A líder parlamentar da Renamo, o principal partido da oposição em Moçambique, alertou hoje que a amizade com Portugal pode estragar-se se Lisboa ajudar apenas o partido no governo, o que teria "resultados imprevisíveis".
Em resposta escrita a perguntas da Lusa a propósito da sua visita a Portugal, que termina hoje, Ivone Soares disse querer deixar a mensagem de que Moçambique "precisa da ajuda de Portugal e dos portugueses", incluindo a dos portugueses em Moçambique e a dos moçambicanos em Portugal.
"As nossas relações entre povos e Estados estão demasiado entrelaçadas e desenvolvidas para as deixarmos de lado na solução dos problemas que temos", escreveu. No entanto, lembrou que a crise em Moçambique "é de conflito entre irmãos", a Frelimo, partido no poder há mais de 40 anos, e a Renamo, na oposição. Por isso, disse que Portugal pode ajudar, "Mas com cuidado, para não ser parcial".
"Quando se torna aparente que um 'amigo' vem socorrer um dos irmãos em detrimento do outro, a amizade estraga-se. Os resultados são imprevisíveis", alertou ainda a dirigente partidária.
Manifestando confiança de que "o Estado e os cidadãos portugueses de boa-fé" saberão ajudar a encontrar soluções para o conflito "com espírito aberto às razões de cada lado" Ivone Soares avisou: "Não é bom ouvirmos os nossos amigos perguntar-nos porque razão atacamos civis. Isso é sinal que estão contra nós".
"Os portugueses, em particular os políticos portugueses, devem tentar compreender mais profundamente as razões deste conflito e transmitir-nos as suas experiências e o seu saber para que os moçambicanos encontrem os caminhos da confiança mútua e da paz".
Em Lisboa, Ivone Soares reuniu-se com os líderes do CDS-PP, PS e PSD, de quem recebeu mensagens "de solidariedade e de muita sede de saber o que se passa em Moçambique, para além do que diz a comunicação social oficial"; interveio no Fórum sobre Justiça Económica, a convite da Casa de Moçambique; e foi recebida pela Embaixadora de Moçambique em Portugal, entre outros.
"Um dos objectivos desta visita é apresentar a visão da Renamo sobre a situação política, económica e social de Moçambique, num contexto de conflito a nível interno", disse.
Moçambique vive uma crise político-militar desde as eleições gerais de 2014, em que a Renamo se recusa a reconhecer a vitória da Frelimo, exigindo governar em seis províncias onde diz ter ganho.
Em curso desde o início de Agosto, a mediação internacional para o conflito no país tem em agenda a exigência de governação da Renamo, a cessação imediata dos confrontos, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo polícia e nos serviços de informações e o desarmamento do braço armado do maior partido da oposição e sua reintegração na vida civil.
A região centro do país tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
SAPO – 30.09.2016
"Os portugueses, em particular os políticos portugueses, devem tentar compreender mais profundamente as razões deste conflito e transmitir-nos as suas experiências e o seu saber para que os moçambicanos encontrem os caminhos da confiança mútua e da paz".
Em Lisboa, Ivone Soares reuniu-se com os líderes do CDS-PP, PS e PSD, de quem recebeu mensagens "de solidariedade e de muita sede de saber o que se passa em Moçambique, para além do que diz a comunicação social oficial"; interveio no Fórum sobre Justiça Económica, a convite da Casa de Moçambique; e foi recebida pela Embaixadora de Moçambique em Portugal, entre outros.
"Um dos objectivos desta visita é apresentar a visão da Renamo sobre a situação política, económica e social de Moçambique, num contexto de conflito a nível interno", disse.
Moçambique vive uma crise político-militar desde as eleições gerais de 2014, em que a Renamo se recusa a reconhecer a vitória da Frelimo, exigindo governar em seis províncias onde diz ter ganho.
Em curso desde o início de Agosto, a mediação internacional para o conflito no país tem em agenda a exigência de governação da Renamo, a cessação imediata dos confrontos, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo polícia e nos serviços de informações e o desarmamento do braço armado do maior partido da oposição e sua reintegração na vida civil.
A região centro do país tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
SAPO – 30.09.2016
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