Canal de Opinião por Noé Nhantumbo
Conselho
de Estado ou depositório de compadres?
O Conselho de Estado e o Conselho Nacional de Defesa e Segurança não podem continuar a ser sugadouros de recursos públicos. Não podem ser asilo de idosos, que nada fazem em prol da verdadeira agenda nacional.
Tem de ser mais do que um clube de amigos que recebem mordomias em função de trabalho realizado no passado. Não podem ser uma garantia de reforma dourada, numa clara determinação de que os detentores do poder fazem o que querem sem que ninguém possa interferir.
Moçambique não pode ser um Estado de Direito que só faz de conta que é, quando na verdade não é.
A impunidade judicial com que se movimentam as figuras de proa da nossa arena político-financeira tem sido um cancro político de dimensões desconhecidas. Grupos de interesse poderosos têm cozinhado a agenda nacional a seu bel-prazer.
Um acumular danoso de subterfúgios mina a credibilidade de quem se diz interessado na paz e concórdia em Moçambique.
A parafernália de organismos criados para aconselhar o PR em assuntos de importância nacional está-se revelando um aborto. Gastam rios de dinheiros públicos em exercícios teatrais que pouco ou nenhum resultado concreto traz para benefício dos moçambicanos.
O Conselho de Estado e o Conselho Nacional de Defesa e Segurança não podem continuar a ser sugadouros de recursos públicos. Não podem ser asilo de idosos, que nada fazem em prol da verdadeira agenda nacional.
Tem de ser mais do que um clube de amigos que recebem mordomias em função de trabalho realizado no passado. Não podem ser uma garantia de reforma dourada, numa clara determinação de que os detentores do poder fazem o que querem sem que ninguém possa interferir.
Moçambique não pode ser um Estado de Direito que só faz de conta que é, quando na verdade não é.
A impunidade judicial com que se movimentam as figuras de proa da nossa arena político-financeira tem sido um cancro político de dimensões desconhecidas. Grupos de interesse poderosos têm cozinhado a agenda nacional a seu bel-prazer.
Um acumular danoso de subterfúgios mina a credibilidade de quem se diz interessado na paz e concórdia em Moçambique.
A parafernália de organismos criados para aconselhar o PR em assuntos de importância nacional está-se revelando um aborto. Gastam rios de dinheiros públicos em exercícios teatrais que pouco ou nenhum resultado concreto traz para benefício dos moçambicanos.
Estamos em
crise que se agudiza a cada dia porque os detentores reais do poder não desarmam
nem estão dispostos a ceder às reivindicações legítimas da maioria dos
moçambicanos.
Um país normal não é algo que se retalhe e se divida entre compadres e comadres, como se tem visto acontecer em Moçambique.
Os membros proeminentes do “clube vermelho” tomaram tudo o que existia e, na iminência de verem as suas posições ruindo e os seus poderes “chamuscados” por um poder judicial independente, decidiram “blindar”, golpearam a CRM através da CNE/STAE/CC.
É tempo de ver alguma dignidade em pessoas que algum dia granjearam admiração dos seus compatriotas.
Não há quem tenha problema com o estatuto ou grandeza da mansão de alguém ou o tamanho da viatura do mesmo. Não importa a ninguém que algum compatriota tenha uma conta bancária mais gorda do que seu vizinho de lado. Quantas esposas ou concubinas alguém tenha, é de interesse e fórum privado. Onde passam férias as figuras da elite local, não faz parte da agenda nacional.
Os que compõem tão importantes órgãos como o CE e o CNDS têm de assumir a sua responsabilidade agora e levar ao PR à razão no sentido de não deixar a paz escorregar por causa de interesses privados concêntricos.
Quando o Papa diz que a obrigação dos governantes é construir a paz, isso corresponde à mais pura verdade.
Não faz sentido dizer que vivemos numa República quando as coisas são feitas de forma completamente aos preceitos republicanos.
Um país de “intocáveis” convenientemente colocados no CE e no CNDS ou em outros órgãos chamados de soberania é uma fórmula contra a paz e a democracia.
Como se pode permitir que Moçambique se torne num país de sequestros, raptos e assassinatos?
Que vale a riqueza rodeada de pobreza?
Aos olhos de todos assiste-se a um abate de florestas assustador que já parece afectar o clima do nosso país. Fala-se de “El Niño”, mas não se diz que a exportação de madeira para a China é um problema que precisa de ser tratado, atacado e resolvido. É um assunto de Estado, mas os nossos conselheiros de Estado jamais se pronunciaram publicamente sobre o assunto.
O rearmamento é um exercício coberto pelos ditames da soberania, mas quando é feito de modo suspeito e rodeado de zonas de penumbra, em que nem os deputados recebem ou têm informação do que se passa, algo não anda bem.
Recursos energéticos de grande vulto são negociados e retalhados, decisões sobre gasodutos são tomadas de maneira secreta de forma lesiva para o desenvolvimento nacional, e o nosso Parlamento não se pronuncia nem é chamado a pronunciar-se.
Vende-se gás de Pande/Temane a preços irrisórios à África do Sul em detrimento do tesouro nacional, e depois têm o atrevimento de informar aos moçambicanos que se trata de promoção de investimento estrangeiro. E, mais uma vez, o nosso Parlamento jamais se pronunciou categoricamente.
É sobre este tipo de assuntos que se deve falar sem tabus para que amanhã não sejamos tomados de surpresa com mais monstros como a EMATUM.
É o conjunto de assuntos de âmbito nacional conhecidos que devemos ver os nossos órgãos conselheiros se pronunciando com urgência e contundência.
O PR e os seus conselheiros devem deixar de brincar com aqueles órgãos e imprimir uma dinâmica que os honre.
Queremos ver a fasquia subindo e um desempenho que justifique aquilo que os moçambicanos pagam através dos seus impostos e sacrifícios.
Desmond Tutu, ancião e religioso com prestígio internacional, tem mostrado como é que se faz política e se influencia a política em defesa dos povos. Não recua, quando é a hora de criticar o ANC e o seu Governo, sempre que estejam em causa os valores pelos quais lutaram os sul-africanos contra o “apartheid”.
Aqui, o problema não é ser ou não da Frelimo ou de qualquer outro partido. A única coisa que há que acautelar são os legítimos direitos políticos e económicos dos milhões de moçambicanos que vegetam e estão condenados à indigência.
Correr atrás do prejuízo que nos conduziu a mais este ciclo de violência gratuita, de terrorismo de Estado e de desmandos são as tarefas que não se podem adiar. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 22.03.2016
Um país normal não é algo que se retalhe e se divida entre compadres e comadres, como se tem visto acontecer em Moçambique.
Os membros proeminentes do “clube vermelho” tomaram tudo o que existia e, na iminência de verem as suas posições ruindo e os seus poderes “chamuscados” por um poder judicial independente, decidiram “blindar”, golpearam a CRM através da CNE/STAE/CC.
É tempo de ver alguma dignidade em pessoas que algum dia granjearam admiração dos seus compatriotas.
Não há quem tenha problema com o estatuto ou grandeza da mansão de alguém ou o tamanho da viatura do mesmo. Não importa a ninguém que algum compatriota tenha uma conta bancária mais gorda do que seu vizinho de lado. Quantas esposas ou concubinas alguém tenha, é de interesse e fórum privado. Onde passam férias as figuras da elite local, não faz parte da agenda nacional.
Os que compõem tão importantes órgãos como o CE e o CNDS têm de assumir a sua responsabilidade agora e levar ao PR à razão no sentido de não deixar a paz escorregar por causa de interesses privados concêntricos.
Quando o Papa diz que a obrigação dos governantes é construir a paz, isso corresponde à mais pura verdade.
Não faz sentido dizer que vivemos numa República quando as coisas são feitas de forma completamente aos preceitos republicanos.
Um país de “intocáveis” convenientemente colocados no CE e no CNDS ou em outros órgãos chamados de soberania é uma fórmula contra a paz e a democracia.
Como se pode permitir que Moçambique se torne num país de sequestros, raptos e assassinatos?
Que vale a riqueza rodeada de pobreza?
Aos olhos de todos assiste-se a um abate de florestas assustador que já parece afectar o clima do nosso país. Fala-se de “El Niño”, mas não se diz que a exportação de madeira para a China é um problema que precisa de ser tratado, atacado e resolvido. É um assunto de Estado, mas os nossos conselheiros de Estado jamais se pronunciaram publicamente sobre o assunto.
O rearmamento é um exercício coberto pelos ditames da soberania, mas quando é feito de modo suspeito e rodeado de zonas de penumbra, em que nem os deputados recebem ou têm informação do que se passa, algo não anda bem.
Recursos energéticos de grande vulto são negociados e retalhados, decisões sobre gasodutos são tomadas de maneira secreta de forma lesiva para o desenvolvimento nacional, e o nosso Parlamento não se pronuncia nem é chamado a pronunciar-se.
Vende-se gás de Pande/Temane a preços irrisórios à África do Sul em detrimento do tesouro nacional, e depois têm o atrevimento de informar aos moçambicanos que se trata de promoção de investimento estrangeiro. E, mais uma vez, o nosso Parlamento jamais se pronunciou categoricamente.
É sobre este tipo de assuntos que se deve falar sem tabus para que amanhã não sejamos tomados de surpresa com mais monstros como a EMATUM.
É o conjunto de assuntos de âmbito nacional conhecidos que devemos ver os nossos órgãos conselheiros se pronunciando com urgência e contundência.
O PR e os seus conselheiros devem deixar de brincar com aqueles órgãos e imprimir uma dinâmica que os honre.
Queremos ver a fasquia subindo e um desempenho que justifique aquilo que os moçambicanos pagam através dos seus impostos e sacrifícios.
Desmond Tutu, ancião e religioso com prestígio internacional, tem mostrado como é que se faz política e se influencia a política em defesa dos povos. Não recua, quando é a hora de criticar o ANC e o seu Governo, sempre que estejam em causa os valores pelos quais lutaram os sul-africanos contra o “apartheid”.
Aqui, o problema não é ser ou não da Frelimo ou de qualquer outro partido. A única coisa que há que acautelar são os legítimos direitos políticos e económicos dos milhões de moçambicanos que vegetam e estão condenados à indigência.
Correr atrás do prejuízo que nos conduziu a mais este ciclo de violência gratuita, de terrorismo de Estado e de desmandos são as tarefas que não se podem adiar. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 22.03.2016
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