Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
É o
que se pode e se deve dizer.
Durante décadas, foi-se vivendo de enganos e subterfúgios, tudo por causa do poder e para manter o poder.
Inventaram-se heróis e heroínas como se fossem “frangos de aviários”.
Gente cobriu-se de áurea e de uma suposta infalibilidade num processo conduzido com minúcia, e não se pouparam recursos para que isso acontecesse. O culto da personalidade foi-se impregnando sem que os cultores da bajulice se preocupassem com as consequências.
Não foi por falta de conhecimento que se chegou ao actual estágio de gatunagem desmedida e de manobras de encobrimento.
Vergonhosamente, viu-se muito boa gente aceitando “tarefas” medonhas, autênticas acções de mercenários, tudo para ganhar alguns troca dos ou algum cargo governamental ou nas empresas públicas. Trocar a honestidade ou a necessidade de preservar a ética e a moral por “participação” nos banquetes do regime tem sido feito da maneira mais descarada.
Batalhões de escribas, intelectuais e académicos, religiosos foram organizados por porta-vozes conhecidos e outros desconhecidos do público para se dedicarem com todas as suas forças e talentos ao serviço da protecção da liderança.
A partir da altura em que se lançaram ao ataque de tudo o que fosse crítico do regime e da sua liderança, até se distraíram e inventaram termos como “moçambicanos de gema”, entrou-se numa caça às bruxas. Há necessidade de separar o combate legítimo aos complexos de superioridade manifestados por alguns moçambicanos, mas não se pode excomungar outros moçambicanos só porque eles são de cor diferente ou pensam diferente.
Nenhuma opinião, por mais bem elaborada que seja, poderá ilibar gente que se organizou, e planificou um saque de dimensões ainda não totalmente conhecidas.
Durante décadas, foi-se vivendo de enganos e subterfúgios, tudo por causa do poder e para manter o poder.
Inventaram-se heróis e heroínas como se fossem “frangos de aviários”.
Gente cobriu-se de áurea e de uma suposta infalibilidade num processo conduzido com minúcia, e não se pouparam recursos para que isso acontecesse. O culto da personalidade foi-se impregnando sem que os cultores da bajulice se preocupassem com as consequências.
Não foi por falta de conhecimento que se chegou ao actual estágio de gatunagem desmedida e de manobras de encobrimento.
Vergonhosamente, viu-se muito boa gente aceitando “tarefas” medonhas, autênticas acções de mercenários, tudo para ganhar alguns troca dos ou algum cargo governamental ou nas empresas públicas. Trocar a honestidade ou a necessidade de preservar a ética e a moral por “participação” nos banquetes do regime tem sido feito da maneira mais descarada.
Batalhões de escribas, intelectuais e académicos, religiosos foram organizados por porta-vozes conhecidos e outros desconhecidos do público para se dedicarem com todas as suas forças e talentos ao serviço da protecção da liderança.
A partir da altura em que se lançaram ao ataque de tudo o que fosse crítico do regime e da sua liderança, até se distraíram e inventaram termos como “moçambicanos de gema”, entrou-se numa caça às bruxas. Há necessidade de separar o combate legítimo aos complexos de superioridade manifestados por alguns moçambicanos, mas não se pode excomungar outros moçambicanos só porque eles são de cor diferente ou pensam diferente.
Nenhuma opinião, por mais bem elaborada que seja, poderá ilibar gente que se organizou, e planificou um saque de dimensões ainda não totalmente conhecidas.
Houve
uma bancada parlamentar que sistematicamente tem impedido que o parlamento
exerça a sua função fiscalizadora constitucionalmente prevista e
inscrita.
É uma cumplicidade organizada para lesar os moçambicanos.
Aqueles deputados mais intervenientes criativamente destilando ódio para quem questiona procedimentos que atentam contra a causa pública são os mesmos que agora cobardemente se calam face ao “desabar do castelo de areia”.
Hoje, a cada dia que passa, a máscara cai. “Santos viraram a diabos” e não há quem não se sinta enganado, defraudado. Tantas “presidências abertas e inclusivas” para, no final, nos ser dado a conhecer que estávamos a ser enganados.
A crise financeira que aperta os cintos de milhões de pessoas foi produzida de maneira consistente com agendas de enriquecimento ilícito.
O Estado foi utilizado de forma criminosa como se fosse uma propriedade privada. Um partido político até com história entrou em derrapagem moral e política ao aceitar servir de lavandaria e de cobertura para operações de todo o tipo. Os seus membros que se arvoravam no direito de beneficiarem da sua participação na luta de libertação nacional e vieram a público proclamarem que tinham o direito de ser e ficar ricos. Que gozem de reformas chorudas e de reconhecimento oficial ninguém problema com isso.
Que sejam ricos, também não incomoda.
O que é inaceitável é que se transformem em “vampiros sugando o sangue dos moçambicanos”.
Nenhum moçambicano tem problema de ver os seus compatriotas ricos ou poderosos, e, quanto a isso, tem de ficar claro que não há inveja que mova os críticos, como alguns por vezes pretendem fazer crer.
Moçambique, como qualquer país, tem os seus problemas. A diferença é que, entre nós, existe a mania de atribuir aos outros tudo o que corre mal
A tristemente famosa “mão externa” já foi esgrimida inúmeras vezes.
Uma crise financeira arquitectada ou resultando de uma agenda belicista camuflada de defesa do Estado e da soberania coloca Moçambique tremendo nos seus alicerces.
Porque a normalidade governativa é mais importante do que os egos ou as pessoas, é importante tudo fazer para responsabilizar os que se apropriaram da coisa pública e encheram bolsos e contas bancárias. O tamanho dos buracos tem de ser tapado com factos e não palavrinhas convenientes nos jornais e estações televisivas. Ilustres sumidades em economia têm alguma palavra a dizer neste processo, mas importa não esquecer que muitos dos palestrantes vão tentar relativizar a dívida e a razão da sua existência. Muitas “granadas de fumo” irão ser lançadas em defesa de chefes e chefinhos. A teia da corrupção, do nepotismo e do tráfico de influências em Moçambique é um matagal tão denso que, nalguns pontos, nem o Sol entra.
Se antes se viu uma razia e saque de florestas distribuídas entre “camaradas”, depois foi o caso de gente concreta entrar nos cofres de bancos e de empresas públicas e sacarem o que quisessem.
Moçambique transformou-se paulatinamente, primeiro, e, depois, aceleradamente, num “festival do gamanço”.
Compatriotas, não há quem vá salvar Moçambique, se não forem os moçambicanos.
É preciso deixar de considerar tabu falar da verdade, embora seja doloroso.
Este Moçambique precisa de situar-se, e aos seus cidadãos impõe-se que tomem o destino nas suas mãos.
Visto está que houve uma estratégica concertada e envolvente para impedir que a separação dos poderes democráticos tivesse espaço.
Hoje temos uma PGR acorrentada e imobilizada porque isso beneficia prevaricadores concretos dos preceitos gestão dos recursos públicos.
Hoje temos uma PIC que não se dedica ao combate ao crime como a situação exige porque existe relutância em libertá-la para funções da sua especialidade.
Hoje conclui-se que o Governo se encontra ligado a dívidas suspeitas de terem sido contraídas de forma ilegal e contra a CRM.
Suspeita-se que haja interesses privados de permeio e que a PGR finge que não sabe e nunca soube.
É um momento especial para os moçambicanos. Há uma realidade que deve ser encarada sem subterfúgios e nem fugas para a frente.
Importa aclarar se houve pessoas que abusaram da confiança nelas depositada. Se abusaram de cargos que exerciam, há que responsabilizá-los sem contemplações.
Os “endeusados e infalíveis” de ontem precisam de responder pelo que fizeram, assim como acontece aos outros moçambicanos.
Não é puritanismo e não venham alguns dizer que não há países sem dívidas. Isso é desculpa mais do que esfarrapada…
Uma coisa é presunção de inocência, e outra coisa é protecção de crimes financeiros hediondos. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 21.04.2016
É uma cumplicidade organizada para lesar os moçambicanos.
Aqueles deputados mais intervenientes criativamente destilando ódio para quem questiona procedimentos que atentam contra a causa pública são os mesmos que agora cobardemente se calam face ao “desabar do castelo de areia”.
Hoje, a cada dia que passa, a máscara cai. “Santos viraram a diabos” e não há quem não se sinta enganado, defraudado. Tantas “presidências abertas e inclusivas” para, no final, nos ser dado a conhecer que estávamos a ser enganados.
A crise financeira que aperta os cintos de milhões de pessoas foi produzida de maneira consistente com agendas de enriquecimento ilícito.
O Estado foi utilizado de forma criminosa como se fosse uma propriedade privada. Um partido político até com história entrou em derrapagem moral e política ao aceitar servir de lavandaria e de cobertura para operações de todo o tipo. Os seus membros que se arvoravam no direito de beneficiarem da sua participação na luta de libertação nacional e vieram a público proclamarem que tinham o direito de ser e ficar ricos. Que gozem de reformas chorudas e de reconhecimento oficial ninguém problema com isso.
Que sejam ricos, também não incomoda.
O que é inaceitável é que se transformem em “vampiros sugando o sangue dos moçambicanos”.
Nenhum moçambicano tem problema de ver os seus compatriotas ricos ou poderosos, e, quanto a isso, tem de ficar claro que não há inveja que mova os críticos, como alguns por vezes pretendem fazer crer.
Moçambique, como qualquer país, tem os seus problemas. A diferença é que, entre nós, existe a mania de atribuir aos outros tudo o que corre mal
A tristemente famosa “mão externa” já foi esgrimida inúmeras vezes.
Uma crise financeira arquitectada ou resultando de uma agenda belicista camuflada de defesa do Estado e da soberania coloca Moçambique tremendo nos seus alicerces.
Porque a normalidade governativa é mais importante do que os egos ou as pessoas, é importante tudo fazer para responsabilizar os que se apropriaram da coisa pública e encheram bolsos e contas bancárias. O tamanho dos buracos tem de ser tapado com factos e não palavrinhas convenientes nos jornais e estações televisivas. Ilustres sumidades em economia têm alguma palavra a dizer neste processo, mas importa não esquecer que muitos dos palestrantes vão tentar relativizar a dívida e a razão da sua existência. Muitas “granadas de fumo” irão ser lançadas em defesa de chefes e chefinhos. A teia da corrupção, do nepotismo e do tráfico de influências em Moçambique é um matagal tão denso que, nalguns pontos, nem o Sol entra.
Se antes se viu uma razia e saque de florestas distribuídas entre “camaradas”, depois foi o caso de gente concreta entrar nos cofres de bancos e de empresas públicas e sacarem o que quisessem.
Moçambique transformou-se paulatinamente, primeiro, e, depois, aceleradamente, num “festival do gamanço”.
Compatriotas, não há quem vá salvar Moçambique, se não forem os moçambicanos.
É preciso deixar de considerar tabu falar da verdade, embora seja doloroso.
Este Moçambique precisa de situar-se, e aos seus cidadãos impõe-se que tomem o destino nas suas mãos.
Visto está que houve uma estratégica concertada e envolvente para impedir que a separação dos poderes democráticos tivesse espaço.
Hoje temos uma PGR acorrentada e imobilizada porque isso beneficia prevaricadores concretos dos preceitos gestão dos recursos públicos.
Hoje temos uma PIC que não se dedica ao combate ao crime como a situação exige porque existe relutância em libertá-la para funções da sua especialidade.
Hoje conclui-se que o Governo se encontra ligado a dívidas suspeitas de terem sido contraídas de forma ilegal e contra a CRM.
Suspeita-se que haja interesses privados de permeio e que a PGR finge que não sabe e nunca soube.
É um momento especial para os moçambicanos. Há uma realidade que deve ser encarada sem subterfúgios e nem fugas para a frente.
Importa aclarar se houve pessoas que abusaram da confiança nelas depositada. Se abusaram de cargos que exerciam, há que responsabilizá-los sem contemplações.
Os “endeusados e infalíveis” de ontem precisam de responder pelo que fizeram, assim como acontece aos outros moçambicanos.
Não é puritanismo e não venham alguns dizer que não há países sem dívidas. Isso é desculpa mais do que esfarrapada…
Uma coisa é presunção de inocência, e outra coisa é protecção de crimes financeiros hediondos. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 21.04.2016
Sem comentários:
Enviar um comentário