Foi no principio de junho de 1973, sem precisar a data, quando exercia função de Comandante em Chefe do 4º Sector, ao Sul do rio Zambeze, na Província de Tete, onde recebi ordens da Frelimo e, planeei e dirigi o último ataque de grande envergadura, sem sucesso, infelizmente, contra o aquartelamento militar do Exército Colonial instalado em Chitima, junto ao Monte Songo, à poucos quilómetros do Complexo Hidroelétrico, da grande barragem de Cabora Bassa.
Nesse ataque, as forças guerrilheiras comandadas por mim e, pela primeira vez naquele sector, foi utilizada uma arma considerada muito sofisticada denominada por “KATIUSKA" (CACHUCHA) ou rampas lança foguetes, de calibre 122mm, fabricado na União Soviética.
Da minha parte, foi último combate que dirigi pessoalmente, contra forças coloniais e na altura comandava o 4º sector na Região Sul da Província de Tete, como era conhecida militarmente aquela região e, para dizer que, quando recebi essa ordem de ataque, já não tinha moral para dirigir qualquer ataque contra forças inimigas, pois estava sem iniciativa combativa, porque sabia que a minha vida estava em apuros e em perseguição, por ser chingondo, por parte de Samora Machel e seu grupo nomeadamente Joaquim Alberto "TZOM" Chissano, Sebastião Marco Mabote e José Phailane Moiane, que se tinham reunidos em Nachingwea, em meados de 1972 e, instruíram António Hama Thai, para me assassinar e substituir-me naquele sector.
Houve uma tentativa para me retirar da Região, do 4º para o 2º sector, na margem Norte do rio Zambeze e essa intenção foi cancelada, porque o Exército Colonial em coligação com as Forças Rodesianas e Sul -Africanas, estavam empenhadas numa ofensiva de grande envergadura, na tentativa de recuperar o 4º sector e, a minha retirada dali, seria desastrosa, e a Frelimo iria perder várias áreas anteriormente reconquistadas pela guerrilha, sob meu comando. Mesmo com a morte de Zeca Caliate, já anunciada contra a minha pessoa, não fiquei assustado e continuei a exercer a minha função de comandante tranquilamente e, por isso, o ataque acima referido, não podia correr da melhor maneira.
Nos finais de abril de 1973, recebi uma carta do Chefe das Operações Nacional, Sebastião Marco Mabote, com instruções dirigidas ao comando do 4º Sector, para que esse mandasse o serviço de reconhecimento “SERECO”, efetuar um reconhecimento minucioso ao quartel militar de Estima, pois Estado Maior da Frelimo, tinha a informação de que era, através daquele quartel, que concentrava o número maior de tropas que fazia segurança e protegia toda a área de Songo, inclusive Cabora-Bassa.
Como era do conhecimento de todos, o plano original da Frelimo renovada por Samora Machel, era o de destruir a barragem, que se encontrava em construção. Por isso, o quartel de Chitima devia ser transformado em cinzas, o mais depressa possível.
Foi então que destaquei, António Hama Thai, que também se intitulava de especialista de arma Katiuska, o qual se encontrava a comandar a base de artilharia do 4º sector, em substituição de, António Wilson, o chingondo que tinha sido compulsivamente forçado a acompanhar o Fernando Matavela a abrir a frente de Manica e Sofala.
Hama Thai, fez parte do grupo de reconhecimento ao famoso quartel de Chitima ,acompanhado por um dos especialistas de SERECO, de nome José Ájape. Dois dias depois, regressaram à Base Central do sector, com esquema muito mal desenhado e aldrabado, pois tiveram medo de se aproximarem daquele aquartelamento, para apurar dados concretos, pois ali estava estacionado um batalhão de soldados do Exército Colonial e, por medo, fizeram um reconhecimento de longe.
Efetuado o reconhecimento, informei ao chefe das operações Provincial e Nacional, estes responderam-me que eu tomasse a decisão do ataque e foi então que recebemos o reforço de combatentes provenientes do 1º sector sob comando do Chefe de Artilharia Provincial, Américo Mfumo, que chegou ao 4º sector acompanhado por técnicos especialistas daquelas rampas lança foguetes de 122mm.
Chegado o dia progredimos até ao rio Chirózi, como ponto de desdobramento, a poucos quilómetros de Chitima. Depois dos preparativos partimos para uma pequena serra, situada a sul de Songo, sensivelmente a 15 quilómetros do Quartel de Chitima e dali podíamos avistar com toda clareza, as luzes daquela pequena Vila e com binóculos podíamos ver, alguns caças bombardeiros e helicópteros, na pista da base, bem como os edifícios, armazéns e casernas, onde dormiam às tropas.
Quando os nossos relógios marcavam 22:30, os especialistas daquelas armas já tinham montadas as três posições de lançamentos e, às 22:45, o Comandante de Artilharia, Américo Mfumo, deu ordem para dispararem os três primeiros projecteis, que foram despenhar, lá para longe do alvo, no deserto de Songo e na segunda remessa, foram lançados mais três obuses, que também foram despenhar na direção oposta, desta feita para ocidente e, por fim reduziram a distância, e meia dúzia de projeteis, caíram próximo do quartel e um último obus, ficou encravado dentro do cano de lançamento.
Os homens estiveram-se aflitos ao transportar aquela rampa com projétil que não tinha disparado no seu interior, não se sabia se rebentava ou não, durante a caminhada.
Quando ainda estávamos na posição de combate, exército colonial ripostou ao ataque, embora muito longe de nós, com armas ligeiras e morteiros 60 e 80 mm, para nossa direcção, mas ninguém foi atingido, porque a distância que nos separava era muito grande.
Abandonamos o local do ataque, em duas colunas, um composta por nós, os chefes que tomamos a direção das montanhas de Chimandawe, onde se localizava a Base Central do 4º sector e, outra coluna dirigida, por um graduado, rumou em direção ao Régulo Chinhanda e, posteriormente dirigiu-se em direcção do rio Zambeze, que atravessou com sucesso, para a outra margem, ao Norte do 1º sector, na noite seguinte. Mesmo assim, forças inimigas, na manhã seguinte, um número indeterminado de caças bombardeiros e inclusive jactos Fiats e helicópteros, sobrevoaram muitas aéreas à procura da nossa localização, o que não foi possível.
Chegamos à base central do sector e, a seguir, iniciou-se uma reunião, onde João Facitela Pelembe, Tomé Eduardo, Américo Mfumo, António Hama Thai e Manuel Mendes, os cinco, desesperadamente tentavam razões, para justificar a falha e para me incriminar e condenar à pena capital e, senão o fizessem, seriam considerados incompetentes por Samora Machel.
O caso do Comandante do 4º sector, com a sua condenação, não era o primeiro a ser cometido. A reunião foi suspensa para o dia seguinte e, não foi encontrado motivo para me condenar.
Por fim chegou a mensagem, através do rádio transmissor. O autor da mesma, era Sebastião Mabote dirigida a João Pelembe e Tomé Eduardo, Chefe da Segurança, onde se dizia que o grupo não podia regressar ao 1º sector, sem que fosse cumprido, o que tinha sido combinado com o Chefe do DD, Samora Machel, sobre o desaparecimento físico do Comandante Zeca Caliate.
A minha sorte, foi que, uma cópia dessa mensagem, sem eles saberem, foi decifrada e deixada na minha cama e, naquela mesma noite abandonei à Base Central do 4º sector.
Por fim, deixo uma mensagem simples aos meus ex-companheiros de Luta pela Independência Nacional, que chegou a hora de nos recordarmos aquele espírito de patriotismo que nos unia na aventura e que nos anos levou a abandonarmos as palhotas onde vivíamos, com os nossos velhotes em 1963/64 e, decidimos atravessar várias fronteiras, para alcançarmos o Tanganica, terra natal de Július Nyerere, que não conhecíamos, mas tínhamos a consciência e a esperança de um dia regressarmos às nossas terras, que nos viu nascer e para juntos, unidos, reconstruirmos um Moçambique Independente, com Democracia, Justiça e Liberdade, para todos. Foi por essa razão que alguns companheiros, que jamais regressaram, derramaram o seu sangue ao tombarem no campo de batalha. Nunca poderíamos sonhar, de que um dia, o Partido Frelimo, viesse a ser assaltado por um bando de criminosos, que deliberadamente assassinam inocentes, para intimidar o Povo e se tornarem donos dessa Pátria dos Moçambicanos.
FUNGULANI MASSO, lembrem-se bem, QUEM NÃO LUTA PERDE SEMPRE. A LUTA É CONTÍNUA.
Zeca Caliate, General Chingòndo um dos sobreviventes da teia do mal Frelimo!
Europa, 15 de Junho de 2017
(Recebido por email)
Vejam http://www.macua1.org/blog/caliate.htm
Brevemente mais notícias, aqui na sua VOZ DA VERDADE, que anteriormente não sabiam
Nos finais de abril de 1973, recebi uma carta do Chefe das Operações Nacional, Sebastião Marco Mabote, com instruções dirigidas ao comando do 4º Sector, para que esse mandasse o serviço de reconhecimento “SERECO”, efetuar um reconhecimento minucioso ao quartel militar de Estima, pois Estado Maior da Frelimo, tinha a informação de que era, através daquele quartel, que concentrava o número maior de tropas que fazia segurança e protegia toda a área de Songo, inclusive Cabora-Bassa.
Como era do conhecimento de todos, o plano original da Frelimo renovada por Samora Machel, era o de destruir a barragem, que se encontrava em construção. Por isso, o quartel de Chitima devia ser transformado em cinzas, o mais depressa possível.
Foi então que destaquei, António Hama Thai, que também se intitulava de especialista de arma Katiuska, o qual se encontrava a comandar a base de artilharia do 4º sector, em substituição de, António Wilson, o chingondo que tinha sido compulsivamente forçado a acompanhar o Fernando Matavela a abrir a frente de Manica e Sofala.
Hama Thai, fez parte do grupo de reconhecimento ao famoso quartel de Chitima ,acompanhado por um dos especialistas de SERECO, de nome José Ájape. Dois dias depois, regressaram à Base Central do sector, com esquema muito mal desenhado e aldrabado, pois tiveram medo de se aproximarem daquele aquartelamento, para apurar dados concretos, pois ali estava estacionado um batalhão de soldados do Exército Colonial e, por medo, fizeram um reconhecimento de longe.
Efetuado o reconhecimento, informei ao chefe das operações Provincial e Nacional, estes responderam-me que eu tomasse a decisão do ataque e foi então que recebemos o reforço de combatentes provenientes do 1º sector sob comando do Chefe de Artilharia Provincial, Américo Mfumo, que chegou ao 4º sector acompanhado por técnicos especialistas daquelas rampas lança foguetes de 122mm.
Chegado o dia progredimos até ao rio Chirózi, como ponto de desdobramento, a poucos quilómetros de Chitima. Depois dos preparativos partimos para uma pequena serra, situada a sul de Songo, sensivelmente a 15 quilómetros do Quartel de Chitima e dali podíamos avistar com toda clareza, as luzes daquela pequena Vila e com binóculos podíamos ver, alguns caças bombardeiros e helicópteros, na pista da base, bem como os edifícios, armazéns e casernas, onde dormiam às tropas.
Quando os nossos relógios marcavam 22:30, os especialistas daquelas armas já tinham montadas as três posições de lançamentos e, às 22:45, o Comandante de Artilharia, Américo Mfumo, deu ordem para dispararem os três primeiros projecteis, que foram despenhar, lá para longe do alvo, no deserto de Songo e na segunda remessa, foram lançados mais três obuses, que também foram despenhar na direção oposta, desta feita para ocidente e, por fim reduziram a distância, e meia dúzia de projeteis, caíram próximo do quartel e um último obus, ficou encravado dentro do cano de lançamento.
Os homens estiveram-se aflitos ao transportar aquela rampa com projétil que não tinha disparado no seu interior, não se sabia se rebentava ou não, durante a caminhada.
Quando ainda estávamos na posição de combate, exército colonial ripostou ao ataque, embora muito longe de nós, com armas ligeiras e morteiros 60 e 80 mm, para nossa direcção, mas ninguém foi atingido, porque a distância que nos separava era muito grande.
Abandonamos o local do ataque, em duas colunas, um composta por nós, os chefes que tomamos a direção das montanhas de Chimandawe, onde se localizava a Base Central do 4º sector e, outra coluna dirigida, por um graduado, rumou em direção ao Régulo Chinhanda e, posteriormente dirigiu-se em direcção do rio Zambeze, que atravessou com sucesso, para a outra margem, ao Norte do 1º sector, na noite seguinte. Mesmo assim, forças inimigas, na manhã seguinte, um número indeterminado de caças bombardeiros e inclusive jactos Fiats e helicópteros, sobrevoaram muitas aéreas à procura da nossa localização, o que não foi possível.
Chegamos à base central do sector e, a seguir, iniciou-se uma reunião, onde João Facitela Pelembe, Tomé Eduardo, Américo Mfumo, António Hama Thai e Manuel Mendes, os cinco, desesperadamente tentavam razões, para justificar a falha e para me incriminar e condenar à pena capital e, senão o fizessem, seriam considerados incompetentes por Samora Machel.
O caso do Comandante do 4º sector, com a sua condenação, não era o primeiro a ser cometido. A reunião foi suspensa para o dia seguinte e, não foi encontrado motivo para me condenar.
Por fim chegou a mensagem, através do rádio transmissor. O autor da mesma, era Sebastião Mabote dirigida a João Pelembe e Tomé Eduardo, Chefe da Segurança, onde se dizia que o grupo não podia regressar ao 1º sector, sem que fosse cumprido, o que tinha sido combinado com o Chefe do DD, Samora Machel, sobre o desaparecimento físico do Comandante Zeca Caliate.
A minha sorte, foi que, uma cópia dessa mensagem, sem eles saberem, foi decifrada e deixada na minha cama e, naquela mesma noite abandonei à Base Central do 4º sector.
Por fim, deixo uma mensagem simples aos meus ex-companheiros de Luta pela Independência Nacional, que chegou a hora de nos recordarmos aquele espírito de patriotismo que nos unia na aventura e que nos anos levou a abandonarmos as palhotas onde vivíamos, com os nossos velhotes em 1963/64 e, decidimos atravessar várias fronteiras, para alcançarmos o Tanganica, terra natal de Július Nyerere, que não conhecíamos, mas tínhamos a consciência e a esperança de um dia regressarmos às nossas terras, que nos viu nascer e para juntos, unidos, reconstruirmos um Moçambique Independente, com Democracia, Justiça e Liberdade, para todos. Foi por essa razão que alguns companheiros, que jamais regressaram, derramaram o seu sangue ao tombarem no campo de batalha. Nunca poderíamos sonhar, de que um dia, o Partido Frelimo, viesse a ser assaltado por um bando de criminosos, que deliberadamente assassinam inocentes, para intimidar o Povo e se tornarem donos dessa Pátria dos Moçambicanos.
FUNGULANI MASSO, lembrem-se bem, QUEM NÃO LUTA PERDE SEMPRE. A LUTA É CONTÍNUA.
Zeca Caliate, General Chingòndo um dos sobreviventes da teia do mal Frelimo!
Europa, 15 de Junho de 2017
(Recebido por email)
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