quarta-feira, 9 de maio de 2018
Adeus pai da democracia!
Amanhã, quinta-feira, vão a enterrar os restos mortais de Afonso Marceta Macacho Dhlakama. Escreveu com tinta indelével a sua passagem pela terra. Foi um homem notável. Daqueles cuja ausência muitos sentirão, mesmo os que o não conheceram.
Se havia um homem capaz de fazer o contrabalanço à hipocrisia do Governo do dia, aos abusos, à acumulação do capital pela minoria que se achava nesse direito só porque pegou em armas, esse era, sem dúvidas, o Dhlakama.
Se havia um homem capaz de fazer o contrabalanço à hipocrisia do Governo do dia, aos abusos, à acumulação do capital pela minoria que se achava nesse direito só porque pegou em armas, esse era, sem dúvidas, o Dhlakama.
Dhlakama foi capaz de acabar com a arrogância frelimista e forçou Joaquim Chissano a assinar os Acordos de Paz, em Roma, em 1992. E general que era, no momento preciso que assinou os acordos, o troar das armas cessou. Não teve vida fácil, mesmo depois disso, tentaram embosca-lo diversas vezes, mas sempre escapou ileso. E não lutava para encher a sua barriga ou a dos seus familiares. Lutava por um Moçambique melhor. A sua família era o povo moçambicano.
Digam o que quiserem dizer, nenhum líder neste país foi capaz de arrastar tantas multidões. Campos de futebol cheios só para ouvirem a voz de Dhlakama. E, todavia, diziam que perdeu a eleição. Mas lá estava ele, compreensivo, a aceitar resultados fraudulentos porque queria o bem de Moçambique.
Dlakhama não roubou os dois biliões de dólares. Os que o fizeram são os que em vida o perseguiram, porque não queriam que os denunciasse. Não gostavam de quem falava a verdade. Não gostavam de quem dava voz ao povo. De quem apaziguava as inquietações do povo. E essa voz se calou. O que será de Moçambique? Voltará aos mesmos solavancos. Os camaradas multiplicarão os seus regabofes? O povo voltará a ser acorrentado? Cabe a cada um de nós lutar para que os ensinamentos de bravura deste homem singular sejam perpetuados.
Nini Satar
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