01/07/2016
A
bancada parlamentar da Frelimo desta legislatura, que aprovaram a inclusão das
dívidas ilegalmente avalizadas pelo Governo de Armando Guebuza, tem uma grande
oportunidade de entrar para a história como um bom exemplo de incompetência e
falta de bom senso. Só há uma possibilidade para que isso não aconteça: desde
que ela não aprecie positivamente a Conta Geral do Estado (CGE) referente ao
Exercício Económico de 2014.
O
alerta já foi feito, e dias piores estão por vir. Porém, no seu estilo
sacerdotal que faz lembrar os meros funcionários públicos preparados para
subscreverem todas as decisões insensatas do Governo de turno, os deputados da
Frelimo vão fechar os olhos perante a maior burla da história do país, num acto
de promiscuidade e traição ao sofrido povo moçambicano. Na verdade, em silêncio,
para legalizar esta roubalheira de proporções pornográficas, foi incorporado 350
milhões de dólares norte-americanos no Exercício Económico de 2014, como despesa
de investimento militar e os seus deputados, pseudo servidores do povo,
aprovaram sem se importarem com a violação da Lei Orçamental de 2013, constatada
pelo Tribunal Administrativo (TA).
Sem
nenhuma réstia de sentimentos relativamente à incerteza do futuro de milhões de
moçambicanos, este bando de deputados prossegue em lume brando, marimbando-se da
terrível situação que se assistirá nos próximos dias no que diz respeito a
carestia de vida. Até porque eles têm os problemas básicos resolvidos à custa do
suor – e até sangue – de milhares de cidadãos. Aliás, não há nada para cortar do
lado dos deputados, só do lado povo, que se virá obrigado a apertar os cintos,
ao ponto de perder a sua dignidade.
Importa
referir que, diante desse cenário, Nyusi e a sua turma não falam em cortes nas
suas regalias que, com alguma frequência, os permitem fazer travessuras nos
hipermercados da vizinha África de Súl. Infelizmente, o povo que ingenuamente
confiou aos deputados da Frelimo a resolução dos seus problemas e o destino da
nação, e forçado a viver a pão e água, devido a uma corja de indivíduos que
estão preocupados em ampliar os seus impérios económicos pessoais.
Hoje
parece que ninguém tem dúvida que os deputados da Frelimo continuam a apostar no
atraso do povo e do país. Desde a independência, Moçambique nunca teve um índice
de qualidade de vida razoável, nem uma economia próspera e controlada e tampouco
conseguiu ser auto-sustentáveis na produção de alimentos. O nosso país importa
anualmente quase um milhão de toneladas de cereais, o que o torna vulnerável a
choques externos, uma vez que a produção nacional permanece incapaz de
satisfazer as necessidades de consumo interno. O país tem défices notáveis em
produtos que poderia produzir para o consumo interno e até ter excedente para
exportar. Continuamos, portanto, a depender da ajuda externa. Tudo isso deve-se
à falta de sensibilidade dos deputados e do Governo da Frelimo.
@VERDADE
- 01.07.2016
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