"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 13 de abril de 2016

Opção guerrilha contra guerrilha

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Nos últimos tempos a mensagem tem sido explícita o suficiente para perceber estarmos em presença de uma guerra declarada entre o Exército e a guerrilha rebelde. As partes vinham trocando acusações até chegarem ao extremo de fazerem execuções à vista desarmada, praticamente desafiando a opinião pública nacional e internacional.
Não passa muito tempo que a Renamo denunciou a presença de especialistas asiáticos em centros de treino, em Maputo, a coberto do governo.
Peritos oriundos de um país com tradição na guerra de guerrilha, para fazer jus às investidas da ala armada de Afonso Dhlakama.
Diferente do que acontecia até semanas, em que as matanças aconteciam nas matas e se apontavam dedos de acusação sem sinais evidentes que apontassem direcção certa, hoje existe brutalidade e mensagem clara em cada acto assassino.
Foi assim ainda há dias, quando José Manuel foi mortalmente baleado à saída do Aeroporto Internacional da Beira, ele membro sénior da Renamo e conselheiro do Chefe de Estado no que à Defesa e Segurança diz respeito.
Em Janeiro, Manuel Bissopo, secretário-geral da Renamo, escapara com vida a um baleamento ocorrido no coração da cidade da Beira em plena luz do dia.
Para trás, outras tantas investidas atribuídas à Renamo, nomeadamente em três troços rodoviários da N1 (dois) e um outro entre Chimoio e Tete.
Nestes locais, a guerrilha elege a dedo os autocarros de uma transportadora e atira, com o objectivo, justifica, de parar com a ascensão de esquadrões da morte despachados de Maputo para Sofala, onde têm agenda específica de dar cabo da vida dos militantes da Renamo.
E à medida que o final de Março se aproximava, intensificavam acções das Forças de Defesa e Segurança, de modo a evitar qualquer iniciativa renamista.
Terá sido mercê da estratégia de guerrilha contra guerrilha – onde o corte de pescoços assume predominância – que precipitou o recuo de Afonso Dhlakama de avançar para a tomada dos governos provinciais, em Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa.
Os países com a fama de uma guerra de guerrilha de excelência são a Coreia do Sul, Cambodja e Vietname, este com sinais de ter dado cabo dos americanos.
Recentemente, Joaquim Chissano defendeu a ideia de que, enquanto a Renamo continuar a optar pela via armada, é preciso que o governo faça o mesmo, enquanto se incentiva a realização de um diálogo entre as partes em conflito, sem que a iniciativa force o recuo no capítulo militar.
De resto, foi assim durante os derradeiros momentos da guerra civil. Enquanto em Roma, Itália, as partes procuravam consenso, nas matas de Gorongosa, a guerra intensificava, ao extremo de Afonso Dhlakama ter condicionado a sua ida a Itália, ao recuo das Forças Armadas de Moçambique (FAM).
Até ontem, a Polícia em Sofala ainda não havia esclarecido o baleamento que vitimou José Manuel, do mesmo modo que falta esclarecer o atentado de Janeiro, contra Bissopo.
EXPRESSO – 12.04.2016

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