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Escrito por Adérito Caldeira em 15 Abril 2016 |
O Governo do partido Frelimo reconheceu esta semana, nos Estados Unidos da América, o que não admite perante os moçambicanos: que escondeu das contas públicas os empréstimos contraídos pela empresa Proindicus, tal como havia feito com as dívidas da EMATUM. A consequência imediata da revelação, feita ao Fundo Monetário Internacional (FMI), foi o cancelamento da missão que esta instituição tinha previsto iniciar na próxima semana enquanto se aguarda por uma "avaliação completa dos factos". Além disso o FMI declarou que o "empréstimo não revelado excede 1 bilião USD e altera significativamente a nossa avaliação do panorama macroeconómico de Moçambique".
Estes empréstimos cujo valor real ainda não foi revelado, nem mesmo ao FMI, rondam os 622 milhões de dólares norte-americanos e foram contraídos pela Proindicus SA, uma empresa participada pelo Estado, violando a Lei Orçamental, junto dos bancos Credit Suisse e Vnesh Torg Bank, os mesmos que emprestaram 850 milhões à Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM). Devido a estes novos empréstimos o FMI, que recentemente teve de emprestar dinheiro ao Estado moçambicano para continuar a ter liquidez, considera que a sua avaliação do panorama macroeconómico de Moçambique vai alterar-se. "Estamos actualmente a procurar determinar, em cooperação com as autoridades, os factos deste empréstimo" declarou ainda Antoinette Sayeh, de acordo com um comunicado de imprensa recebido na nossa redacção, chamando à atenção do Governo de Filipe Nyusi para que "quaisquer transacções relacionadas com dívida pública ainda não reveladas devem ser reportadas de forma transparente e publicamente, independentemente dos seus propósitos" acrescentou a Directora do FMI que salientando que estas informações são também do interesse dos moçambicanos. A Directora do Departamento Africano do Fundo Monetário Internacional concluiu declarando que "A missão que estava prevista para iniciar na próxima semana revisões ao abrigo do Instrumento de Apoio de Políticas e da facilidade Standby Credit Facility foi cancelada, aguardando uma revelação e avaliação completa dos factos". A Proindicus é uma Sociedade Anónima, constituída a 21 de Dezembro de 2012, e que tem como accionistas a empresa Monte Binga, uma holding detida 100% pelo Estado Moçambicano, e sociedade Gestão de Investimentos, Participações e Serviços, Limitada, uma entidade unicamente participada pelos Serviços Sociais do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE). O Governo do partido Frelimo não admitiu ainda a existência destes novos empréstimos. Na terça-feira(12) os deputados da formação política que governa o nosso país desde 1975 vetaram um pedido da bancada do partido Renamo para que o Executivo fosse à chamada "Casa do Povo" explicar-se. Elena Música, deputada do partido no poder, disse que a pretensão da “Perdiz” de debater a dívida do país é uma artimanha para granjear simpatias e manipular a opinião pública, supostamente porque não cabe ao Parlamento agendar matérias em função do que a comunicação social estrangeira veicula. Existe a expectativa de saber o que dirá o partido Frelimo, que está reunido na Matola desde quarta-feira(13) em Comité Central, sobre estes empréstimos que são as causas reais da crise económica e financeira que Moçambique enfrenta desde o ano passado. Embora não estejam claros os detalhes destes empréstimos da Proindicus o jornal The Wall Street Journal refere que terão sido contraídos em 2013, tal como os empréstimos da EMATUM. Ambos empréstimos, contraídos durante o segundo mandato de Armando Emílio Guebuza, violaram a Constituição da República e não entraram nos cofres públicos. |
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
sábado, 16 de abril de 2016
Ao FMI o Governo de Nyusi reconhece dívida da Proindicus; Fundo Monetário cancela missão e vai reavaliar o panorama macroeconómico de Moçambique
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