"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



segunda-feira, 28 de maio de 2018

Satunjira escreve pedaço da história do país - Por Ivone Soares*


Savana 02-08-2013
Cada vez que grandes eventos ocorrem em Moçambique um pedaço da história deste país se escreve. A título de exemplo, de 29 a 31 de Julho de 2013 em Satunjira, Gorongosa, esteve reunido, na sua segunda sessão ordinária, o Conselho Nacional da Renamo alargado a outros quadros. Foi um evento brilhante onde pude testemunhar a maravilha que é a democracia. Quando viajo pelas províncias na minha qualidade de mandatária do povo, ou nas missões político-partidárias sou interpelada por cidadãos preocupados com os seus pequenos ou grandes empreendimentos que podem não desenvolver caso ecluda uma guerra fratricida. Sobre esse assunto, as quase cinco centenas de participantes a segunda sessão ordinária do Conselho Nacional da Renamo exigiram a cessação das negociações entre a Renamo e o Governo da Frelimo depois da próxima ronda negocial. Ouviram-se vozes de vários conselheiros representantes das onze províncias do país exigindo um basta a tolerância demonstrada pelo Presidente da Renamo, Afonso Macacho Marceta Dhlakama. A maioria é de opinião que se em mais de uma dezena de rondas negociais ainda se está a debater o primeiro ponto da agenda não se vislumbrando até aqui o alcance de consensos, então que elas terminem. Porém, o Presidente Dhlakama acredita numa solução pacífica, encontrada por via do diálogo e por isso não concordou que o encontro RenamoGoverno da Frelimo a ter lugar no dia 5 de Agosto fosse o derradeiro. Ademais que a Assembleia da República tem como um dos pontos da sua agenda para a sessão extraordinária que iniciou a 1 de Agosto, a revisão Pacote Eleitoral. É que, não obstante, 14 rondas negociais terem acontecido, está na revisão do Pacote Eleitoral o cerne do “impasse” das negociações entre a Renamo e o Governo da Frelimo. Agora, se essa extraordinária do Parlamento moçambicano não buscar oferecer ao nosso país leis eleitorais transparentes, que confiram aos pleitos eleitorais a credibilidade que eles merecem, certamente as negociações terão sido um exercício governamental de entreter o maior partido da oposição em Moçambique, Renamo. Naturalmente, ficou claro que a Renamo tem um líder verdadeiramente visionário e amante da paz. Daí que em nome de uma real unidade nacional, da paz e da democracia duramente conquistada há que se trabalhar de mãos dadas para que continuemos um país uno e indivisível como reza a Constituição da República. É preciso que a Frelimo pare de promover ataques às delegações da Renamo e aos seus membros e sobretudo parar de incitar a Renamo a reagir, com violência. De nada adianta o discurso do senhor auto-estima que come sozinho, mas valia o do cabrito chefe que permitia que os demais comessem onde estivessem amarrados.
*Comunicóloga, Deputada da Assembleia da República pela Bancada Parlamentar da Renamo

Parece estar alojada nas mentes de certos meios oficiais ligados ao partido Frelimo, a ideia de que há órgãos de comunicação social e jornalistas do sector privado que são pagos por potências estrangeiras para desestabilizar o governo. Esta teoria conspirativa defende que os doadores estrangeiros que financiavam a oposição chegaram à conclusão de que esta era ineficaz para implementar a sua agenda, e encontraram, por isso, na imprensa independente a sua alternativa. Nada poderia ser melhor produto da fertilidade da imaginação de algumas mentes oucas. Sem apresentar qualquer tipo de provas, essas acusações estão a ser repetidas de forma sistemática, a tal ponto que já não nos podem deixar convencidos de que se trate de meros equívocos. São declarações que parecem fazer parte de uma campanha concertada nos laboratórios do trabalho ideológico do partido no poder e que visam desacreditar a imprensa independente, tornando esta culpada dos lapsos de governação que têm sido alvo de um amplo movimento de contestação popular. Não é que não estejamos habituados a este fenómeno. Não é a primeira vez, e certamente que não será a última, que um governo tenta desculpar-se dos seus insucessos procurando desenterrar imaginárias conspirações supostamente orquestradas do exterior. E neste acto de desepero, a imprensa é sempre o alvo de preferência. E não é difícil de perceber porque é que a imprensa, e sobretudo a imprensa livre, tem que ser um alvo a abater. A natureza do seu trabalho é manter a população informada do que se passa à sua volta, pondo à sua disposição instrumentos de análise que possam influenciar a sociedade e ajudá-la a compreender melhor as circunstâncias políticas, económicas e sociais em que se encontre num determinado momento. Por isso, para os estrategas da propaganda do partido, o primeiro passo para a consolidação do seu poder hegemónico é desactivar a imprensa independente, intimidando-a com acusações de traição. O objectivo é conseguir que a imprensa livre se remeta à defensiva e comece a pôr limites nas suas próprias palavras, recorrendo à auto-censura. Atingido esse objectivo, tudo o que resta para a sociedade consumir são enlatados de propaganda difundida por meios públicos que são subvertidos e desviados da sua missão original, para servir os interesses de uma elite predadora que usa o seu controlo do Estado para fins que são alheios aos do povo. É um insulto grave tentar insinuar que profissionais testados, alguns com mais de metade de século de vida e dezenas de anos nas trincheiras do jornalismo, sejam tão ingénuos e baratos para se deixarem comprar por umas moedas de prata somente com o único objectivo de desestabilizar o governo do seu próprio país. É elevar o intriguismo ao seu expoente máximo tentar sugerir que há jornalistas patriotas e não patriotas. Todos somos moçambicanos e devemos lealdade a esta Pátria. Haverá, obviamente, jornalistas que por qualquer razão gostariam de ver um outro governo no lugar do actual. Do mesmo modo que há jornalistas que acreditam que este é o melhor governo que alguma vez existiu em Moçambique. Mas a ambos estes grupos, assiste-lhes a lei que lhes dá o direito à livre escolha. E escolher estar do lado oposto ao do governo do dia não pode ser interpretado como significado de que alguém esteja ao serviço de interesses estrangeiros. Na verdade, se uma parte considerável do Orçamento Geral do Estado (OGE) é financiada por recursos provenientes dos doadores, e tendo em conta que os órgãos de comunicação social do sector público sobrevivem das subvenções que recebem deste mesmo orçamento, não será difícil perceber qual é a parte da nossa imprensa que vive à custa do dinheiro que vem do estrangeiro. Os que propalam a ideia de que a imprensa privada recebe subsídios do exterior para desestabilizar o governo esquecem-se, por uma questão de conveniência, que a imprensa não tem o poder de inventar factos, e que muitas vezes os pontos de vista veiculados pela imprensa são apenas a manifestação escrita, falada ou de imagem daquilo que é o sentimento geral da sociedade sobre o seu dia-a-dia. Ao apontar a imprensa privada como o culpado da actual situação que se vive no país, a máquina de propaganda do regime pretende desresponsabilizar os governantes, apresentando-os como meras vítimas de campanhas orquestradas do exterior e veiculadas internamente por elementos anti-patriotas alojados no seio da imprensa privada. Esta é uma falha de análise que não só serve para desinformar o público, como também não contribui para que os mesmos dirigentes a quem se tenta proteger, reflictam honestamente sobre a sua própria governação. A imprensa independente peca muitas vezes por todos os dias nos trazer verdades amargas. Mas o pior é sermos entretidos na boca com um rebuçado revestido de uma camada grossa de chocolate, mas que no seu miolo contém uma carga altamente explosiva de veneno. A

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de JP Sousa - ‎Citado por 285 - ‎Artigos relacionadosNa primeira parte do livro, abordo a teoria e a história do jornalismo, consagrando ... Na segunda parte, atento nos efeitos da comunicação social jornalística, .... quer mesmo em certos sectores domeio profissional dos jornalistas, onde ..... onde os órgãos jornalísticos geralmente são privados e onde a censura formal está ...

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