OS avanços registados no estabelecimento do Ensino Superior em Moçambique não estão a ser acompanhados pela disponibilização de docentes suficientes para responder as necessidades do mercado.
O facto resulta na disputa dos mesmos por parte das universidades que não páram de surgir, segundo o reitor da Universidade São Tomás de Moçambique (USTM), Joseph Wamala. Ele, que falava na esteira dos 10 anos de implantação deste estabelecimento de ensino, referiu que, com a abertura ao Ensino Superior privado, em pouco tempo nasceram muitas instituições no país, mas nota-se a fraca formação de docentes, o que chega a comprometer a qualidade de ensino.
Na sua opinião, o docente não pode dar aulas em três ou mais universidades e ainda ter tempo de investigar e preparar as lições. Isso concorre para repetições por se tratar de um exercício humanamente impossível, abrindo espaço para o défice no crescimento do Ensino Superior.
Wamala disse que o mais importante é cada um ter a responsabilidade de criar condições patrimoniais e humanas para o funcionamento da sua instituição.
“Muitas vezes cria-se cursos onde os estudantes se inscrevem, mas a universidade não tem docentes porque os mesmos estão tomados noutras instituições. Por isso, este é um desafio que precisa do esforço de todos. É preciso ter em consideração que o Ensino Superior em Moçambique não tem muitos anos de existência e muito ainda deve ser feito”, disse o reitor da USTM.
Sustenta que a história do Ensino Superior em Moçambique, na sua componente de expansão, começou a ser notável nos últimos 20 anos, mas, em pouco tempo, surgiram cerca de 50 instituições e que a tendência deve ser acompanhada de recursos humanos.
Questionado sobre as prioridades de desenvolvimento de Moçambique na componente formação, Wamala defende que neste momento o país precisa de se fortificar no Ensino Básico e no Ensino Técnico-Profissional, depois seria o Ensino Superior.
“Os que chegam ao Ensino Superior são uma minoria em termos de número, mas se conseguirmos garantir o Ensino Básico podemos assegurar as noções de leitura, escrita e fala. No Ensino Técnico-Profissional o aluno aprende a saber fazer. Infelizmente, o crescimento desse ensino não é satisfatório e pelo contrário o Ensino Superior cresceu muito, mas está claro que não podemos desenvolver o país sem técnicos. O Ensino Superior é bom, mas talvez não seja prioritário em relação aos ensinos Básico e Técnico-Profissional neste momento”, defende o reitor da USTM.
Sobre as razões desta tendência, o académico considera que de uma altura para cá as pessoas incutiram a ideia de que só precisam de ser doutores de alguma coisa, o que resulta em muitas pessoas graduadas sem saber fazer nada, não aconteceria se abraçassem o Ensino Técnico-Profissional.
INTEGRAÇÃO E INTERCÂMBIO
A USTM faz parte do Conselho Internacional das Universidades de São Tomás, com 32 instituições que partilham a orientação formativa tomista na sua visão teológica e filosófica, duas correntes que sempre andavam em conflito.
Tomás de Aquino defendia que estas duas correntes, a teologia, que olha para o Homem na sua dimensão espiritual, e a filosofia, que estuda a parte material, são duas realidades que se complementam porque a fé e a razão não se contradizem, mas são interdependentes.
No intercâmbio com outras instituições, a USTM tem recebido docentes para cursos de pós-graduação e, recentemente, assinou um memorando com uma universidade chinesa para troca de docentes e estudantes.
“Estamos a pensar seriamente em parcerias internas, porque muitas vezes nos servimos de docentes de outras instituições por iniciativa individual sem nenhum acordo. Há bem pouco tempo beneficiámos de docentes provenientes da África do Sul, mas nunca tivemos uma parceria formal. O país ainda precisa de apoios e com a globalização é possível tirar proveito dos conhecimentos de outros círculos académicos mais avançados”, disse a terminar.
ISAIAS MUTHIMBA
EY: É muito caricato este facto de falta de docentes no ensino superior ou técnicos superiores nas instituições públicas. Tudo por causa de corrupção. A UP conhecida como formadora de professores para todos níveis todos anos gradua entre licenciados e Mestres, mas muitos deles ficam ai a jogar latas ou a fazer trabalho que não é a sua profissão, só porque não tem dinheiro para pagar a equipe de selecção dos novos professores a serem contractados ou porque não tem "apelido" conhecido. Este é p principal problema. Moçambique precisa jogar a Frelimo na lata de lixo e assim implementar uma política verdadeiramente democrática e capaz de lutar contra esses males que a corrupção produz.
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