Uma pessoa morreu e outra ficou ferida num novo ataque de homens armados, no distrito de Báruè, centro de Moçambique, numa zona próxima do local onde o Presidente moçambicano cumpriu hoje uma visita, disseram testemunhas à agência Lusa.
A equipa de jornalistas, que cobre a visita presidencial à província de Manica, testemunhou, perto das 18:00 locais, na sede do distrito Vanduzi, o transporte de um corpo tapado com um pano branco e uma outra pessoa ferida, numa viatura de caixa aberta dos serviços de saúde, proveniente da zona do ataque.
"A coluna que fazia o sentido Catandica-Vanduzi foi atacada no fim do dia, e há feridos num chapa [carrinha de transporte de passageiros]", disse à Lusa um transportador, que estava integrado na coluna de viaturas, num troço sujeito, desde Junho, a escoltas militares obrigatórias.
A estrada N7, ligando as províncias de Manica e Tete, tem sido alvo de emboscadas frequentes, que as autoridades atribuem a homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Na sexta-feira, dois carros que transportavam um grupo de jornalistas, destacados para cobrir a visita do Presidente moçambicano à província de Manica, foram atingidos a tiro, numa zona próxima do ataque de hoje.
O ataque não provocou feridos e o Presidente da República, Filipe Nyusi, não circulava naquela coluna, tendo viajado mais cedo por meio aéreo para o distrito de Mossurize, onde hoje era esperado para o início da sua visita de três dias à província de Manica.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, realizou hoje uma visita ao distrito de Vanduzi, de onde partem as colunas de viaturas de escolta obrigatória no troço da N7, e lamentou, durante um comício popular, os transtornos que a instabilidade militar tem causado.
"O Governo faz as colunas para proteger a população", disse Filipe Nyusi durante o comício, observando que "a confusão só está a atrasar a vida".
Antes de Vanduzi, Nyusi realizou hoje pela manhã uma visita à sede distrital de Macossa, onde, em Abril, foi revelada a existência de dezenas de corpos abandonados no mato, e que fica a poucos quilómetros da serra da Gorongosa, onde se supõe que esteja refugiado o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
A região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de ataques nas últimas semanas, em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da mineira brasileira Vale.
Na madrugada de sexta-feira, as autoridades revelaram um ataque de homens armados da Renamo, na vila sede do distrito de Morrumbala, na Zambézia, centro de Moçambique, que se seguiu a outras investidas denunciadas em Mopeia, na mesma província, e também a localidades em Niassa, no norte do país.
Apesar da frequência de casos de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, com a presença de mediadores internacionais, mas ainda não são conhecidos avanços.
Lusa – 14.08.2016
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