Reflexão (293) de: Adelino Buque
Se o Governo de Moçambique não tem outra alternativa às exigências da Renamo sobre a mediação de Jacob Zuma, Igreja Católica e a UE, que as aceite, para se parar com estas mortes que se assistem ao longo da N.º1 e não só, chega de mortes de moçambicanos sem causa.
Na esteira de que “queremos paz e não guerra”, hoje pretendo reflectir sobre as exigências do partido Renamo, de Afonso Dhlakama, sobre a mediação nas negociações ou diálogo entre este partido e o Governo de Moçambique. Segundo o seu porta-voz, António Muchanga, ao Magazine Independente de 17 de Maio de 16, página três, ainda não receberam a reacção do Governo relativamente a esta matéria.
A referida carta/resposta da Renamo data de Março do corrente ano. Nessa missiva, a Renamo exige a mediação de Jacob Zuma, Presidente da África do Sul e do ANC, partido no poder, da Igreja Católica (aqui não se sabe se de Moçambique ou a Igreja como instituição representada no mundo com sede em Roma, Itália) e da União Europeia.
Felizmente, os acontecimentos da semana passada superaram as expectativas: o Presidente da República de Moçambique respondeu à carta da Renamo solicitando três personalidades daquele partido para a concepção de agenda com a parte do Governo sob liderança do General Jacinto Veloso. O líder da Renamo, em menos de três horas, respondeu dando a conhecer que, em 48 horas, seriam indicadas essas pessoas, passo importante para o retorno ao diálogo.
Sabemos que o
diálogo é algo que não tem fim. Recordamos que o diálogo entre a Renamo e o
Governo iniciou em Abril de 2013 e viria a ser interrompido a 17 de Agosto de
2015, com um saldo de 114 rondas.
Dos quatro pontos agendados um é que foi concluído com sucesso sobre o pacote eleitoral, pelo que, não é este diálogo que esperamos. Queremos um diálogo que produz resultados!
Assumindo que a responsabilidade de governação do país é do Governo eleito, significando isto garantir ao cidadão o livre exercício de actividades, quer sejam políticas, económicas, sociais, culturais e outras, incluindo a circulação de pessoas e bens em todo o território nacional, considerando que o actual estágio não permite este exercício, coarctando as liberdades consagradas constitucionalmente. Mesmo considerando “absurda” a exigência, não vejo outra saída que não seja aceitar a proposta da Renamo e oficializar a mediação requerida, de forma a parar com a mortandade que se assiste no país.
Escusado dizer que a mediação, embora represente a oficialização do conflito e a “incapacidade” interna de gestão do mesmo, antes isso que assistir a morte de cidadãos indefesos, que encarecer a vida dos cidadãos pela deficiente circulação de pessoas e bens na extensão territorial; antes isso que nos mantermos na situação de estagnação sem capacidade de reacção à escalada da crise internacional manifestada pela crescente valorização do Dólar Norte-Americano face a outras moedas, incluindo o Metical, através da baixa dos preços de matérias-primas que, em alguns casos, é preferível mantê-los no subsolo que extraí-los para “oferecê-los” gratuitamente aos países mais industrializados do mundo.
Antes aceitar as exigências da Renamo para parar de matar as pessoas e deixar as vias livres para a circulação de pessoas e bens e materializar os planos do Governo para fazermos face à actual situação de fome resultante da seca severa que se observa nas regiões Centro e Sul, e excesso de chuvas que se observou a Norte do território nacional. Para que o plano do Governo tenha a eficácia requerida, temos de circular livremente e sem restrições de espécie alguma; os camponeses devem fixar-se nas suas zonas de residência e trabalharem a terra para o seu sustento e venderem excedentes agrícolas; as empresas agrícolas devem trabalhar sem olhar para a hora e a circulação, transportando bens, deve acontecer a toda hora.
Todos os pilares elencados pelo Governo requerem a livre circulação, trata-se da agricultura, energia e turismo, nenhum destes pilares materializa-se em pleno na actual situação de tensão político-militar, nenhum destes pilares pode acontecer de forma plena no estado de guerra que vivemos, se para materializarmos isso deve-se aceitar Jacob Zuma, Igreja Católica e a UE, pois que o Governo aceite-os como fórmula única de defender as populações da sanha assassina dos homens armados da Renamo. Haja melhor ponderação!
CORREIO DA MANHÃ – 23.05.2016
Dos quatro pontos agendados um é que foi concluído com sucesso sobre o pacote eleitoral, pelo que, não é este diálogo que esperamos. Queremos um diálogo que produz resultados!
Assumindo que a responsabilidade de governação do país é do Governo eleito, significando isto garantir ao cidadão o livre exercício de actividades, quer sejam políticas, económicas, sociais, culturais e outras, incluindo a circulação de pessoas e bens em todo o território nacional, considerando que o actual estágio não permite este exercício, coarctando as liberdades consagradas constitucionalmente. Mesmo considerando “absurda” a exigência, não vejo outra saída que não seja aceitar a proposta da Renamo e oficializar a mediação requerida, de forma a parar com a mortandade que se assiste no país.
Escusado dizer que a mediação, embora represente a oficialização do conflito e a “incapacidade” interna de gestão do mesmo, antes isso que assistir a morte de cidadãos indefesos, que encarecer a vida dos cidadãos pela deficiente circulação de pessoas e bens na extensão territorial; antes isso que nos mantermos na situação de estagnação sem capacidade de reacção à escalada da crise internacional manifestada pela crescente valorização do Dólar Norte-Americano face a outras moedas, incluindo o Metical, através da baixa dos preços de matérias-primas que, em alguns casos, é preferível mantê-los no subsolo que extraí-los para “oferecê-los” gratuitamente aos países mais industrializados do mundo.
Antes aceitar as exigências da Renamo para parar de matar as pessoas e deixar as vias livres para a circulação de pessoas e bens e materializar os planos do Governo para fazermos face à actual situação de fome resultante da seca severa que se observa nas regiões Centro e Sul, e excesso de chuvas que se observou a Norte do território nacional. Para que o plano do Governo tenha a eficácia requerida, temos de circular livremente e sem restrições de espécie alguma; os camponeses devem fixar-se nas suas zonas de residência e trabalharem a terra para o seu sustento e venderem excedentes agrícolas; as empresas agrícolas devem trabalhar sem olhar para a hora e a circulação, transportando bens, deve acontecer a toda hora.
Todos os pilares elencados pelo Governo requerem a livre circulação, trata-se da agricultura, energia e turismo, nenhum destes pilares materializa-se em pleno na actual situação de tensão político-militar, nenhum destes pilares pode acontecer de forma plena no estado de guerra que vivemos, se para materializarmos isso deve-se aceitar Jacob Zuma, Igreja Católica e a UE, pois que o Governo aceite-os como fórmula única de defender as populações da sanha assassina dos homens armados da Renamo. Haja melhor ponderação!
CORREIO DA MANHÃ – 23.05.2016
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