PELO menos 4.600 alunos de diversos níveis do Sistema Nacional de Educação (SNE), na província de Sofala, foram directamente afectados este ano lectivo pela tensão militar que, desde Fevereiro último, se vive neste ponto do país.
O director provincial de Educação e Desenvolvimento Humano, Manuel Chicamisse, que revelou o facto na cidade da Beira por ocasião do 12 de Outubro, Dia do Professor, disse que na sequência deste cenário 18 escolas, a maioria das quais do ensino primário, foram encerradas.
Trata-se, segundo afirmou, de escolas localizadas nos distritos de Gorongosa, Marínguè, Caia, Machanga, Chibabava e Muanza, facto que obrigou o deslocamento de mais de 100 professores.
Chicamisse indicou que a situação mais grave se registou no distrito de Gorongosa, onde foram afectados cerca de três mil alunos.
Referiu que em Nhamatanda, mais concretamente na localidade de Nhampoca, o ambiente está relativamente sob controlo, depois do pânico que se gerou naquela povoação em Setembro último, com o assassinato do então chefe do posto administrativo de Tica, Abílio Jorge, e do régulo José Joaquim, por homens armados da Renamo.
Segundo apurámos da fonte, todos os alunos e professores directamente assolados pela tensão militar na província de Sofala foram reorientados para outros estabelecimentos de ensino localizados nas áreas consideradas relativamente seguras. Entretanto, não poderão realizar os exames especiais deste ano.
O Secretário Permanente de Sofala, Juvêncio Mucatare, que falou em representação da governadora Helena Taipo, afirmou que os ataques protagonizados por homens armados da Renamo dificultam o fluxo das trocas comerciais, afectando a economia local e a nacional, em geral.
Por seu turno, o Secretário Provincial da ONP-SNP, José Saraiva, apelou ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para parar com os ataques que, segundo afirmou, impedem a livre circulação de pessoas e bens.
A província de Sofala conta com 14 mil professores que, entretanto, enfrentam outros problemas relacionados com o atraso nas nomeações, mudança e progressão na carreira, o não pagamento de horas extras e a falta de habitações condignas.
Na ocasião, Saraiva considerou que a morosidade na realização destes actos administrativos resulta de má-fé de alguns funcionários de instituições do Estado, que devolvem à procedência os processos de nomeação e de mudança de categoria, sem a respectiva explicação e muitas vezes sem justificação.
A acusação foi, no entanto, refutada pelo director de Educação e Desenvolvimento Humano em Sofala, que pediu à inspecção provincial do sector para trabalhar com os gestores das escolas e respectivas direcções distritais para resolver tais inquietações o mais rapidamente possível.
HORÁCIO JOÃO
Sem comentários:
Enviar um comentário