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Escrito por Adérito Caldeira em 19 Maio 2016 |
É preciso reconhecer a capacidade do ministro da Economia e Finanças em argumentar o injustificável, questionado nesta quarta-feira(18) pela Comissão Parlamentar do Plano e Orçamento sobre “onde é que é comercializado em Moçambique o atum pescado pela EMATUM”, Adriano Maleiane disse que “o peixe está a ser exportado neste momento para a China (...) estamos a exportar para a Europa e, as vezes, sem aperceber-nos nestes restaurantes aqui nós comemos. Como andamos sempre a criticar muito então no marketing da pessoa que está a vender não põe pôr lá atum da EMATUM, as pessoas podem ver e alguns criar susceptibilidade portanto nós temos, sem saber, estado a consumir aqui dentro. Não é visível o nome mas está sendo consumido”. O governante revelou ainda aos deputados que os pouco mais de 2 biliões de dólares de dívida ilegalmente avalizada pelo Estado não entraram no sistema bancário moçambicano.
Maleiane, que herdou as garantias concedidas ilegalmente pelo seu antecessor aos bancos suíço e russo que emprestaram mais de 2 biliões de dólares norte-americanos à Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM), a Proindicus SA e a Mozambique Magement Asset (MAM), revelou aos deputados da Comissão Parlamentar do Plano (estiveram presentes mais de uma dezena do partido Frelimo, um do Movimento Democrático de Moçambique(MDM) e nenhum do partido Renamo) que esse dinheiro não entrou no nosso país. “(...) Há duas maneiras do banco fazer o pagamento, uma é fazer o pagamento directo contra apresentação de facturas outra é dar o dinheiro a quem pediu emprestado para desta vez fazer directamente os pagamentos. Os bancos quando não têm a certeza, ou duvidam que o dinheiro não possa ser usado para a finalidade, optam por fazer o pagamento directo”, começou por explicar Maleiane. O ministro precisou que foi o que aconteceu com o dinheiro dos empréstimos concedidos pelos bancos Credit Suisse, da Suíça, e Vnesh Torg Bank, da Rússia, às empresas EMATUM, Proindicus e MAM e que tal informação consta de balanços auditados, “é que o dinheiro foi adiantado, chama-se adiantamento ao fornecedor, isso é normal na nossa actividade. Faz-se uma adiantamento ao fornecedor, por exemplo, você encomenda um barco. Esse fornecedor do barco pode pensar fazê-lo e depois quando estiver pronto você não tem dinheiro então, para evitar isso, põe aqui o dinheiro, porque eu é que fico a perder se entregar o barco e você não conseguir pagar, e a medida que for fazendo a entrega vai abatendo, uma espécie de conta corrente, é isso que foi feito nas três empresas”. Sem fazer juízos, “É bom, é mau, não sei, mas esta foi a modalidade que foi feita”, Adriano Maleiane esclareceu: “Portanto não entrou dinheiro aqui (em Moçambique) para depois sair, foi directo para adiantamento, como está explicado aqui no balanço. Eu penso que não é uma modalidade impossível no mundo dos negócios e isso faz-se”, acrescentou o governante.
Fornecedor deu descontos mas não restou nada dos 850 milhões
Não admitindo a falta de viabilidade da Empresa Moçambicana de Atum o ministro da Economia e Finanças admitiu que os barcos comprados não são os adequados para a pesca de atum, “o que a empresa nos explicou é que por exemplo para exportar atum para a Europa existem regras. Eles (os importadores europeus) mandaram inspectores para ver os barcos e deixaram recomendações para cumprir os requisitos do mercado deles, e isso significava fazer algum trabalho”.O @Verdade sabe que o principal problema dos barcos de pesca está relacionada com a câmara frigorífica que não congela o pescado à temperatura recomendada para o atum. “Podiam ser devolvidos para quem fabricou mas na verdade os barcos foram encomendados como foi e o fabricante fez como foi feita a encomenda, não podia adivinhar as particularidades do comprador do peixe”, adicionou Maleiane. À pergunta do deputado Fernando Bismarque, do MDM, único representante dos partidos da oposição presente na Comissão, sobre onde está o dinheiro o ministro Maleiane declarou que “eu não posso responder porque eu ainda não tenho dúvidas daquilo que diz o auditor”. Bismarque insistiu para saber se pelo menos teria sobrado algum “centavo”? “De acordo com informação que eu tenho esse dinheiro (850 milhões) foi gasto na compra dos barcos e de outro equipamento (…) o fornecedor até deu descontos, no pacote global, mas não restou nada” explicou Adriano Maleiane. Importa recordar que a EMATUM endividou-se em 850 milhões de dólares norte-americanos. Publicamente, e com transparência (informação formal do estaleiro francês Construções Mecânicas da Normandia à bolsa de valores onde está cotada), só se sabe que foram gastos cerca de 350 milhões de dólares norte-americanos na aquisição de 24 embarcações de pesca e seis barcos de guerra. O partido Renamo não se fez presente alegando que a audição do ministro foi “uma vã tentativa de ludibriar os moçambicanos, a Comunidade Internacional e os credores da dívida, e uma clara violação das normas constitucionais e demais legislação ordinária vigentes no nosso Estado, que se pretende que seja de Direito” e exige que o Governo preste os esclarecimentos em sede do Plenário da Assembleia da República. |
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Moçambicanos comem atum pescado pela EMATUM sem saberem, os dois biliões de dólares dos empréstimos não entraram em Moçambique
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