Economistas estão divididos quanto a uma reconciliação entre FMI e Maputo. O facto do país ser membro do FMI sustenta o otimismo de uns, para outros a ausência de uma investigação séria pode afastar ainda mais as partes.
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O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, visita os Estados Unidos da América em meados de setembro. Também nesse período, entre setembro e outubro, está prevista a visita de uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) no contexto das dívidas ocultas avaliadas em 1,4 biliões de dólares feitas também por empresas estatais com o aval do Estado. As visitas são consideradas como uma espécie de reaproximação entre Maputo e a instituição de Bretton Woods.
O economista moçambicano José Chichava é um dos apologistas desta visão: "É preciso partirmos do principio que Moçambique é membro do FMI e como tal não seria sensato, mesmo por parte do Fundo, não se aproximar de um membro quando este tem problemas, para ajudar a resolver o problema."
O espaço para o diálogo também é valorizado por um outro economista moçambicano. Orlando da Conceição considera positivo o facto de se estarem a explorar todos os canais para que as dívidas ocultas sejam esclarecidas e melhor geridas. Governo tem de mudar de postura
Este economista não está tão otimista em relação a forma como o Governo moçambicano está a lidar com o caso. Segundo ele, "enquanto o país não assumir esta situação com a devida seriedade, aceitar que se faça uma auditoria forense com peritos internacionais, enquanto não assumirmos a responsabilidade sobre o que aconteceu eu não vejo grandes resultados."
E Orlando da Conceição espera mais do Governo: "Será mais uma visita, vai-se trabalhar a nível técnico, mas é preciso que haja este compromisso. As autoridades moçambicanas têm de dar a mão a palmatória, assumir que houve uma atuação ilegal e tomar medidas."
De lembrar que em junho último, o FMI pediu que uma auditoria internacional fosse feita ao caso. O Presidente Filipe Nyusi, entretanto, defendeu, primeiro, que uma averiguação fosse feita ao nível interno por parte da Procuradoria Geral da República e pelo Parlamento, que até já criou uma comissão, embora não consensual.
Será que o FMI voltará ao país sem que sejam conhecidos os resultados das averiguações? Orlando da Conceição opina: "Não acredito que haja por parte do FMI uma atitude para além disso, de assumir outro compromisso, portanto, de continuar a dar os seus apoios. Isso [investigações] é uma condição sine qua non para eles poderem avançar. Eu tenho muitas dúvidas que este trabalho que a Procuradoria está a fazer surta alguns efeitos. Não vou falar do Parlamento porque aquilo é verdadeiramente fazer-nos perder tempo, não há o mínimo de respeito para com os eleitores. As pessoas que estão no Parlamento não estão a assumir este assunto com a devida seriedade, portanto, não vejo aqui uma luz no fundo do túnel."
Luz no fundo do túnel? Sim!
Opinião contrária tem José Chichava, este economista está mais otimista: "Eu acho que vamos encontrar uma saída, penso que o país voltará de novo a por o comboio nos carris e o Fundo Monetário Internacional voltará ao ambiente que teve sempre com Moçambique.
Enquanto isso, as agências de notação financeira internacional têm estado a baixar os ratings de Moçambique. A confiança junto das agências financeiras está abalada, e as agências de notação financeira alertam para um incumprimento com os credores. De lembrar que já a MAM, uma das empresas que se beneficiou dos empréstimos pouco claros, não conseguiu pagar a primeira "tranche". Houve também o caso da EMATUM, outra empresa envolvida no escândalo financeiro, em que o Estado teve de intervir.
DW – 24.08.2016
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