Senhor Presidente: fazendo uso da prerrogativa constitucional do direito à opinião, consagrada na liberdade de expressão da Constituição da República que o senhor jurou fazer cumprir na Praça da Independência , naquele dia de tomada de posse, hoje escreve-lhe pela sétima vez.
Como cidadão nacional continuo preocupado com o rumo que o país está a tomar e por isso, aqui estou uma vez mais para partilhar consigo o que me vai na alma. A situação da dívida pública que faz manchetes na imprensa por todo o lado, requer muita calma e ponderação, senhor Presidente.
Uma dívida de 11 mil milhões de dólares não pode constituir alarido para um país. Vários outros países, como Portugal, por exemplo, tem dívidas mais avolumadas mas as economias não estão em agonia.
A minha consciência me diz que- por experiência empresarial acumulada ao longo da vida- 11 mil milhões de dólares se podem pagar em tempo recorde. Moçambique é um país vasto que tem muita riqueza ainda por explorar. Riqueza essa de um valor imensurável. E a maior riqueza de Moçambique é o seu povo que é humilde.
Senhor Presidente,
A questão da dívida requer calma e técnicos capazes de a administrarem a coisa pública a bem dos seus cidadãos.
Estou
em crer que em algum momento as minhas anteriores missivas lhe terão chegado às
mãos ou pelo menos ao seu conhecimento. Desde Novembro passado que de tempos em
tempos venho alertando sobre o colapso financeiro que agora já é uma realidade
de que não se pode fugir.
Provavelmente o senhor Presidente, por via dessa dívida, deve não dormir. Todos os dias recebemos surpresas de que os nossos habituais parceiros estão a cortar financiamento. Primeiro foi o FMI e o Banco Mundial. Seguiu-se o G-14, os Estados Unidos e o Canadá. Isto, senhor Presidente, é muito grave!!!
Aprendi desde cedo que para criar um nome leva anos, mas para descredibilizá-lo é questão de segundos. A imprensa mundial só fala da desfavorável situação económica de Moçambique e da tensão político-militar que efectivamente afugenta qualquer investidor. Isto é grave, senhor Presidente!!!
Senhor Presidente: enquanto a paz não se construir em Moçambique, nenhum investidor ou doador colocará aqui o seu dinheiro. Até o mais reles, falo de um empresário que sonhe ter uma moageira em Manica ou Moeda.
Nas minhas cartas anteriores, já havia pedido ao senhor Presidente para dialogar incondicionalmente com o líder da Renamo, o senhor Afonso Dhlakama. Ao fazê-lo, o senhor estará a escrever a sua própria história na liderança deste país e, claro, terá todo o apoio e aplausos de mais de 24 milhões de moçambicanos que almejam pela mesma paz.
Presidente, não devo estar de todo enganado ao considerar o senhor uma pessoa inteligente. Julgo eu, na minha humildade, que o senhor já percebeu que todas estas convulsões que acontecem tem um único nome: a tensão político-militar. Independentemente de estarmos em bancarrota, com a paz qualquer moçambicano desdobra-se para produzir alguma coisa para o seu sustento.
O camponês de Mandimba, senhor Presidente, nunca se beneficiou dos dinheiros de nenhum doador para produzir comida. Mas sempre produziu. Já com a guerra não pode mais produzir. Será que custa tanto ao senhor Presidente sentar com Afonso Dhlakama e conversarem como irmãos para o bem deste país?
Toma coragem, senhor Presidente. Rompa com os dogmas do seu partido. Vai a Sathujira, lá nas matas da Gorongosa, e fala com o seu irmão Dhlkama. Ajoelha-se se for necessário, mas traga de volta a paz . Quando lhe peço para ir conversar com o Dhlakama onde quer que ele exija, é que está no seu direito querer que haja mediações. Há muito tempo que se quebrou a confiança e o senhor sabe disso.
Presidente: a paz não tem preço. Se é o seu ajoelhar que o Dhlakama precisa para o bem-estar de 24 milhões de moçambicanos, o senhor não pode fazer isso? Foi o senhor que disse que o povo era seu patrão. Agora, Presidente, o seu patrão lhe pede para que dialogue incondicionalmente com Dhlakama.
Senhor Presidente, quando Barack Obama assumiu a presidência americana enfrentou alguns problemas financeiros. E para resolvê-los não olhou a meios. Foi buscar Hilary Clinton e colocou-a como secretária do Estado, apesar de terem sido opositores para a nomeação Democrata.
O Zimbabwe, o país irmão de Robert Mugabe, quando estava em convulsões soube nomear Morgan Tsivangirai, seu opositor severo, a Primeiro-Ministro. O exemplo clássico é de Nelson Mandela. O seu partido, o ANC, ganhou as primeiras eleições multipartidárias. Mandela havia ficado 27 anos na prisão, mas depois de ser eleito Presidente da África do Sul soube nomear Frederik de Klerk como vice-presidente, mesmo sabendo que este vinha do partido que lhe encarcerou durante 27 anos. E mais: chamou também Mangosuthu Buthelezi, líder do Inkatha , para ministro do interior. Mandela não fez isso à a toa é porque queria o bem-estar do seu povo. E o senhor, Presidente Nyusi???
Presidente: todos esses embaixadores acreditados em Moçambique, diariamente mandam emails aos seus países relatando a situação actual do nosso país. Julga mesmo que alguém quererá investir num país onde há guerra, valas comuns com cadáveres humanos, assalto aos cofres do Estado?
Escreve a sua história, Presidente. Traga Dhlakama a Maputo. Percorre com ele o país de lés-a-lés. Mostra ao mundo de que Moçambique respira paz. Abraça-o. Dá-lhe a sua mão. É seu irmão, apesar da diferença de ideias. Fazendo isso, senhor Presidente, estará a escrever o seu nome nos Anais da História Mundial e este pobre país, este Moçambique, será cobiçado por qualquer investidor. Tudo está nas suas mãos, meu Presidente!!!!
Nini Satar
12.05.2016
Provavelmente o senhor Presidente, por via dessa dívida, deve não dormir. Todos os dias recebemos surpresas de que os nossos habituais parceiros estão a cortar financiamento. Primeiro foi o FMI e o Banco Mundial. Seguiu-se o G-14, os Estados Unidos e o Canadá. Isto, senhor Presidente, é muito grave!!!
Aprendi desde cedo que para criar um nome leva anos, mas para descredibilizá-lo é questão de segundos. A imprensa mundial só fala da desfavorável situação económica de Moçambique e da tensão político-militar que efectivamente afugenta qualquer investidor. Isto é grave, senhor Presidente!!!
Senhor Presidente: enquanto a paz não se construir em Moçambique, nenhum investidor ou doador colocará aqui o seu dinheiro. Até o mais reles, falo de um empresário que sonhe ter uma moageira em Manica ou Moeda.
Nas minhas cartas anteriores, já havia pedido ao senhor Presidente para dialogar incondicionalmente com o líder da Renamo, o senhor Afonso Dhlakama. Ao fazê-lo, o senhor estará a escrever a sua própria história na liderança deste país e, claro, terá todo o apoio e aplausos de mais de 24 milhões de moçambicanos que almejam pela mesma paz.
Presidente, não devo estar de todo enganado ao considerar o senhor uma pessoa inteligente. Julgo eu, na minha humildade, que o senhor já percebeu que todas estas convulsões que acontecem tem um único nome: a tensão político-militar. Independentemente de estarmos em bancarrota, com a paz qualquer moçambicano desdobra-se para produzir alguma coisa para o seu sustento.
O camponês de Mandimba, senhor Presidente, nunca se beneficiou dos dinheiros de nenhum doador para produzir comida. Mas sempre produziu. Já com a guerra não pode mais produzir. Será que custa tanto ao senhor Presidente sentar com Afonso Dhlakama e conversarem como irmãos para o bem deste país?
Toma coragem, senhor Presidente. Rompa com os dogmas do seu partido. Vai a Sathujira, lá nas matas da Gorongosa, e fala com o seu irmão Dhlkama. Ajoelha-se se for necessário, mas traga de volta a paz . Quando lhe peço para ir conversar com o Dhlakama onde quer que ele exija, é que está no seu direito querer que haja mediações. Há muito tempo que se quebrou a confiança e o senhor sabe disso.
Presidente: a paz não tem preço. Se é o seu ajoelhar que o Dhlakama precisa para o bem-estar de 24 milhões de moçambicanos, o senhor não pode fazer isso? Foi o senhor que disse que o povo era seu patrão. Agora, Presidente, o seu patrão lhe pede para que dialogue incondicionalmente com Dhlakama.
Senhor Presidente, quando Barack Obama assumiu a presidência americana enfrentou alguns problemas financeiros. E para resolvê-los não olhou a meios. Foi buscar Hilary Clinton e colocou-a como secretária do Estado, apesar de terem sido opositores para a nomeação Democrata.
O Zimbabwe, o país irmão de Robert Mugabe, quando estava em convulsões soube nomear Morgan Tsivangirai, seu opositor severo, a Primeiro-Ministro. O exemplo clássico é de Nelson Mandela. O seu partido, o ANC, ganhou as primeiras eleições multipartidárias. Mandela havia ficado 27 anos na prisão, mas depois de ser eleito Presidente da África do Sul soube nomear Frederik de Klerk como vice-presidente, mesmo sabendo que este vinha do partido que lhe encarcerou durante 27 anos. E mais: chamou também Mangosuthu Buthelezi, líder do Inkatha , para ministro do interior. Mandela não fez isso à a toa é porque queria o bem-estar do seu povo. E o senhor, Presidente Nyusi???
Presidente: todos esses embaixadores acreditados em Moçambique, diariamente mandam emails aos seus países relatando a situação actual do nosso país. Julga mesmo que alguém quererá investir num país onde há guerra, valas comuns com cadáveres humanos, assalto aos cofres do Estado?
Escreve a sua história, Presidente. Traga Dhlakama a Maputo. Percorre com ele o país de lés-a-lés. Mostra ao mundo de que Moçambique respira paz. Abraça-o. Dá-lhe a sua mão. É seu irmão, apesar da diferença de ideias. Fazendo isso, senhor Presidente, estará a escrever o seu nome nos Anais da História Mundial e este pobre país, este Moçambique, será cobiçado por qualquer investidor. Tudo está nas suas mãos, meu Presidente!!!!
Nini Satar
12.05.2016
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