"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



terça-feira, 31 de maio de 2016

"Quer isto dizer que a EMATUM comprou, por um preço fabuloso, barcos que não servem para o fim a que estavam destinados"

 


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MARCO DO CORREIO por Machado da Graça
Olá, Julieta
Espero que continues de saúde desde a semana passada. Do meu lado está tudo normal, felizmente.
Como te lembras, a semana passada escrevi-te a propósito dessas empresas fantasmas que estão a desgraçar o nosso país.
Só que, entretanto, um artigo da insuspeita Agência de Informação de Moçambique (AIM) alertou-me para aspectos que eu desconhecia.
Diz o tal artigo que o Ministro da Economia e Finanças informou o Parlamento que os barcos da EMATUM não obedecem aos requisitos necessários para os atuns que pescam poderem ser exportados para a União Europeia. E alguém me disse que também não para o Japão. Ao que percebi a capacidade de refrigeração dos peixes é inferior à que os compradores exigem.
Ora a União Europeia e o Japão são, precisamente, os principais importadores mundiais de atum.
Quer isto dizer que a EMATUM comprou, por um preço fabuloso, barcos que não servem para o fim a que estavam destinados.
Tendo os barcos sido fabricados de propósito para a pesca do atum num estaleiro situado num país da União Europeia, será que ninguém, de um lado e do outro, se apercebeu desse problema?
Quem terá elaborado as especificações técnicas para a construção dos barcos? E essas especificações estavam correctas ou não? No primeiro caso, se os estaleiros da Normandia não cumpriram especificações correctas, eles próprios deveriam ser obrigados a reparar o erro. Se não estavam correctas, a responsabilidade é do comprador.
Mas o Ministro Adriano Maleiane disse mais.
Disse que esse problema está a ser resolvido com a transformação dos barcos numa empresa sul-africana. Transformação feita gradualmente, porque a despesa é muito grande e não dá para transformar os 24 barcos de uma vez. Por agora estão na África do Sul 10.
Ele não falou em custos, mas disse que a despesa é muito grande.
E eu pergunto: de quanto é essa despesa? E, sabendo nós que a EMATUM está completamente falida, quem está a pagar a conta? Com que dinheiro? Isto é, para além de tudo o que já estamos a pagar (quanto a mim ilegalmente...) quanto mais vai sair dos bolsos dos contribuintes para fazer a adaptação dos barcos?
E os indivíduos, clarividentes e visionários, que nos meteram neste sarilho continuam sem ser chamados a esclarecer isto tudo?
Nem sei se isto dá para rir ou para chorar.
Um beijo para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 31.05.2016

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