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segunda-feira, 28 de março de 2016

Polícia moçambicana diz que rusgas contra a Renamo visam desativar esconderijos de armas

28 de Março de 2016, 14:03

 Maputo, 28 mar (Lusa) - A polícia moçambicana afirmou hoje que as rusgas que realizou no domingo na sede da Renamo, principal partido de oposição, e nas residências do líder do movimento em Maputo são parte de uma campanha para desativar esconderijos de armas.
Em conferência de imprensa de balanço semanal da atividade policial, o porta-voz da polícia moçambicana em Maputo, Orlando Mudumane, disse que os guardas detidos durante as rusgas terão de explicar a origem e a finalidade das armas apreendidas durante a operação.
"O trabalho (de investigação policial) continua a decorrer, eles terão de explicar a origem daquele material bélico", afirmou Modumane, acrescentando que a ação enquadra-se nos esforços da polícia visando a desativação de esconderijos de armas.
Em declarações à Lusa, o porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), António Muchanga, declarou hoje que o partido está a proceder ao levantamento de alegados prejuízos causados pela ação policial.
"Os departamentos encarregados de tomar conta da sede e das residências do presidente da Renamo estão a fazer o rescaldo dos atos de vandalismo praticados pela polícia", afirmou Muchanga, remetendo para mais tarde pormenores sobre a ação da polícia.
No domingo, a Renamo acusou a polícia de invadir duas residências do seu líder e a sede da organização em Maputo, mas as autoridades moçambicanas dizem que a ação visava a apreensão de material bélico.
"Nós fomos surpreendidos com invasão e arrombamento de duas residências do presidente [Afonso Dhlakama] e da sede do partido em Maputo", sustenta a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) em comunicado, indicando que as autoridades moçambicanas detiveram dois guardas e apreenderam 20 armas.
Em declarações citadas pelo diário O País, na sua página de internet, o comandante da Polícia da República de Moçambique, Júlio Jane, disse, no entanto, que a operação visava apenas a apreensão de material bélico e resultou na apreensão de 47 armas de fogo, além de pedras preciosas, munições e fardamento militar do partido de Afonso Dhlakama.
Esta versão é, no entanto, contrariada pelo comunicado da Renamo, que indica que na residência oficial de Afonso Dhlakama, onde vive a sua família, a polícia moçambicana apreendeu 20 armas do tipo AK-47 e deteve dois guardas.
De acordo com o comunicado, durante a sua operação numa outra residência de Afonso Dhlakama, a polícia moçambicana apreendeu 85.500 meticais para compra de víveres e na sede do partido, localizada no centro da capital, foi confiscado cerca de duzentos mil meticais, um computador e duas armas do tipo AK-47.
"É do conhecimento de todo o povo moçambicano e da comunidade internacional que essas armas estavam naquela casa do presidente da Renamo desde outubro de 1993", no âmbito dos acordos de paz, lê-se ainda no documento, que questiona as razões que levam a "Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique, partido no poder] e seu Governo a levar estas armas".
Na versão da Polícia moçambicana, a operação, que durou cerca de uma hora e em que "não foi usada nenhuma força", resultou de denúncias de munícipes e as autoridades notificaram os guardas que se encontravam nos locais.
A Renamo, no seu comunicado, diz que o seu líder vai reagir apenas politicamente, recordando que a guerra civil no país terminou há 24 anos, com a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.
A crise política em Moçambique agravou-se nas últimas semanas, com o registo de vários ataques atribuídos ao braço armado do maior partido de oposição.
Além de uma vaga de refugiados para o Malaui, país vizinho, as confrontações entre forças de defesa e segurança e o braço armado maior partido de oposição já provocaram um número desconhecido de vítimas mortais.
A Renamo ameaça governar à força nas seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando o partido no poder, a Frelimo, de ter protagonizado uma fraude eleitoral no último escrutínio.

PMA (EYAC) // VM
Lusa/Fim

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