"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 21 de maio de 2018

Depois de ter comparado Dhlakama a Moisés da Bíblia Conselho Cristão dá o dito por não dito

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Foto de Ser - Huo.Depois de ter comparado Dhlakama a Moisés da Bíblia Conselho Cristão dá o dito por não dito

Diz, agora, que foi publicada uma versão do elogio fúnebre sobre a qual não houve consenso.
O Conselho Cristão de Moçambique publicou, na passada terça-feira, no jornal “Notícias”, um elogio fúnebre a Afonso Dhlakama, elevando o presidente da Renamo ao nível de Moisés, por também ter sofrido quarenta anos no deserto e, quando aparentemente faltava pouco para a glória, morreu também em local e “circunstâncias não dignas”. Em nota de esclarecimento publicado no mesmo jornal dois dias depois, o mesmo Conselho Cristão de Moçambique, em outro comunicado, apararece a “lamentar a publicação por lapso, de uma versão” do documento sobre a qual diz que não houve consenso. “O texto enviado ao jornal notícia não corresponde à versão produzida e ‘consensualizada’ no seio dos membros do colectivo, devido a uma troca inadvertida ocorrida nalgum momento do 
processo de tramitação do expediente”, lê-se na nota rectificativa. Mas este comunicado não esclarece qual é o teor da versão sobre a qual se chegou a consenso. O Conselho Cristão de Moçambique é a versão eclesiástica das chamadas “Organizações Democrática de Massas” do partido Frelimo, e os sucessivos dirigentes do Conselho Cristão de Moçambique têm-se destacado no apoio ao Governo chefiado por esse partido, mesmo no período mais recente dos confrontos armados entre a Renamo e o Governo, e, por isso, criou perplexidade o documento do Conselho Cristão de Moçambique que exalta Dhlakama. No anúncio necrológico do Conselho Cristão de Moçambique – que foi das poucas instituições que emitiu um anúncio necrológico –, lê-se: “Este homem é filho de Deus que veio ao mundo e especialmente a Moçambique com uma missão es
pecífica de completar a liberdade do povo moçambicano, depois da independência nacional do país perante o subjugo colonial em 1975”. Segundo o Conselho Cristão de Moçambique, Dhlakama, depois da proclamação da Independência, em 1975, “viu que ainda falta a independência política, económica e social pelo qual se empenhou na sua busca, como um bem-estar que ainda não alcançou o seu clímax”. No anúncio necrológico, o Conselho Cristão de Moçambique diz que Dhlakama “não é o primeiro sofredor em libertação de um povo que não chega à conclusão do seu objectivo; Moisés sofreu quarenta anos no deserto e faltando pouco para a glória foi ao descanso e com a certeza de que se vai alcançar a vitória veio o Josué para terminar o percurso da história”.

O Conselho Cristão de Moçambique dizia, no seu comunicado, quea história de Afonso Dhlakama como homem “não difere daquele libertador do povo israelita, que durante muitos anos militou em todas as frentes buscando a glória de um povo que tanto merece porque o líder da Renamo buscou consensos com todos os governantes do país, infelizmente não honrados, mas não sossegou até que a sua vida terminasse em lugar menos digno, como Moisés”. O Conselho Cristão dizia também que não tem nada a contestar no poder de Deus e acrescenta: “O que rogamos aos compatriotas é que sejamos fortes, corajosos e avante porque o destino do percurso está mais próximo e à família queremos agradecer-lhe por ter aceitado cuidar deste filho que veio ser herói da nação”.

Dirigindo-se à família enlutada, o Conselho Cristão de Moçambique escreveu: “Deus vos console e vos dê a recompensa pela mordomia oferecida, e ao ilustre Afonso Dhlakama, descanse em paz e tranquilo, que não tenhas sofrido em vão, a sua história fica escrita nos corações do povo moçambicano”. (Eugénio da Câmara)
CANALMOZ- 21.05.2018

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