Xícara de Café por Salvador Raimundo
NÃO estou convencido dos argumentos, ontem, do Chefe de Estado para declinar a auditoria internacional à dívida pública, particularmente aquela contraída às costas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e dos moçambicanos.
O presidente diz, passado muito tempo desde que o FMI exigiu a intervenção da auditoria forense à dívida oculta, Nyusi, dizía, lembra que o país tem instituições soberanas, que primeiro trabalham no esclarecimento do caos, e só depois, se encalhar, é que a auditoria internacional virá cá fazer o seu trabalho.
As instituições referidas pelo presidente da República, Filipe Nyusi, são a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Assembleia da República, por uma comissão parlamentar de inquérito.
Ora, a PGR veio a público recentemente denunciar a existência de indícios criminais em todo o processo, mas, vale a pena sublinhar isto, lembrou a sua complexidade, por mexer com muitas pessoas, muitos países e envolver muito dinheiro.
Perante isso, a PGR falou da necessidade de requisitar ajuda de diversos parceiros lá de fora.
Portanto, a PGR tem já assumido que é preciso virar as atenções colaboracionistas fora de portas. Hoje o respeitoso presidente vem nos dizer que declina auditoria internacional.
A comissão parlamentar não é consensual, pois a Renamo volta a recusar fazer parte enquanto representantes da sociedade civil não forem convidados para a mesma. Logo, os resultados daí decorrentes serão, no mínimo, de torcer o nariz.
É verdade que a nível parlamentar é complicado formal coesão entre as bancadas, dada a terrível rivalidade entre elas, com destaque para a relação Frelimo-Renamo.
Por outro lado, tem graça que Adriano Maleiane, ministro da Economia e Finanças, tenha contratado perícia internacional inspirado na crise da dívida oculta, nomeadamente as novaiorquinas Lazart e White & Case LLP.
Ou seja, por perceber o real alcance das palavras do presidente Filipe Nyusi quanto à vinda, ou não, de auditores internacionais, sabido que o assunto dívida já terá motivado a vinda de peritos internacionais para abordar precisamente questões decorrentes desse escândalo.
Em 1984, Moçambique aderiu ao FMI, com todas as suas regras a serem aceites pelo Estado moçambicano. Os pouquíssimos críticos à recorrência ao Fundo – se é que houve quem ousasse dar nega à iniciativa – acabaram dando mão a torcer, identificando-se com a soberania que estava a ser posta em causa.
Hoje, Filipe Nyusi diz-nos a nós e ao FMI, que o organismo deve ir à fava (passe o exagero), por atentar contra a soberania.
Ou seja, os tipos do Fundo só são aceites quando queremos os seus milhões, mas quando o assunto é deixá-los trazer cá auditoria internacional, colocamos travão e dizemos: parem lá aí que nós cá temos uma soberania a defender.
Não sei até que ponto isso será funcional.
Temo que, de repente, testemunhemos a vinda de auditores e o querido presidente se engasgue, perante o diz-não-diz, volta-a-dizer, tal na mediação externa nas negociatas da paz...
EXPRESSO – 25.07.2016
É verdade que a nível parlamentar é complicado formal coesão entre as bancadas, dada a terrível rivalidade entre elas, com destaque para a relação Frelimo-Renamo.
Por outro lado, tem graça que Adriano Maleiane, ministro da Economia e Finanças, tenha contratado perícia internacional inspirado na crise da dívida oculta, nomeadamente as novaiorquinas Lazart e White & Case LLP.
Ou seja, por perceber o real alcance das palavras do presidente Filipe Nyusi quanto à vinda, ou não, de auditores internacionais, sabido que o assunto dívida já terá motivado a vinda de peritos internacionais para abordar precisamente questões decorrentes desse escândalo.
Em 1984, Moçambique aderiu ao FMI, com todas as suas regras a serem aceites pelo Estado moçambicano. Os pouquíssimos críticos à recorrência ao Fundo – se é que houve quem ousasse dar nega à iniciativa – acabaram dando mão a torcer, identificando-se com a soberania que estava a ser posta em causa.
Hoje, Filipe Nyusi diz-nos a nós e ao FMI, que o organismo deve ir à fava (passe o exagero), por atentar contra a soberania.
Ou seja, os tipos do Fundo só são aceites quando queremos os seus milhões, mas quando o assunto é deixá-los trazer cá auditoria internacional, colocamos travão e dizemos: parem lá aí que nós cá temos uma soberania a defender.
Não sei até que ponto isso será funcional.
Temo que, de repente, testemunhemos a vinda de auditores e o querido presidente se engasgue, perante o diz-não-diz, volta-a-dizer, tal na mediação externa nas negociatas da paz...
EXPRESSO – 25.07.2016
EY: Lembrem-se que Nyusi assinou alguns documentos na compra dos navios de Guerra da famosa EMATUM. Sendo assim o seu nome está entre os contraentes da dívida. O que esperavam dele? Despertem irmãos....
Sem comentários:
Enviar um comentário