O Banco de Moçambique (BM) aumentou hoje em seis pontos percentuais as taxas de juro de referência, para 23,25% nos créditos e 15,5% nos depósitos, para corrigir uma "anomalia do sistema" e torná-las positivas em termos reais.
"Com estas decisões, o BM pretende alinhar as taxas de juro de referência às condições atuais de mercado, tornando-as positivas em termos reais e retirar o excesso de liquidez no sistema bancário", avançou em conferência de imprensa, em Maputo, o governador do banco central, justificando as medidas tomadas hoje na reunião do Comité de Política Monetária da instituição.
Rogério Zandamela, no cargo desde setembro em substituição de Ernesto Gove, explicou que, no final do ano passado, a inflação passou a fixar-se acima dos valores de referência do BM, resultando em taxas reais negativas, "o que é uma anomalia do sistema, com implicações sérias na interligação financeira".
Por outro lado, o sistema bancário apresenta "um excesso de liquidez, distribuído de forma desigual entre os bancos", referiu, como outra das causas da intervenção do Comité de Política Monetária, que se juntam à fraca disponibilidade de divisas no mercado.
"Claramente haverá um impacto nos bancos comerciais", admitiu Zandamela, acrescentando que esse é também o objetivo para que se mudem comportamentos e que faz parte das competências do BM "ajudar a controlar alguns elementos especulativos" que influenciam a inflação e os câmbios.
As novas taxas de juro têm efeitos imediatos. A partir de 22 de novembro, os coeficientes de reservas obrigatórias, quer em moeda estrangeira quer nacional, também são atualizados, para 15,5%, anunciou o governador do BM.
Zandamela adiantou que a banca passa igualmente a ver limitado o acesso para um máximo de duas vezes por semana, ao financiamento por sua iniciativa, através do recurso à janela de FPC (Facilidade Permanente de Cedência) e terá de comunicar ao banco central três vezes por dia as suas taxas de câmbio, uma medida que visa corrigir a atual "falta de transparência" nas transações com o público.
Outra decisão saída da reunião de hoje do Comité de Política Monetária é assegurar o cumprimento da meta revista para dezembro deste ano da base monetária de 103.249 milhões de meticais (1,2 mil milhões de euros ao câmbio atual).
Na sua apresentação à imprensa, o governador do banco central referiu que Moçambique tem-se ressentido do "fraco desempenho" da economia mundial e dos países da África Austral, em particular da vizinha África do Sul, principal potência da região.
Entre os fatores domésticos, Zandamela apontou a desaceleração do crescimento e do clima económico, associados à depreciação do metical, à redução da produção interna, além do agravamento dos preços de bens na África do Sul, que por sua vez justificam o aumento contínuo da inflação em Moçambique.
Zandamela apontou ainda o impacto negativo na economia das calamidades naturais, a prevalência da crise político-militar entre as forças do Governo e da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), além da suspensão da ajuda externa dos doadores, em resultado das dívidas escondidas, e a volatilidade dos preços das mercadorias, com impacto na balança de pagamentos.
Nas declarações aos jornalistas, o governador do banco central disse não ter "intenções restritivas" mas admitiu que pretende fazer com que a instituição jogue o seu "papel sinalizador" de política monetária.
"Não temos opção. Era o mínimo que poderíamos fazer na realidade atual para podermos desempenhar esse papel e restabelecer e restaurar um papel que um banco central tem de ter", declarou.
Rogério Zandamela referiu ainda que o BM tem consciência de que esta intervenção "não é suficiente", acrescentando que a instituição atuou nos fatores que controla, esperando agora que outras medidas ajudam o país, como o reatamento da ajuda externa e do investimento estrangeiro.
HB // PJA
Lusa – 21.10.2016
"Claramente haverá um impacto nos bancos comerciais", admitiu Zandamela, acrescentando que esse é também o objetivo para que se mudem comportamentos e que faz parte das competências do BM "ajudar a controlar alguns elementos especulativos" que influenciam a inflação e os câmbios.
As novas taxas de juro têm efeitos imediatos. A partir de 22 de novembro, os coeficientes de reservas obrigatórias, quer em moeda estrangeira quer nacional, também são atualizados, para 15,5%, anunciou o governador do BM.
Zandamela adiantou que a banca passa igualmente a ver limitado o acesso para um máximo de duas vezes por semana, ao financiamento por sua iniciativa, através do recurso à janela de FPC (Facilidade Permanente de Cedência) e terá de comunicar ao banco central três vezes por dia as suas taxas de câmbio, uma medida que visa corrigir a atual "falta de transparência" nas transações com o público.
Outra decisão saída da reunião de hoje do Comité de Política Monetária é assegurar o cumprimento da meta revista para dezembro deste ano da base monetária de 103.249 milhões de meticais (1,2 mil milhões de euros ao câmbio atual).
Na sua apresentação à imprensa, o governador do banco central referiu que Moçambique tem-se ressentido do "fraco desempenho" da economia mundial e dos países da África Austral, em particular da vizinha África do Sul, principal potência da região.
Entre os fatores domésticos, Zandamela apontou a desaceleração do crescimento e do clima económico, associados à depreciação do metical, à redução da produção interna, além do agravamento dos preços de bens na África do Sul, que por sua vez justificam o aumento contínuo da inflação em Moçambique.
Zandamela apontou ainda o impacto negativo na economia das calamidades naturais, a prevalência da crise político-militar entre as forças do Governo e da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), além da suspensão da ajuda externa dos doadores, em resultado das dívidas escondidas, e a volatilidade dos preços das mercadorias, com impacto na balança de pagamentos.
Nas declarações aos jornalistas, o governador do banco central disse não ter "intenções restritivas" mas admitiu que pretende fazer com que a instituição jogue o seu "papel sinalizador" de política monetária.
"Não temos opção. Era o mínimo que poderíamos fazer na realidade atual para podermos desempenhar esse papel e restabelecer e restaurar um papel que um banco central tem de ter", declarou.
Rogério Zandamela referiu ainda que o BM tem consciência de que esta intervenção "não é suficiente", acrescentando que a instituição atuou nos fatores que controla, esperando agora que outras medidas ajudam o país, como o reatamento da ajuda externa e do investimento estrangeiro.
HB // PJA
Lusa – 21.10.2016
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