Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Quem semeia fraudes colhe guerra e instabilidade.
Toda a verborreia espalhada a partir da comodidade em que cada um escreve não servirá de muito, se não houver a coragem de ler as páginas todas do livro que se chama Moçambique.
Quem armadilhou o quadro constitucional moçambicano e desenhou fórmulas na altura julgadas eficientes, para se manter no poder, pode fabricar todo o tipo de argumento, mas, depois de tantos embustes, já não convence a cada vez menos pessoas.
Assim como tivemos uma descolonização apressada e feita segundo ditames externos, no quadro de decisões das potências da Guerra Fria, tivemos um AGP de Roma forjado segundo intenções obscuras e com protocolos secretos.
A ONU queria o fim das hostilidades e não se preocupou em assegurar que as partes antes beligerantes não voltariam à guerra.
Ignorou-se que as forças armadas e policiais e a administração da justiça não foram reorganizadas numa lógica republicana e democrática.
Era dispendioso fazê-lo na altura? Será que a ONUMOZ desconhecia que o processo estava sendo apressado e que as FADM eram, na verdade, uma operação cosmética que não garantiria a emergência de um exército unificado moçambicano e republicano?
Hoje a ONU fala sobre a necessidade de desarmamento da Renamo, mas jamais refere que o Governo da Frelimo possui um exército partidarizado cumprindo ordens emanadas da liderança da Frelimo.
Há que estranhar por que razão a ONU e muitas outras organizações que até têm representantes em Moçambique não se pronunciam sobre o “dossier” eleitoral moçambicano.
Em que país do mundo já se validaram eleições sem que houvesse editais para fundamentar e credibilizar os resultados?
As sucessivas intervenções da ONU em África têm sido um fracasso porque oferecem medidas paliativas de resolução de conflito ignorando as verdadeiras causas.
Vejamos que na República Democrática do Congo e na República do Congo vizinho montam-se cenários de crise antes que se encontrem as razões ou causas de guerras intermitentes que nunca conhecem fim.
No Sudão e em muitos outros países vive-se da aparência e de formalismos que não tocam na razão das disputas e das erupções de violência.
Os “constitucionalistas” de Moçambique e seus parceiros de centros de pensamento ocidentais, seus aliados em diversas chancelarias, parecem ignorar que, segundo os estatutos da Frelimo, o PR de Moçambique, quando membro deste partido, obedece à Comissão Política da Frelimo.
Daqui para se compreender que as FADM, de que o PR é comandante-em-chefe, acabam por obedecer a instruções emanadas da Comissão Política não são necessários grandes exercícios de análise.
Pelo que o argumento de que a Renamo deve ser desarmada cai por terra, pois as FADM são essencialmente a mesma coisa que as FPLM eram durante a guerra civil dos dezasseis anos.
Há que avançar com firmeza e rigor na mudança de alguns artigos da CRM e partir-se com honestidade e profissionalismo para a construção de um exército e polícia republicanos.
Investir nessa direcção deve ser consensual e os custos desse exercício serão sem dúvida justificados pelos resultados de paz e estabilidade que serão alcançados. Não estaríamos hoje discutindo dívidas ocultas para rearmar as FADM e a PRM.
Não estaríamos vivendo em cidades patrulhadas por agentes da PRM empunhando AKM’s.
Não estaríamos vivendo momentos de aflição por causa do desaparecimento de compatriotas sequestrados e assassinados por “esquadrões da morte de um ou do outro lado”. Não estaríamos assistindo a ataques armados contra opositores políticos ou de intelectuais.
Surgem muitos analistas e comentaristas, alguns deles com responsabilidade históricas, lançando “gasolina na fogueira”.
Quem apregoa a “democracia de fogo”, sendo um dos signatários do falhado AGP de Roma, que quer realmente dizer? Está apelando para que se prossiga com a guerra civil que um dia denominou “guerra de desestabilização”?
Quem deixa o ex-director da AIM, com contas na Justiça, lançar ataques patéticos e caricatos na comunicação social contra o líder da Renamo deve pretender aumentar o nível de guerra psicológica e preparar terreno para a “desejada” savimbização.
Se quisermos ser sensatos e coerentes, tem-se gasto muito tempo e recursos promovendo imagens que não correspondem à realidade.
Não estamos reconciliados nem nos respeitamos nos nossos direitos e deveres.
Há abertamente um ódio por vezes visceral entre nós.
Uma agenda de açambarcamento de Moçambique por um grupo de moçambicanos prossegue, quando, em seu lugar, deveríamos estar assistindo moçambicanos fazendo política pacificamente e com outros patamares éticos e políticos.
Uma primeira mentira em algum momento continua reproduzindo mentiras cada vez mais clamorosas.
Projectos sucessivos de vender uma imagem de crueldade e banditismo para quem se rebela das imposições dos que ontem eram aclamados como libertadores ainda não foram abandonados, se observarmos que aumentam o tom e a frequência de entrevistas e análises mediatizadas de quadrantes afectos a estes “libertadores-libertados”.
Nem a diplomacia encoberta e os ataques velados encomendados e pagos, lançados por consultores nacionais e internacionais, passam despercebidos. A sua eficácia vale o que vale, mas não tem sido capaz de isolar o seu alvo preferido nem de lhe retirar simpatia no seio de milhões de moçambicanos.
Pelo que se pode depreender, existe um “Master Plan” elaborado mas redesenhado para que os “libertadores-detentores” do poder continuem governando, mesmo que seja através de terceiros. Há interesses julgados “sagrados” que não podem ser tocados, na óptica de algumas pessoas ou de alguns moçambicanos “endeusados”.
De outra maneira não se compreende tanto ódio encomendado e tantas falcatruas.
Os moçambicanos querem e merecem a paz.
As escaramuças em crescendo revelam que as feridas não estavam cicatrizadas e que o AGP não conseguiu reconciliar a família moçambicana.
Não haverá nenhum Fundo Distrital ou do MITADER que vai comprar a consciência de todo um povo.
Por mais bem desenhada e pintada, uma “mentira tem pernas curtas”.
E tristemente, numa situação que oferece oportunidade para que os especialistas moçambicanos em ciência política, relações internacionais e diplomacia contribuam com os seus saberes, regista-se quase que um silêncio sepulcral. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 15.08.2016
Hoje a ONU fala sobre a necessidade de desarmamento da Renamo, mas jamais refere que o Governo da Frelimo possui um exército partidarizado cumprindo ordens emanadas da liderança da Frelimo.
Há que estranhar por que razão a ONU e muitas outras organizações que até têm representantes em Moçambique não se pronunciam sobre o “dossier” eleitoral moçambicano.
Em que país do mundo já se validaram eleições sem que houvesse editais para fundamentar e credibilizar os resultados?
As sucessivas intervenções da ONU em África têm sido um fracasso porque oferecem medidas paliativas de resolução de conflito ignorando as verdadeiras causas.
Vejamos que na República Democrática do Congo e na República do Congo vizinho montam-se cenários de crise antes que se encontrem as razões ou causas de guerras intermitentes que nunca conhecem fim.
No Sudão e em muitos outros países vive-se da aparência e de formalismos que não tocam na razão das disputas e das erupções de violência.
Os “constitucionalistas” de Moçambique e seus parceiros de centros de pensamento ocidentais, seus aliados em diversas chancelarias, parecem ignorar que, segundo os estatutos da Frelimo, o PR de Moçambique, quando membro deste partido, obedece à Comissão Política da Frelimo.
Daqui para se compreender que as FADM, de que o PR é comandante-em-chefe, acabam por obedecer a instruções emanadas da Comissão Política não são necessários grandes exercícios de análise.
Pelo que o argumento de que a Renamo deve ser desarmada cai por terra, pois as FADM são essencialmente a mesma coisa que as FPLM eram durante a guerra civil dos dezasseis anos.
Há que avançar com firmeza e rigor na mudança de alguns artigos da CRM e partir-se com honestidade e profissionalismo para a construção de um exército e polícia republicanos.
Investir nessa direcção deve ser consensual e os custos desse exercício serão sem dúvida justificados pelos resultados de paz e estabilidade que serão alcançados. Não estaríamos hoje discutindo dívidas ocultas para rearmar as FADM e a PRM.
Não estaríamos vivendo em cidades patrulhadas por agentes da PRM empunhando AKM’s.
Não estaríamos vivendo momentos de aflição por causa do desaparecimento de compatriotas sequestrados e assassinados por “esquadrões da morte de um ou do outro lado”. Não estaríamos assistindo a ataques armados contra opositores políticos ou de intelectuais.
Surgem muitos analistas e comentaristas, alguns deles com responsabilidade históricas, lançando “gasolina na fogueira”.
Quem apregoa a “democracia de fogo”, sendo um dos signatários do falhado AGP de Roma, que quer realmente dizer? Está apelando para que se prossiga com a guerra civil que um dia denominou “guerra de desestabilização”?
Quem deixa o ex-director da AIM, com contas na Justiça, lançar ataques patéticos e caricatos na comunicação social contra o líder da Renamo deve pretender aumentar o nível de guerra psicológica e preparar terreno para a “desejada” savimbização.
Se quisermos ser sensatos e coerentes, tem-se gasto muito tempo e recursos promovendo imagens que não correspondem à realidade.
Não estamos reconciliados nem nos respeitamos nos nossos direitos e deveres.
Há abertamente um ódio por vezes visceral entre nós.
Uma agenda de açambarcamento de Moçambique por um grupo de moçambicanos prossegue, quando, em seu lugar, deveríamos estar assistindo moçambicanos fazendo política pacificamente e com outros patamares éticos e políticos.
Uma primeira mentira em algum momento continua reproduzindo mentiras cada vez mais clamorosas.
Projectos sucessivos de vender uma imagem de crueldade e banditismo para quem se rebela das imposições dos que ontem eram aclamados como libertadores ainda não foram abandonados, se observarmos que aumentam o tom e a frequência de entrevistas e análises mediatizadas de quadrantes afectos a estes “libertadores-libertados”.
Nem a diplomacia encoberta e os ataques velados encomendados e pagos, lançados por consultores nacionais e internacionais, passam despercebidos. A sua eficácia vale o que vale, mas não tem sido capaz de isolar o seu alvo preferido nem de lhe retirar simpatia no seio de milhões de moçambicanos.
Pelo que se pode depreender, existe um “Master Plan” elaborado mas redesenhado para que os “libertadores-detentores” do poder continuem governando, mesmo que seja através de terceiros. Há interesses julgados “sagrados” que não podem ser tocados, na óptica de algumas pessoas ou de alguns moçambicanos “endeusados”.
De outra maneira não se compreende tanto ódio encomendado e tantas falcatruas.
Os moçambicanos querem e merecem a paz.
As escaramuças em crescendo revelam que as feridas não estavam cicatrizadas e que o AGP não conseguiu reconciliar a família moçambicana.
Não haverá nenhum Fundo Distrital ou do MITADER que vai comprar a consciência de todo um povo.
Por mais bem desenhada e pintada, uma “mentira tem pernas curtas”.
E tristemente, numa situação que oferece oportunidade para que os especialistas moçambicanos em ciência política, relações internacionais e diplomacia contribuam com os seus saberes, regista-se quase que um silêncio sepulcral. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 15.08.2016
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