Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Uma crise que já personifica falhanço de um Estado por mais formalismo e protocolo que se queiram apresentar e exibir.
Que dizer de um Governo que deixa as coisas acontecerem e não traz respostas convincentes quando as leis os direitos cidadãos são violados?
É aterrador o que alguns procuram apresentar como explicações e respostas à crise que se vive no país.
Um passado repleto de sangue de vítimas da intolerância política e da exclusão não pode ser explicado com aquelas conhecidas teses do passado em que tudo era explicado como resultados da luta entre uma linha correcta revolucionária e uma outra contra-revolucionária.
O país real é uma manta de retalhos de clientelismo e enriquecimento ilícito alicerçados ou suportados por proximidade aos centros do poder.
Enterrados são os dias em que uma suposta ideologia purista comandava as acções do Governo e os moçambicanos aceitavam consentir sacrifícios sempre que solicitados.
Admite-se e aceita-se que as sociedades são dinâmicas e que crenças são adquiridas e abandonadas.
Mas a degradação moral e política em Moçambique são fenómenos que exigem reflexão e, olhando ao que se faz e como vive na economia e nas finanças públicas e privadas, já há razões para que oficialmente se trabalhe no sentido de alguém vir a público pedir desculpas pelos assassinatos políticos do passado e do presente.
A nobreza e hombridade, humildade e humanidade das pessoas avaliam-se pela sua capacidade de aceitar erros.
Os nossos libertadores, assim como foram capazes de instituir uma comissão para decidir sobre a heroicidade deste ou daquele, devem dar o impulso inicial para que se institua de maneira oficial uma comissão que elabore os termos de um perdão em relação aos compatriotas que foram fisicamente eliminados por razões políticas.
A reconciliação e o perdão, sua outra face, fazem-se com actos corajosos.
Não estaríamos assistindo a assassinatos políticos nos dias de hoje se tivéssemos tomado a via da reconciliação efectiva e não verbal.
Há uma recusa inexplicável de compartilhar Moçambique que só pode ser explicada porque alguns compatriotas se supõem donos em exclusivo do país, o que obviamente não é aceitável e jamais foi aceitável para a maioria dos moçambicanos. Se se procurar pelas causas de crises, conflitos e violência, encontrar-se-á uma veia de ou filão de ressentimentos com génese no poder e no que o poder pode oferecer.
Tudo se complicou entre nós quando uns se julgaram “cavaleiros” que podiam “cavalgar” todo um povo por força de prerrogativas auto-conferidas.
Agora que as coisas estão a correr mal, os antigos conselheiros viram-se contra camaradas numa jogada de acusações que não resistem a análise.
Querem ficar para a história como os “meninos bonitos” de sempre.
Gordos e endinheirados por obra das privatizações ao “estilo moscovita”, espalham o seu perfume através de microfones para plateias “organizadas e disciplinadas”, como se fossem imaculados.
Cultores refinados do verbo, não arredam pé de se pronunciarem sempre que a oportunidade surge, e parece que não hesitam em “comprar” tais oportunidades para “aparecerem”.
As suas “doutas” declarações são um tanto ou quanto tardias e irrelevantes, pois estiveram, desde o primeiro dia, na génese do actual estado de coisas.
Se houve irregularidades eleitorais graves e repetidas, eles estavam lá e pouco ou nada fizeram ou disseram.
A coragem de alguns é apreciada e de louvar, ao virem a público reconhecer que se cometeram erros como o de não se conseguir reconciliar os cidadãos após o AGP.
O destino dos moçambicanos pertence-lhes e não se pode exigir que só uns cedam e aceitem o que os outros sempre estiveram a impor.
Se da nossa alta academia e elite política “só nos saem duques”, têm de ser os cidadãos em geral a contrariar os apetites inescrupulosos dos vampiros e defender a democracia política e económica neste país que lhes pertence.
Aqui, deve ficar claro que a impunidade com que se utilizam as armas para resolver problemas meramente políticos tem origens próprias, que não se esconderão para sempre.
Na América Latina, durou décadas para que os “estudantes” da Escola das Américas fossem chamados à responsabilidade pelos excessos e abusos aos direitos dos seus concidadãos.
Não queremos um julgamento como o de Nuremberga para ninguém, mas também nos recusamos a continuarmos a engolir a sopa indigesta que a comunicação social servil espalha pelo país todos os dias. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 13.10.2016
A nobreza e hombridade, humildade e humanidade das pessoas avaliam-se pela sua capacidade de aceitar erros.
Os nossos libertadores, assim como foram capazes de instituir uma comissão para decidir sobre a heroicidade deste ou daquele, devem dar o impulso inicial para que se institua de maneira oficial uma comissão que elabore os termos de um perdão em relação aos compatriotas que foram fisicamente eliminados por razões políticas.
A reconciliação e o perdão, sua outra face, fazem-se com actos corajosos.
Não estaríamos assistindo a assassinatos políticos nos dias de hoje se tivéssemos tomado a via da reconciliação efectiva e não verbal.
Há uma recusa inexplicável de compartilhar Moçambique que só pode ser explicada porque alguns compatriotas se supõem donos em exclusivo do país, o que obviamente não é aceitável e jamais foi aceitável para a maioria dos moçambicanos. Se se procurar pelas causas de crises, conflitos e violência, encontrar-se-á uma veia de ou filão de ressentimentos com génese no poder e no que o poder pode oferecer.
Tudo se complicou entre nós quando uns se julgaram “cavaleiros” que podiam “cavalgar” todo um povo por força de prerrogativas auto-conferidas.
Agora que as coisas estão a correr mal, os antigos conselheiros viram-se contra camaradas numa jogada de acusações que não resistem a análise.
Querem ficar para a história como os “meninos bonitos” de sempre.
Gordos e endinheirados por obra das privatizações ao “estilo moscovita”, espalham o seu perfume através de microfones para plateias “organizadas e disciplinadas”, como se fossem imaculados.
Cultores refinados do verbo, não arredam pé de se pronunciarem sempre que a oportunidade surge, e parece que não hesitam em “comprar” tais oportunidades para “aparecerem”.
As suas “doutas” declarações são um tanto ou quanto tardias e irrelevantes, pois estiveram, desde o primeiro dia, na génese do actual estado de coisas.
Se houve irregularidades eleitorais graves e repetidas, eles estavam lá e pouco ou nada fizeram ou disseram.
A coragem de alguns é apreciada e de louvar, ao virem a público reconhecer que se cometeram erros como o de não se conseguir reconciliar os cidadãos após o AGP.
O destino dos moçambicanos pertence-lhes e não se pode exigir que só uns cedam e aceitem o que os outros sempre estiveram a impor.
Se da nossa alta academia e elite política “só nos saem duques”, têm de ser os cidadãos em geral a contrariar os apetites inescrupulosos dos vampiros e defender a democracia política e económica neste país que lhes pertence.
Aqui, deve ficar claro que a impunidade com que se utilizam as armas para resolver problemas meramente políticos tem origens próprias, que não se esconderão para sempre.
Na América Latina, durou décadas para que os “estudantes” da Escola das Américas fossem chamados à responsabilidade pelos excessos e abusos aos direitos dos seus concidadãos.
Não queremos um julgamento como o de Nuremberga para ninguém, mas também nos recusamos a continuarmos a engolir a sopa indigesta que a comunicação social servil espalha pelo país todos os dias. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 13.10.2016
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