O ministro da Defesa Nacional de Moçambique, Atanásio Salvador Ntumuke, afirmou que o Governo não se responsabiliza pela segurança do líder da RENAMO, enquanto ele estiver fora das cidades moçambicanas.
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Afonso Dhlakama encontra-se na Gorongosa, de onde se recusa a sair até que o Governo aceite uma mediação do conflito político
O ministro da Defesa Nacional moçambicano afirmou, em declarações após a abertura do ano letivo militar na Beira, na última sexta-feira (26.02), que o Governo não se responsabiliza pela segurança de Afonso Dhlakama, enquanto ele não regressar às cidades moçambicanas.
Atanásio Salvador Ntumuke acrescentou ainda que cabe ao líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) criar condições para a sua segurança onde quer que ele esteja. "Como é que ele saiu? Então, aí é que está o problema. Nós, da defesa e segurança, não sabemos", afirmou o ministro.
"Isto depende dele, ele foge de algo, da cidade para o mato. Portanto, nós estamos prontos para garantir a sua segurança, mas ele está no mato. Como é que nós vamos garantir a segurança? A não ser que os senhores conheçam onde ele está", acrescentou Ntumuke, quando questionado pelos jornalistas presentes se o Governo estaria a fazer algo para garantir a segurança de Dhlakama.
O ministro da Defesa Nacional de Moçambique esclareceu que as forças de defesa e segurança só poderão garantir a saída segura de Dhlakama mediante ordens do Presidente moçambicano e Comandante-Chefe das forças de defesa e segurança, Filipe Nyusi.
"Nós obedecemos às ordens do Comandante-Chefe. Quando [Dhlakama] foi resgatado da primeira vez, o Comandante-Chefe deu ordem para abrirmos um corredor [de segurança], para o trazermos para a Beira", esclareceu Atanásio Ntumuke, que reforçou que "para o Governo, Afonso Dhlakama está na Beira. Terá de ser o Chefe de Estado a ordenar às forças de segurança que abram o corredor para o trazer de volta à cidade, e nós estamos disponíveis".
O ministro moçambicano assegurou ainda que há cerco à serra da Gorongosa, sem avançar qual o paradeiro do líder da RENAMO, principal partido da oposição.
Governo reforça segurança e desmente violações dos direitos humanos
Depois do aumento da violência na N1, a principal estrada de Moçambique, o Governo moçambicano introduziu escoltas militares junto às viaturas civis. Na semana passada (25.02), homens armados da RENAMO dispararam contra viaturas civis em ambos os troços da N1, em Sofala.
Ao longo da última semana, o Governo moçambicano tem vindo a desenvolver esforços para desativar as maiores bases militares da RENAMO em Gorongosa, Maringue e Mangomonhe, na província de Sofala, onde se presume que sejam planeados os ataques às viaturas civis e às colunas militares ao longo da Estrada Nacional 1.
De acordo com um relatório da Human Rights Watch, vários refugiados moçambicanos no Malawi acusam as forças armadas na província de Tete de execuções sumárias, abusos sexuais e maus-tratos.
Atanásio Ntumuke desmente os dados apresentados no relatório. “Violar o quê? Vocês assistiram aqui à abertura do ano letivo militar. Isto tudo é para garantir a segurança do país e a integridade territorial. Quando falamos no país estamos a falar dos senhores daqui, que é quem faz parte do povo. O Dhlakama faz parte do povo. Então, de nenhuma maneira, as forças de defesa e segurança podem violentar a população”.
DW – 01.03.2016
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