavam expandindo milimetricamente, os memorandos de entendimento (?) ou decretos ministeriais desanuviaram a bicha de espera para acesso ao ES, muitos professores desesperados se formaram, cada um a sua maneira , os distritos começaram a popularizar o título de doutor, aquele que era associado aos médicos…. Mesmo assim, a procura desenfreada pela melhoria das condições de vida pelos professores antigos que gostariam de ter sido “MILIONÁRIOS”, aqueles que conheceram todos os “ÊNE’s” antes do “ENE-1” era enorme, eis que emergem por iniciativa da administração Machil, os chamados polos, uma espécie de mini-campus universitários em diversos distritos desta “antiga Pérola do Indico”. Com o dinamismo do ilustre Reitor José Utui, tais mini-campus passaram a campus. Aliás, a UP chegou em Manica, a Tete, a Montepuez e Nampula ganhou o Campus Universitário de Nacala-Porto. Hoje, em muitos distritos, há cada tipo de DOUCTORES, desde os que se acham super-homens, passando pelos que andam colados aos cadernos usados na faculdade, até os que copiam e colam textos do salvador GOOGLE…. A Santa Sê, através do seu resquício ESCOLÁSTICO, contribuiu nessa (in)procedência (des)procedente com o modelo de Educação aberta à distância. São suficientes? Eu não hesito em dizer nunca e jamais. Foi uma má ideia? Nunca para eternamente. A improdutividade e inércia sobre o debate construtivo e envolvimento (des)activo desses doutores nos “então Polos de Desenvolvimento” resulta desse acesso livre ou o modelo de formação? Pode ser demasiado falso. Mas há sempre o primeiro ponto por onde parte a recta. Ai sim, sem muito esforço, repúdio o acesso livre exclusivo para alguns e congratulo ao Ministro Reitor. Vale a pena continuar a ter esse acesso livre como antes? É extemporâneo. Estaria eu a pautar pelo “sadismo” ou “masoquismo” em torno disso? Que me achem os outros. Na verdade, como consta desse despacho que todos ou quase todos leitores e utentes das redes sociais tiveram acesso, nada de novo, o ministro-reitor apenas interpretou ou pediu explicação dos seus assessores jurídicos e afins o que está naquela mesma lei que muitos advogam voz ferozmente, que deve ser respeitada - a CONSTITUIÇÃO e a Lei do ES, que também nem foram as universidades a aprovar. O que me surpreende com tudo isso é a revolta e manifestação que teve lugar na cidade de Chimoio contra o primeiro grande despacho do ministro-reitor, enquanto Reitor da UP, por 2 razões que de seguida apresento: 1- A manifestação contra a decisão do ministro-reitor teve lugar fora da UP e promovida por estudantes que nem fazem parte da UP. Não só, no mínimo se fossem funcionários do Ministério de Educação ou do Ministério dos Combatentes, únicas (?) instituições que tinham acordos públicos e chancelados pela reitoria da UP. 2- A ser verdade, que o acordo entre o tal INJERENDJE e UP- Chimoio (?) ou de Moçambique (?) foi formal e pela excepção do caso onde está escrito naquele despacho que todos abrangidos, inclusive os que estavam frequentando algum curso e num ano qualquer, devem voltar a fazer exame de admissão? Gostariam de ver nos próximos anos o INJERENDJE a recrutar alunos da 12ª para depois recambiar às outras Universidades, como se estas não tivessem capacidade de recrutamento e selecção? Valha-me Deus... Lembro-me daquele meu texto sobre o país dos antónimos. Enquanto uns investem na busca de soluções para diferentes problemas da educação, há uns que pesquisam problemas para estagnar o processo e garantir a verborreia em torno do ensino. Enquanto uns investem em mudanças significativas, há quem está eternamente parado no tempo. Enquanto uns operam no mesmo sistema como retroescavadora (BULLDOZER), outros continuam a investir no modelo tradicional de CATERPILLAR com "pá niveladora" apenas. PS: O homem não muda o curso das coisas, ele muda o seu próprio curso e esse curso influencia as coisas. Mais uma oportunidade perdida em ser amigo do silêncio. Por Wilson Nicaquela Psicólogo Escolar e Mestrando em Educação em Ciências de Saúde na Universidade Lúrio (UniLúrio), Campus de Marrere, Nampula/Moçambique. |
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
SELO: O despacho do ministro-reitor: Um (des)entendido (des)necessário - Por Wilson Nicaquela
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