Editorial: Moçambique está de volta?

16/06/2017

Subitamente, o Presidente da República, Filipe Nyusi, sentiu uma ligeira comichão num dos seus órgãos sensoriais, neste caso a língua, e decidiu soltar uma das suas primeiras frases feitas para entreter o povo: Moçambique está de volta. O Chefe de Estado começou por dizer esta expressão aquando da realização do Fórum das Infra-estrutura em Tete. Recentemente, Nyusi, que se encontra de visita aos Estados Unidos da América, durante a sua intervenção na sessão de abertura da 11ª Cimeira de Negócios Estados Unidos da América e África, voltou a dizer que Moçambique está de volta.
O estadista moçambicano afirmou de viva voz que está naquele país para dizer que Moçambique está de volta como um país com uma economia próspera, não só porque se observa a descoberta de jazigos de recursos naturais de grande valor económico. Disse ainda que Moçambique está de volta para transformar em riqueza as inúmeras potencialidades e possibilidades de negócios que oferece.
Nyusi, porém, não disse onde esteve Moçambique durante os últimos 42 anos. O Presidente da República também não disse quando é que Moçambique vai sair das mãos dos “gangsters” que assaltaram o Estado e fazem dele a sua vaca leiteira. Há sensivelmente 42 anos de independência, Moçambique continua a ser controlado pela corrupção, pelo crime organizado e pela partidarização do Aparelho do Estado. Nyusi não disse quando o país vai sair da pobreza absoluta. O Presidente não falou se os moçambicanos deixarão de morrer de doenças curáveis.

Quando o povo necessita tanto de desenvolvimento mental, cultural e espiritual, mais do que pão e água para boca, o Presidente da República serve-lhe, de forma crua, overdoses de promessas infundadas ou de discursos sobre o país está de volta, quando na verdade encontra-se sequestrado. O PR fala que Moçambique está de volta, curiosamente, de barriga cheia para domesticar, anestesiar, cegar e desmobilizar a todos moçambicanos que têm a infelicidade de ouvi-los.
Portanto, se Moçambique está de volta, a questão que se coloca é: onde esteve durante estes 42 anos e o que esteve a fazer?
@VERDADE - 16.06.2017