O académico Severino Ngoenha defende que Moçambique tornou-se um bom cliente na compra de armas para a guerra, em detrimento de aquisição de instrumentos que visam melhorar o bem-estar dos cidadãos. Ngoenha lamenta o cenário e faz duras críticas à delegação do FMI que, recentemente, escalou Moçambique para avaliar a dívida pública.
Severino Ngoenha diz que as recomendações deixadas pelo FMI prejudicam em larga medida a população de renda baixa. “A delegação do FMI não veio olhar a dimensão política da redistribuição, veio olhar a dimensão económica. E o que diz? Que é necessário baixar o metical e reduzir os custos do Estado, quer dizer, diminuir os funcionários, baixar os salários e aumentar os impostos, para que Moçambique tenha uma economia e um metical viável”, explicou o académico.
Para Ngoenha, o FMI não olha para a dimensão social dos indivíduos e não tem nada a ver com o poder de compra das comunidades. E não deixou de criticar as diferenciações sociais que afectam os moçambicanos.
“Ao mesmo tempo que temos uma pobreza galopante, e que vai aumentar nos próximos anos com a prática económica que o FMI nos traz, por outro lado, temos em Moçambique gente com capacidade de acumulação que chega a níveis competitivos no domínio internacional. Quer dizer que Moçambique pautou pelo neo-liberalismo. Os Acordos de Paz assinados em Roma abriram espaço para que uma nova configuração existisse, onde o dinheiro passou a ser o padrão essencial e dominador das relações entre as pessoas e entre as comunidades”, concluiu o filósofo.
Fonte: O País - 04.07.2016
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