Crianças fizeram estremecer o governo

Suspensão de dispensas não entra em vigor este ano

Por António Tiua18 de Maio 13h52 - 118 Visitas

O encontro entre a Comissão do Ministério da Educação e os representantes dos alunos que participaram na manifestação de hoje durou cerca de uma hora. No final, o acordo veio pela voz dos protestantes.

A decisão de suspensão das dispensas do ensino secundário não vai entrar em vigor este ano. O sector da educação diz que vai mais uma vez reunir-se com os alunos para, além de ouvir suas posições, explicar como o processo de implementação da medida vai acontecer.

Por agora, continua em vigor o regulamento aprovado em 2015, pelo ministério então dirigido por Jorge Ferrão, segundo o qual além de terem direito a dispensa os alunos tinham que realizar apenas quatro exames.

Fatima Mimbire
13 h ·



Quando eu digo que este povo já não é o mesmo, parece brincadeira. Hoje foram pré-jovens exigir a reposição dos seus direitos estidantís. Estão de parabéns!
O que se passa com a minha geração? Nunca se manifesta por nada, excepto contra raptos porque, provavelmente, se sintam ameaçados. E é justo.
Mas... nunca ví uma manifestação contra a guerra com participação massiva. Nunca ví manifestação contra o custo de vida- foram jovens da periferia que fizeram a greve que se repercutiu em todo o país- e nós estávamos em casa encolhido a acompanhar tudo pela televisão.
Nunca vi manifestação contra a insegurança. Sim, insegurança. Muitos aqui vivemos nas zonas periféricas, onde não há estradas, não há iluminação e sequer polícia. Temos de fazer "vigílias" de vigilância contra os amigos do alheio porque eles são brutais quando chegam.
As estradas estão super esburacadas, algumas há mais de 6 meses, como se não existisse Conselho Municipal.

O Governo aumentou o preço dos combustíveis, o pão subiu, a água subiu, a energia subiu e se está a negociar outra subida. O salário só subiu 260 na função pública. O argumento é que não produzimos, Como se tivéssemos dito que não queremos produzir.

Recentemente vieram dizer-nos que vão rever a Constituição e nós passamos a votar num grupo que depois vai escolher quem nos governa nos municípios (retirando-nos um direito adquirido), nas províncias e, no futuro, nos distritos. Ficamos impávido e serenos.

O que percebi é que as pessoas se manifestam quando se sentem tocadas por uma situação específica. Os alunos do secundário vêem a desvalorização do seu esforço na medida do Ministério da Educação. Os nossos concidadãos de Cigwava vêem a sua dignidade ameaçada pelos militares, e foram até à Presidência.
E a minha geração, do desenrascar, que é obrigada a viver de boladas, não se toca com nada? O Facebook, os whatsap não agem, muito menos votam e vão mudar as coisas por nós.