FRELIMO IMPEDE "ENCONTRO SECRETO" ENTRE AFONSO DHLAKAMA E OS MEDIADORES INTERNACIONAIS NA GORONGOSA

- Vejam como tudo aconteceu
Todos ficámos surpresos quando ouvimos relatos de que os mediadores teriam ido a Gorongosa para se encontrarem "secretamente" com o líder da Renamo na região da Gorongosa. Dizemos "secretamente" porque ninguém sabia deste tal encontro e muitos não compreenderam como é que os mediadores foram parar à Gorongosa.
Unay Cambuma procurou inteirar-se sobre o assunto e conseguiu apurar todos os detalhes.
As nossas fontes, quer da Frelimo, quer da Renamo, confirmaram que de facto algo havia sido tratado entre os dirigentes máximos destes partidos (Frelimo e Renamo). Como se sabe, o Nyusi andava a insistir muito para encontrar - se com Afonso Dhlakama alegando que só assim seria possível haver entendimento mas o líder da Renamo, que tem experiências amargas do passado e conhece melhor que ninguém as manhas da Frelimo, não aceitou "o convite de morte" do presidente da Frelimo Filipe Nyusi.
Então, com a chegada dos mediadores, estes também se interessaram em ter um encontro com o líder da Renamo mas na altura Dhlakama explicara aos mediadores que não seria possível a deslocação deles de Maputo à Gorongosa. Mas porque Dhlakama quis mostrar boa fé, propôs que daria uma trégua na região da Gorongosa desde que a Frelimo retirasse as suas tropas ao redor da serra da Gorongosa e a Frelimo rejeitou está proposta e o assunto ficou sem efeito, ou seja, ficou parado.
Segundo apurámos, nas últimas semanas o Nyusi teria informado ao Mário Raffaelli que gostaria de falar com Dhlakama e o líder da Renamo respondeu positivamente e dispôs-se a conversar telefonicamente com o Nyusi e marco-se o dia. As nossas fontes confirmam que o Nyusi falou por telemóvel com Dhlakama e neste contacto telefónico o Nyusi propôs que delegaria "discretamente" dois mediadores para irem ter com ele (Dhlakama) na Gorongosa, tendo Dhlakama aceite esta ideia mas sugeriu que devia se preparar uma espécie de corredor até ao local onde haveria o encontro.

Dhlakama propôs também que a Frelimo retirasse seis posições dos seus militares ao longo da estrada ou vias de acesso que vão de Mucoza, Nhaulanga, "Mangueiras", Mazembe, Mapanga-panga e Siwa, todas situadas ao redor da serra da Gorongosa e a Frelimo mostrou muita resistência em aceitar estas condições e não quis retirar as suas tropas. Mas Dhlakama disse Ok, podem ficar as quatro posições mas as de Mapanga-panga e Siwa tinham que se retirar por se encontrarem muito próximas do local escolhido para o encontro e a Frelimo respondeu positivamente. Também combinaram que o resto das posições das forças da Frelimo naquela área deviam abster-se em fazer patrulhas, isto, deviam ficar nas suas posições para evitar choques com as forças da Renamo.
Mas o que aconteceu foi tudo ao contrário. As forças da Frelimo não foram retiradas das posições de Mapanga-panga e Siwa, pelo contrário, foram reforçadas com mais efectivos. Na última sexta-feira à tarde mandaram mais blindados para a posição de Mapanga-panga e transferiram efectivos de outras posições para reforçar as retromencionadas, sobretudo a de Mapanga-panga. Já no dia do encontro, que era sábado (22/10/2016), a Frelimo, sem vergonha, destaca um grupo das suas forças que saíram da sua posição em Mazembe e seguiram a direcção leste do rio Nhadugué, onde a Frelimo calculou que Dhlakama passaria por aí para o lugar do encontro. A sorte foi que uma pequena patrulha das forças da Renamo interceptou o grupo dos militares da Frelimo que preparavam uma emboscada contra o líder da Renamo e houve troca de tiros que puseram em fuga, com algumas baixas, as tropas da Frelimo.
No entanto, os tiros alertaram as perdizes de uma base próxima, que acorreram imediatamente ao local. Por sua vez, as forças da Frelimo julgaram que enfrentaram a segurança pessoal do líder da Renamo pelo que vieram mais reforços para o local com o objectivo de "cercar e capturar Dhlakama" numa altura em que várias perdizes já tinham convergido para a área e os reforços das forças da Frelimo foram trucidados e perseguidos as tiros até caírem no rio Nhadugué.
Vários cadáveres ficaram espalhados pelas matas e muitas armas e munições foram capturadas pelos militares da Renamo.
Depois desta escaramuça, os militares da Renamo comunicaram o facto ao seu comandante-em-chefe, Afonso Dhlakama e este de imediato ligou para o Mario Raffaelli para não continuar com a sua missão porque a situação no terreno não era boa. Isto acontece quando o Mário Raffaelli e o seu colega Jonathan já estavam na vila da Gorongosa, para onde se deslocaram de carro para o encontro com o líder da Renamo. Uma fonte de máxima confiança ligada à Frelimo (um dirigente do topo da Frelimo) e cuja identidade omitimos por questões de segurança, confidenciou-nos que a Frelimo continua ainda seriamente empenhada em eliminar Dhlakama e isto é a sua prioridade máxima neste momento. A fonte disse ainda que a Frelimo pensa que imediatamente depois de matar Dhlakama, vai corromper os dirigentes e quadro mais sonantes da Renamo e em pouco tempo este partido desaparecerá.
Ainda de acordo com a mesma fonte, o plano da Frelimo era o seguinte: Haveria o encontro entre Dhlakama e os mediadores internacionais mas logo depois, quando os mediadores entrassem nas suas viaturas e saírem do local, as forças da Frelimo cercariam imediatamente o local do encontro para capturar ou matar o líder da Renamo. A nossa fonte garantiu-nos que o plano da Frelimo não era matar Dhlakama e os mediadores internacionais porque isto traria um grande problema para o Nyusi por ter sido ele a pedir que os mediadores fossem a Gorongosa ter com Dhlakama e os mediadores haviam informado isso aos seus países. O Nyusi apenas quis usar os mediadores internacionais como isco para matar o seu grande inimigo que está a empatar o poder absoluto da sua tribo maconde.
Vejam até onde chegou a malvadez e ousadia da frelimo!
Os mediadores foram a Gorongosa de muito boa fé e não sabiam destas manobras todas da Frelimo, estavam seguros que se encontrariam com Dhlakama para colher mais subsídios que tornariam célere o processo negocial em curso em Maputo. Mas depois deste acontecimento, os mediadores internacionais estão com receio de serem acusados pela sociedade moçambicana de terem agido em conluio com o Nyusi para assassinar o presidente da Renamo. Até porque os dois mediadores (Raffaelli e Jonathan) têm razão para assim pensarem porque são os mesmos que insistiram muito com Dhlakama para que este se encontrasse secretamente com eles e Dhlakama sempre recusava este tipo de encontro alegando falta de segurança.
Mas porque Dhlakama quis demonstrar boa fé, acabou por aceitar a ida dos mediadores à Gorongosa porque se não aceitasse, estes informariam aos seus países que o líder da Renamo não quer os receber para facilitar o diálogo e os europeus culpariam Dhlakama pela demora da paz em Moçambique mas como Dhlakama também pensa como um diplomata, acabou anuindo, mesmo com muitos riscos. Desta forma, a Renamo e o seu líder somaram mais pontos e agora a comunidade internacional já não tem dúvidas sobre quem é o "lobo mau" em Moçambique.
Agora vamos esperar pela próxima cartada de Dhlakama, já que ficou mais do que claro que a Frelimo não quer nada com a Renamo, a Frelimo não quer negociar. Se o objectivo da Renamo era de ganhar razão internacionalmente e assim conseguir 'casus beli', este objectivo já foi conseguido e caso não se tomem medidas urgentes, este país transformar-se-á em Somalia, em que haverá muitos "chefes de guerra", cada um defendendo a sua região contra a tirania da Frelimo.
Unay Cambuma
NOTA DE ÚLTIMA HORA
Depois do massacre de Carico (Sabe-Morrumbala) que relatamos neste espaço, ontem foi a vez de Mangomonhe (Muxungue-Chibabava). Mais de 60 mortos e várias armas e munições capturadas. Os militares da Frelimo faziam se transportar em três camionetas escoltadas por um blindado. Em três combates, os atacantes foram totalmente desbaratados, abandonando os cadáveres no terreno.
A vista dos factos, as últimas "tranches" de mancebos recentemente treinados e lançados à luta para assustar a Renamo nas negociações, já devem ter esgotado...
In https://www.facebook.com/unai.kambuma.matsangaisse/posts/354461328236006
NOTA:
Porque será que os “media” nada dizem? Aliás, que se passa com a Comissão Mista?
Fernando Gil