Afonso Dhlakama, o presidente do partido Renamo, não foi apenas o líder do maior partido da oposição em Moçambique. Foi, na verdade, um homem cheio de convicções e que defendeu, sem vergar, os seus ideias até a sua morte. O auto-intitulado “pai da democracia” em Moçambique liderou a guerrilha contra quatro presidentes do partido Frelimo, mas acabou por falecer na quinta-feira (03) vítima de doença algures na serra da Gorongosa, na província de Sofala, onde estava refugiado.
Em defesa dos interesses da população, Dhlakama abdicou do luxo e das delícias da burguesia disponíveis ao longo da Avenida Julius Nyerere. E a sua morte chocou o país, o continente e o mundo, pois Dhlakama não foi apenas o líder do maior partido da oposição, mas sim a voz dos sem vozes, o legítimo representante dos moçambicanos oprimidos e excluídos por um Governo tribalistas e elitista que finge estar preocupado com os problemas dos moçambicanos. Líder incontestado do seu partido, Dhlakama sempre foi um homem comprometido com a sua causa.
O falecimento do presidente do partido Renamo acontece numa altura em que se estava negociar o dossiêr de descentralização, diga-se uma grande vitória alcançada pelo partido Renamo. A sua morte não ficou indiferente ao Estado moçambicano. O Conselho de Ministros decidiu que Afonso Dhlakama teria um funeral oficial, mas a cerimónia acabou por ser mais do que oficial.
Envolto na bandeira da República de Moçambique e carregado por uma guarda militar de honra o “pai da democracia”, Afonso Macacho Marceta Dhlakama, foi velado por dezenas de milhares de moçambicanos na última quarta-feira (09), no largo dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) na cidade da Beira, que ouviram a representante dos seus parentes imortalizá-lo, afirmando que a sua obra jamais morrerá.
Mesmo sem tolerância de ponto, centenas de moçambicanos juntaram-se no largo dos CFM para se despedirem do homem que abdicou do conforto e do luxo e deu a sua vida pela democracia. As ruas da cidade da Beira estavam todas inundadas de gente, e o carro funerário teve grandes dificuldades de sair da cidade da Beira em direcção ao regulado de Mangunde, porque a população entrou nas ruas e acompanhou a pé o carro funerário. Embora não tenha ascendido ao poder, os moçambicanos demonstraram que Dhlakama foi e sempre será o seu legítimo representante.
@VERDADE - 11.05.2018
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