"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 25 de maio de 2016

Políticos irracionais e egocêntricos*

 


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Canal de Opinião por Carlos Nuno Castel-Branco
José Jaime Macuane foi uma das mais recentes vítimas do regime de terror que se vive no nosso país. Académico e analista político de eleição, profundo, inteligente, lógico, objectivo e ponderado, tornou-se um dos fazedores de conhecimento e de opinião pública mais ouvidos e mais interessantes, com mente independente e com a coragem e a dignidade de quem luta com justiça por causas justas. Ao José Jaime Macuane e à família, envio toda a minha solidariedade e apoio, votos de muita coragem e que ele recupere a saúde depressa. A família, os amigos e todos nós precisamos dele.
Mas a questão seguinte, mais profunda, é: quantos mais dos nossos melhores filhos terão que tombar, ser espancados, feridos, ameaçados, antes que, como povo, como nação e como pessoas nos levantemos contra o terrorismo com que convivemos e nos habituámos a conviver há décadas? Quando é que nós nos levantamos para pôr fim a este terror de oligarcas assustados e “políticos” irracionais e egocêntricos, que oprimem, aterrorizam e matam para defenderem direitos históricos que se outorgaram, mas que nunca tiveram – de se manterem no poder ou de se tornarem o novo poder? Quando é que vamos acabar com a tirania que nos escraviza, venha ela de onde vier – dos esquadrões da morte de uns ou de outros? Este país e a sua história só serão nossos quando nós aceitarmos os sacrifícios necessários para os merecermos e para os construirmos.
Todos os tiranos nacionais – os que se pensam “donos” da história e os que se proclamam “donos” da democracia – usam terror como arma. O terror é a arma privilegiada do fascismo: ajuda a acabar com os que se opõem e aterroriza os outros, paralisando-os. O terror conduz à autorrepressão.
Vamos ser claros. Vivemos com medo. Todos temos medo. Mesmo os corajosos, como José Jaime Macuane e outros, têm medo. Mas hoje vivemos num mundo que nos obriga a escolher entre a falsa segurança de nos calarmos perante o terror, o despotismo, o assalto ao bem público, e a construção de oligarquias familiares criminosas, ou o medo de deixarmos este estado de coisas como nossa herança histórica para as gerações vindouras.
Paralisarmo-nos pelo medo do que individualmente nos possa acontecer, ou, agirmos para controlar esse medo e evitar o medo de deixar uma herança de fascismo estabelecido às gerações vindouras? Reagirmos contra o que nos causa medo hoje e, ao fazê-lo, acabarmos de vez com o medo, ou sermos cúmplices de viver uma vida subjugada?
A escolha é nossa, e as consequências dessa escolha serão para nós também – subjugarmo-nos a viver de joelhos, ou aceitarmos lutar para vivermos livres; a indignidade ou a dignidade.
Confesso, eu não tenho coragem para olhar, nos olhos, para os meus filhos e dizer-lhes que nada fiz para acabar com o medo, com o saque e com o subdesenvolvimento por ter medo das consequências pessoais.
Não tenho coragem suficiente para isso. Por isso, prefiro lutar agora!
Mas, esta é uma luta que não pode ser individual. Alvos individuais são fáceis de abater. O protesto que se segue ao acto de terror aquece a alma e aumenta a raiva, mas não transforma a sociedade. Algo diferente é necessário: organização, mobilização e acção colectiva, num quadro político claro. Não são as reuniões das elites comprometidas e apodrecidas que vão resolver os nossos problemas – esses estão a fazer reuniões há mais de 40 anos e nunca estivemos tão mal como agora. São a organização, a mobilização e acção consciente das massas que podem mudar as coisas – os trabalhadores, os estudantes, os funcionários (incluindo os membros das FDS, que são das primeiras vítimas do reino de terror que lhes foi dado, como missão, construir), os pequenos e médios empresários, homens e mulheres, jovens e velhos.
Como disse o José Jaime Macuane, ontem, num debate público numa cadeia nacional de televisão,
“Quando o Estado não esclarece os crimes, o Estado está a mostrar que sobrevive do crime organizado”.
Alguém se encarregou de tentar calá-lo ou de usá-lo como cartaz do terror, e, ao fazê-lo, acaba por provar, mais uma vez, que o Macuane tem razão.
Nada se parece mais com um fascista do que um oligarca assustado.
Os nossos oligarcas estão assustados e estão a reagir como búfalos feridos.
É hora de não baixar os braços e de não parar a luta política. A Luta Continua! E venceremos! (Carlos Nuno Castel-Branco. Texto extraído da sua página do Facebook).
*Título da responsabilidade do “Canalmoz”
CANALMOZ – 25.05.2016

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