"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Cadáveres de uma guerra desnecessária!


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O que a Polícia da República de Moçambique (PRM)- personificada no seu porta-voz, Inácio Dina, - disse esta terça-feira sobre o assassinato a tiro de seis pessoas e depois queimadas, em Cheringoma, província de Sofala, equivale a um estupro – e sem vaselina. O povo moçambicano é que foi estuprado.
Nós, aqui neste jornal, não pretendemos legitimar que as seis pessoas foram, sim, assassinadas barbaramente pelas Forças de Defesa e Segurança, como disse à imprensa um* dos sobreviventes. E muito menos pretendemos dançar ao ritmo da enfadonha composição da PRM de que existem homens armados da Renamo que tentam confundir as populações no centro do País, passando-se por Forças de Defesa e Segurança para atacar civis. Isto são resquícios de uma propaganda barata, mal-elaborada.
A Polícia quando quer intervir, deve fazê-lo com polidez, com alguma lucidez. Ficou claro, mais uma vez, que as suas composições são mal -elaboradas. Soam como o “pandza” que a esses dias ensurdece alguns moçambicanos sensíveis ao barulho. O que teria perdido a Polícia se tivesse ficado de boca fechada?
Perdeu essa rica oportunidade…
A Polícia diz que a Renamo usa estas artimanhas para esconder as suas atrocidades. Entretanto, os sobreviventes desta barbárie, acusam as Forças de Defesa e Segurança. Em que ficamos? Por outro lado, o discurso policial não encontra aconchego por vir tarde.
Deixou que os sobreviventes se pronunciassem para trazer tal teoria.
Podemos, aqui e agora, não trazer dados, mas desconfiamos- e muito que casos similares já devem ter acontecido neste vasto Moçambique sem que houvesse sobreviventes para narrar. E aí a Polícia teve trabalho facilitado.
Não havia que elaborar argumentos inverosímeis para ludibriar o incauto povo moçambicano.
E isto tudo é resultado de uma guerra desnecessária. Guerra essa que fez inúmeros deslocados moçambicanos no Malawi, que acusavam as mesmas Forças de Defesa e Segurança de atrocidades.
E a Polícia, sempre servil ao Governo do dia, tentou, à altura, desmentir o facto, tanto assim foi que até houve um governador que se esqueceu que aqueles deslocados eram também moçambicanos, mas preferiu chamá-los de filhos e esposas de homens armados da Renamo.
Afinal que guerra é está? Visa essencialmente que finalidade?
Eventualmente, nenhum dos contendores sabe explicar. A verdade é que inocentes, aos montes, morrem a cada dia.
Hospitais e escolas são encerrados.
No campo já não se produz. O comboio de carvão já não apita. A quem beneficia esta desgraça?
Repisamos: nós, aqui neste jornal, não somos da Renamo nem da Frelimo.
Somos à favor da paz. Do bem- estar dos moçambicanos do Rovuma ao Maputo.
De maneira que não podemos nos manter num silêncio cúmplice quando vemos que o povo moçambicano está a ser fornicado e duma forma bizarra.
Tudo isto destapa o véu que cobre as rixas existentes dentro da Frelimo, partido que suporta o Governo. Já não há dúvidas de que há desentendimentos sobre formas de governação e opções para a solução deste conflito. Não há dúvidas ainda de que a confusão instalada está sendo aproveitada para a capitalização dos vários grupos de interesse que se digladiam para o acesso do poder, hoje e no futuro.
Nós asseguramos que se existisse um único comando na Frelimo, o assunto da guerra já estaria fechado. É triste, mas denota-se que este Governo, o de Filipe Nyusi, não tem plano de governação. E o próprio Presidente já disse, certa vez em público, que se dependesse dele haveria paz. Depende de quem, afinal? O que a súcia dos camaradas pretende?
Este povo já começa a dar mostras de que está cansado de ser imbecilizado.
Povo nenhum aguenta tanta paulada. Basta os sacos de vergonha que o fizeram carregar até hoje. Este povo vai deixar um dia de ser esfregão da cozinha do poder do dia. Já dizia o saudoso comandante Che Guevara que “os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”. (Laurindos Macuácua)
DN – 18.08.2016
  • Foram duas testemunhas e em separado

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