08/07/2016
A TALHE DE FOICE Por Machado da Graça
No meio da proliferação de informação que começa a surgir a respeito das já famosas dívidas secretas contraídas durante o mandato de Armando Guebuza, a pergunta cada vez mais insistente é sobre onde foi parar todo esse dinheiro.
O Governador do Banco de Moçambique, Ernesto Gove, garante que nem um centavo entrou nos cofres do seu banco e não tenho nenhuma razão para duvidar da palavra dele.
Temos portanto uma quantidade enorme de dinheiro que saiu do Crédit Suisse (Suíça) e do Vnesh Torg Bank (Rússia) e depois desapareceu como se fosse fumo.
Podem-me dizer que o dinheiro da EMATUM foi gasto nos barcos de pesca e de vigilância da costa marítima, mas aparentemente, pelos preços indicados pelos estaleiros fabricantes, isso não cobre nem metade do que lhe foi destinado. O resto perde-se numa sequência de diferentes empresas todas elas incluindo a designação
EMATUM, com sede na Holanda, e em que não se sabe bem quem é o dono de quê.
Como é que esse dinheiro acaba por ir parar, por exemplo, às empresas Msumbiji Investments, domiciliada em Hong Kong e Timabes AG, registada no Liechtenstein, ambas propriedade de Mussumbuluko Guebuza tendo sido utilizado na compra de armamento em Israel.
Já anteriormente perguntei onde foi parar o dinheiro que não tem nenhuma explicação de utilização até ao momento, como por exemplo, o destinado à construção de dois estaleiros de reparação naval, um em Pemba e o outro em Maputo.
Do dinheiro pedido pela PROINDICUS para sistemas de radar e outros instrumentos de protecção costeira, também não há conhecimento público de que esses equipamentos tenham sido adquiridos e/ou instalados.
Tudo isto leva a que, cada vez mais, entidades defendam que estas dívidas não devem ser pagas.
É essa a posição das principais organizações não governamentais do país, é igualmente a posição dos dois partidos da oposição parlamentar, a RENAMO e o MDM, e é já também a posição do representante da União Europeia, Sven Von Burgsdorff, conforme expresso no Canal de Moçambique de 6 de Julho de 2016.
Contra essa posição temos apenas as declarações do Primeiro-Ministro Carlos Agostinho do Rosário que afirmou, recentemente, que o não pagamento das dívidas acarretaria para o país consequências muito mais graves do que o pagamento.
O Primeiro-Ministro, no entanto, não deu qualquer indicação sobre quais seriam essas consequências.
SAVANA – 08.07.2016
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