Dizem que as negociações serão retomadas em breve mas parece que os mediadores serão outras figuras. Segundo as nossas fontes ligadas à Frelimo, havia um braço de ferro entre o Nyusi e a equipa de mediadores internacionais. Isto porque a Frelimo estava sempre em parampas perante os representantes da União Europeia liderados por Mario Raffaelli razão pela qual fez se todas manobras para dificultar o seu trabalho e esses mediadores continuassem, a Frelimo continuaria com as suas brincadeiras de sabotagem. É por isso que depois houve um entendimento entre Dhlakama e Nyusi para a mudança dos mediadores. Porque o líder da Renamo viu que caso continuasse a defender a permanência dos mesmos mediadores, a Frelimo aceitaria e mais a frente iria paralisar tudo, culpando os mediadores.
Então Dhlakama concordou com o término da missão da equipa liderada por Mário Raffaelli, e serão substituídos por outras figuras. Portanto, teremos outros mediadores internacionais. Temos a certeza que a nova equipa de mediadores internacionais vai imprimir nova dinâmica ao processo, numa altura em que faltam menos de 28 dias para o término da trégua. Perdeu se tempo precioso e parece que o regime da Frelimo esqueceu se que tem uma derrota militar "em carteira".
De qualquer forma, os novos mediadores vão trabalhar com os já criados grupos de descentralização e para assuntos militares (defesa e segurança) porque o assunto é sério e não se pode permitir que estes grupos trabalhem sem incluir entidades internacionais por uma questão de responsabilização. Portanto, o assunto dos novos mediadores internacionais é que está a ser tratado neste momento entre as lideranças da Frelimo e da Renamo. Vamos esperar para ver quais são as figuras que serão indicadas por cada uma partes.
O líder da Renamo exige que todos os pontos de agenda colocados na mesa das negociações pela renamo seja discutidos e implementados com máxima urgência e tudo deve ser ractificado e implementado dentro deste primeiro semestre. É preciso que todos se lembrem que o processo negocial visa sobretudo resolver o diferendo eleitoral, pois, a Frelimo perdeu as eleições e recorreu a fraude e força militar para manter se ilegitimamente no poder.
A Renamo e o seu candidato Afonso Dhlakama venceram as eleições de 2014 com mais de 70%. A Frelimo tudo fez para esmagar e aniquilar o legítimo vencedor mas valeu a heróica e resoluta resistência das experientes "forças residuais" da Renamo que conseguiram destroçar e paralisar as hordas militares da Frelimo.
Já se sabe que nestas negociações a Renamo exige o seguinte:
Ponto 1- assunto dos 6 governadores provinciais, que devem ser nomeados no âmbito do quadro jurídico existente. Os governadores irão trabalhar até 2019.
Ponto 2- assunto da descentralização da administração pública:
a) A lei da eleição dos governadores provinciais;
b) A lei da eleição das Assembleias Provinciais;
c) A lei das finanças provinciais;
d) A lei orgânica do funcionamento dos governos provinciais;
e) A lei 3/94 sobre os municípios, que irá permitir que todos distritos sejam municípios. Portanto, o ponto 1 (nomeação dos 6 governadores da Renamo) não pode ser confundido com o ponto 2, a), são assuntos completamente diferentes, pois, o primeiro resolve de forma imediata o diferendo eleitoral que opõe a Frelimo e a Renamo, enquanto o segundo, trata se de alteração da lei que permitirá que o partido que tiver maioria numa determinada província, nomeia automaticamente o seu governador. Não será como o que acontece neste momento, onde o "presidente" da República nomeia amigos e amantes para cargos de governadores (e administradores).
Ponto 3 - assuntos de defesa e segurança:
a) integração e enquadramento dos comandos da Renamo nos lugares de chefia e vice chefia no seio das forças armadas de defesa de Moçambique (FADM), forças de intervenção rápida (FIR) e outras sub unidades, para se criar equilíbrio e assim "desfrelimizar" - o exército soberano, que está neste momento a ser usado para defender a fraude eleitoral da Frelimo;
- b) entrada na polícia de alguns desmobilizados da Renamo (ex-guerrilheiros), também para fazer com que a polícia não seja 100% da Frelimo. Assim a polícia será mais técnica e profissional e não vai mais intimidar os agentes eleitorais.
- c) Enquadramento de alguns quadros e técnicos indicados vela Renamo nos serviços de informação e segurança do estado (SISE), também para despartidarizar este órgão repressivo e criminoso da Frelimo, uma espécie de PIDE ou GESTAPO de Moçambique. O SISE é neste momento um órgão altamente terrorista e não serve os interesses do estado mas do regime da Frelimo. O SISE é um instrumento usado pela elite boçal e radical da Frelimo para perseguir e eliminar a todos incluindo os próprios frelimistas. Entre eles matam - se por meio de envenenamentos e acidentes.
Em suma, estas são as exigências da Renamo e é o que Dhlakama quer, para que no futuro hajam eleições livres e transparentes e que em cada província o povo seja governado com o partido que escolheu, assim haverá a verdadeira democracia em Moçambique. Desta forma, cada província vai criar as suas próprias políticas sectoriais e já não será preciso aturar as demandas unilaterais e centralizadas de Maputo.
Isto permitirá, por exemplo, que a riquíssima província do Niassa, com abundantes recursos florestais, faunísticos, hídricos, minerais (carvão) e enorme potencial turístico, deixe de ser a mais desgraçada do país, onde em plena era do smartphone e telemedicina, as crianças estudam em baixo de árvores e a maioria dos postos de saúde nas localidades são de capim e matope mas nos relatórios que eles fazem para os doadores escrevem "material de construção local", como se fosse algo positivo.
Mas de nossas fontes soubemos que a frelimo espera receber em breve ou já recebeu da Turquia muito material bélico e equipamentos de inteligência para fazer uma guerra "quente e fria" contra a renamo para assim arrastar o processo até 2018. É por isso que neste momento estão sendo treinados mancebos em massa. Portanto, meus irmãos das forças armadas, é melhor prepararem - se para fugir e também apelamos desde já aos mancebos recém treinados a venderem as suas armas a Renamo e fugir. Atenção que a trégua termina daqui a cerca de 4 semanas...
Mas se a Frelimo enveredar por uma nova escalada militar, será um erro crasso e o seu fim porque neste momento todos os ex-guerrilheiros da Renamo afluíram em às bases a espera da integração e caso a Frelimo continue com as suas lenga-lengas no diálogo, será quase impossível Dhlakama segurar os seus homens. E se a Frelimo continuar a assassinar os membros da Renamo, o país será dividido, não hajam dúvidas quanto a isso.
Embora não hajam dúvidas sobre a absoluta supremacia militar da Renamo, é pertinente que a Renamo mude a sua estratégia em casos de novas provocações militares da Frelimo. Até agora não se compreende porque a Renamo continua a permitir que as forças da Frelimo massacrem os povos do centro e norte e "brinquem" na Gorongosa. Ou a Renamo não tem capacidade militar para fazer incursões no sul? Não nos referimos a incursões para imitar as macaquices das tropas da Frelimo mas para vaporizar as frágeis e medrosas unidades militares existentes no sul e ocupar territórios.
A Renamo deve saber que lutando eternamente na defensiva não vai conseguir nada e a Frelimo continuará a (des)governar "numa boa" e a Renamo vai continuar nas matas. O povo está a espera de uma acção resoluta e decisiva da Renamo. A Renamo deve deixar de aturar as manobras negociais e brincadeiras militares da Frelimo.
Unay Cambuma
In https://www.facebook.com/unai.kambuma.matsangaisse/posts/406929102989228
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