"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Wiriamu, a vida antes e durante o massacre

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017


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CATARINA GOMES 30/11/2015 - 07:22
Além da “anatomia de um massacre”, o historiador de origem moçambicana, Mustafah Dhada, quis mostrar no seu novo livro como viviam as pessoas de Wiriamu. Diz que é "uma oportunidade" para “o povo português” saber o que aconteceu e para o Estado português reconhecer publicamente o que se passou.
É tão pouco dizer que Mustafah Dhada é o nome de um historiador nascido em Moçambique e que o massacre de Wiriamu é o objecto de estudo sobre o qual escreveu um livro que foi lançado na semana passada no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
Dizer apenas isso esconde o facto de este professor catedrático de História da California State University ter passado quase um ano no terreno a reconstituir o massacre de pelo menos 385 pessoas e de, por causa do trabalho de campo, ter acabado por ter manifestações de perturbação de stress pós-traumático. Viu-se obrigado a receber ajuda psicológica e, ainda hoje, lhe custa estar como agora, “sem uma parede atrás". Diz: "Sinto-me desconfortável, desprotegido. Ou então quando oiço gritos de crianças e pessoas a chorar. Tenho de me afastar.”
Depois de acabar de escrever o capítulo onde tentou reconstituir como era a vida das cinco aldeias afectadas antes do massacre, teve um ataque cardíaco. "O meu cardiologista aconselhou-me a escrever sobre coisas mais felizes”, diz a sorrir.
Mais de quarenta anos depois de, em Londres, se ter cruzado com um jovem jornalista inglês, Peter Pringle, que viria a dar a conhecer ao mundo a história do massacre num artigo do jornal The Times, concretizou a missão de uma vida – acaba de lançar um livro que considera ser “razoavelmente definitivo”: The portuguese massacre of Wiriyamu in colonial Mozambique, 1964-2013 (editado pela Bloomsbury), e que espera venha a ser traduzido para português.
O prefácio da obra, lançada na semana passada, é do jornalista inglês, que escreveu o artigo nas vésperas da visita do então chefe de Governo Marcello Caetano a Londres, acabando por contribuir para a contestação e queda do regime, afirma. A história foi inicialmente denunciada por missionários estrangeiros a trabalhar na área de Wiriamu.
Dhada diz que escreveu este livro “para o povo português, para os seus políticos”, na esperança de que se venha a dizer no Parlamento português e a deixar escrito num documento oficial: Wiriamu existiu, na manhã de 16 de Dezembro de 1972 houve tropas portuguesas que, a mando do Estado português, mataram pelo menos 385 pessoas que ele se esforçou por nomear (lista de vítimas em baixo), ficando por contabilizar os que foram mortos na “limpeza” dos três dias seguintes e durante os interrogatórios.
Mustafah Dhada, nascido em Moçambique, é professor catedrático de História da California State University RICARDO CAMPOS
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A sua investigação de décadas provou que este não foi “um acto de excesso de poder de alguns indivíduos, foi feito em obediência a ordens de um regime e do estado português. Este massacre foi planeado e executado como planeado”. Não pode, portanto, ser comparado, por exemplo, com um massacre como de My Lai, na guerra do Vietname, que “não foi autorizado pelas altas esferas militares [americanas]”.
O professor de História Mundial e Estudos Africanos, radicado nos Estados Unidos há mais de 20 anos, diz ainda que, no regime colonial português, Wiriamu pode parecer excepcional no regime colonial português mas não foi. Antes deste houve outros massacres – em Moçambique fala do de Mucumbura – depois dele no de Inhambinga, que ele chama de “o último banho de sangue antes da saída [dos portugueses]. Morreram 200 aldeões, alguns pendurados pelos pés durante os interrogatórios, outros foram vítimas de tortura”.
Mustafah Dhada, nascido em Moçambique, soube do massacre de Wiriamu da mesma forma que o resto do mundo, lendo o The Times de 10 de Julho de 1973. Lembra-se bem, eram 9h30, quando um colega lhe passou o jornal para as mãos. Tinha 22 anos, estava a estudar em Londres, tinha saído de Moçambique em 1964 depois de ter sido classificado pelas autoridades portuguesas como “não assimilado”. De uma família pobre, o pai era mecânico. No seu país conta que conseguiu estudar da única forma que havia disponível na Moçambique portuguesa, num seminário católico, onde ele e um outro rapaz negro eram os únicos não brancos.
Em Londres, onde chegou apenas a saber falar português e francês, leu o artigo e pensou como a vida em Wiriamu deveria ser tão parecida com a de Búzi, a sua aldeia, e como Wiriamu podia ter sido Búzi. À distância, protegido, sentiu culpa e responsabilidade. Prometeu que se haveria de doutorar na Universidade de Oxford e a sua tese haveria de ser sobre Wiriamu. Não foi assim. Haveria de fazer a sua tese em Oxford em 1987 mas seria sobre Amílcar Cabral e a guerra da libertação da Guiné-Bissau.
Dhada foi publicando vários artigos sobre o massacre em revistas de história, teve uma bolsa Fullbright para fazer o trabalho no terreno, e o livro sai agora. Escreveu-o e reescreveu-o “65 vezes”. Diz que hoje leu um parágrafo e sentiu “sim, concordo, este é o melhor trabalho que eu consigo fazer.”
O capítulo em que recria o que era a vida nas aldeias é, neste livro de história, o mais lírico, quase poético. O historiador diz que não era suficiente escrever “a anatomia do massacre”, porque até hoje o grande ponto de contestação foi a própria existência de Wiriamu e Dhada nota que ainda há académicos portugueses a dizerem que era tão insignificante que nem sequer constava dos mapas. A sua investigação concluiu que as tropas portuguesas dizimaram um terço dos 1350 habitantes de cinco povoações (Wiriamu, Djemusse, Riachu, Juawu e Chaworha) integradas numa área que ele chama de triângulo de Wiriamu, que tem 40 povoações, e que foram afectadas 216 famílias.
Sentiu que, para se falar do massacre, era preciso fazer sentir a quem lê o pulsar, era preciso humanizar o local, que tinha uma vida rica. Quis que fosse possível imaginar estas pessoas a viver ali, dizendo que havia um campo de futebol, que se vivia do cultivo de pequenas hortas, mas que a grande fonte de riqueza era a criação de cabras e vacas, que era uma zona de rios e ribeiras, que se dançava para celebrar a chegada das chuvas, para acolher visitantes, para cerimónias fúnebres e que o chefe era um ancião de seu nome Tenente Valeta, um dos nomes que ele salva do esquecimento. “Os mortos não devem ficar numa vala comum, devem ter uma vala numa biblioteca do mundo onde as suas almas ficam guardadas em palavras indeléveis.”
As suas fontes históricas incluíram sobreviventes mas também um dos protagonistas das tropas portuguesas, o ex-alferes Antonino Melo, um chefe acidental que substituía o verdadeiro comandante da 6º Companhia de Comandos, que nesse dia ficou doente, acabando por ficar como rosto de uma operação que envolveu também a PIDE/DGS, o Batalhão de Caçadores 17 e a Força Aérea Portuguesa, escreve.
É surpreendente ouvi-lo dizer que este homem, que neste dia estava do lado errado da barricada, que participou activamente na mortandade, junto de cubatas com pessoas a serem queimadas vidas, é "uma pessoa formidável", e acabou por se tornar, ao longo da sua longa investigação, “um amigo”. No meio do horror este militar teve o que Dhada chama de “flashes de compaixão”.
O historiador lembra que, nessa manhã, o ex-alferes olhou para baixo e viu agarrado à sua perna uma menina com menos de 10 anos, pediu para irem tirar a sua mãe à cubata e mandou-as fugir. Essa menina, que agora é adulta, pediu que agradecessem ao militar português por lhes ter salvo a vida. “Quando lhe dissemos isto ele ficou silencioso”.
“Não podemos julgar um homem de 20 e tal anos, treinado para organizar ‘uma limpeza’, que no meio de tudo aquilo tem manifestações de humanidade e compaixão. É uma contradição? A vida é uma soma de contradições”. Ele não impediu o massacre, não o podia fazer, diz. “Uma vez por todas temos de parar de apontar o dedo a pessoas. A nação-Estado deve assumir colectivamente o que foi feito. O Governo português até hoje não admitiu publicamente que isto aconteceu”, e lembra que os alemães, os belgas e os franceses
pediram publicamente desculpa por massacres sob o seu domínio.
“O que eu exijo não são desculpas, é o reconhecimento”. Quer dar “a oportunidade aos portugueses de lerem o livro e aos governantes a coragem de assumir publicamente o que foi feito”.
Para o ano, o investigador conta publicar um segundo livro, que já não é a história como ele a faz, são os relatos de 36 sobreviventes na primeira pessoa, pessoas que sobreviveram por acaso. Como António Ximone, o rapaz de 15 anos que contou a história ao The Times, que conseguiu fugir de uma pira funerária de corpos a arder, assim como o seu irmão de quatro anos, Domingo, e mais quatro pessoas; os pais e vários dos seus familiares foram mortos.
Na povoação de Djemusse, os Comandos formaram uma fila indiana e começaram a disparar, dizendo-lhes que tentassem evitar as balas. Foi ateada uma palhota mas, em vez de chamas, houve fumo que escondeu a fuga de três das pessoas que também ficaram para contar a história.
Mas talvez uma das histórias que mais o marcaram não é tão trágica, tem condimentos cómicos, elementos de mistério. É a história de um homem, Kalifornia Kaniveti, que conseguiu fugir a correr, com uma filha debaixo de um braço, um filho debaixo do outro, e um cabrito ao pescoço e que, em fuga, ouve um helicóptero português a sobrevoá-lo. O piloto não dispara, não o mata. “É uma cena de filme.”
Kaniveti pensa que este homem português decidiu poupá-lo, chama-lhe “ave da misericórdia”. Não há forma de confirmar as verdadeiras intenções deste homem, que nunca foi identificado. Mustafah não está tão convencido da bondade do piloto, pois os militares tinham sido instruídos para orientar os sobreviventes para um local e depois matá-los. Mas quem é ele para contrariar este homem e o seu piloto “salvador”? A sua história vai ser contada no livro como ele a reteve.
A missão do historiador Mustafah em Wiriamu está cumprida. O seu dia-a-dia é agora feito de estratégias de auto-protecção psicológica. “Faço ioga, pratico exercício físico, cultivo a alegria, a boa vida”, tudo medidas para se proteger “dos sonhos de Wiriamu”.
Lista dos mortos, por nomes de membros da família ou apelidos, na área de Wiriamu, a 16 de Dezembro de 1972 (o autor considera crianças quem tem idade entre um mês e os 15 anos)
Aldeia de Wiriamu:
Vira-Uma mulher Dinho-Um rapaz (criança) Hortencia-Uma mulher Chuva-Uma homem e uma mulher Vaina-Uma mulher e uma rapariga (criança) Tembo Macaju-Um homem, uma mulher, um rapaz (criança) Khaniiawen Tenente Valeta-Um homem, uma mulher, duas raparigas (crianças) Macaju Xukussi-Um homem e uma mulher Chenguitani Campute-Um homem e um rapaz (criança) Sianani Matope-Um homem e um rapaz (criança) Fugueti Campute-Um homem Inacio Luis-Uma mulher, dois rapazes e uma rapariga (crianças) Avelinu Valeta-Duas mulheres, um rapaz e uma rapariga (crianças) Chuva Culheri-Duas mulheres, um rapaz e duas raparigas (crianças) Tenente Valeta-Duas mulheres, um rapaz e três raparigas (crianças) Wiriyamu Sanganembo-Um rapaz (criança)
Aldeia de Juawu:
Biritsta-Uma mulher Luwo-Um rapaz (criança) Siria-Uma mulher Saizi-Um homem, duas mulheres, um rapaz e duas raparigas (crianças) Gwaninifuwa-Um homem Kachigamba-Um rapaz (criança) Ghandali Kuxupika-Um homem, duas mulheres, um rapaz e uma rapariga (crianças) Luwina-Uma mulher Aluviyana- Uma mulher Kuitanti-Um homem Caetano-Um rapaz (criança)
Kuchepa- Um rapaz (criança) Biyuezeyani- Um rapaz (criança) Ddinja-Um homem Alufinati- Um homem Mbiriyanende- Um homem Chintheya-Uma rapariga (criança) Zeca- Um rapaz (criança) Mualeka Saize Chamgambica- Um homem, uma mulher, três rapazes e duas raparigas (crianças) Chapuca Capena-Um homem, um rapaz e duas raparigas (crianças) Jantar Capena-Um homem, três mulheres, quatro rapazes (crianças) Daquinani Capena-Um homem, uma mulher, dois rapazes (crianças) Oitenta Jantar-Um homem, uma mulher, dois rapazes e uma rapariga (crianças)
Aldeia de Chaworha:
Chefe Chaworha-Um homem e uma mulher Xavieri Chaworha-Um homem Mixone-Um homem, uma mulher, um rapaz e uma rapariga (crianças) Irisoni-Um homem, duas mulheres, três rapazes e duas raparigas (crianças) Ramadi Irisoni-Um homem, uma mulher e um rapaz (criança) Akimu- Um homem, uma mulher Birifi- Um homem, uma mulher, dois rapazes (crianças) Batista- Um homem, uma mulher, dois rapazes (crianças) Mdeka- Um homem, uma mulher Mchenga- Um homem, uma mulher Kunesa- Um homem, uma mulher Marko-Um homem Consenbera- Um homem Pita- Um homem Manteiga Alberto- Um homem Simawu Manteiga Alberto-Um homem, duas raparigas (crianças) Thauru Chabvurura- Um homem, duas mulheres, um rapaz e três raparigas (crianças) Jo Chamambica- Um homem, uma mulher Hagimo Chaworha- Um homem, duas mulheres, cinco rapazes e três raparigas (crianças) Briefe Chaworha- Um homem, duas mulheres, dois rapazes (crianças) Consembera Manzane-Um homem, dois rapazes (crianças) Batista Marizane-Um homem, duas mulheres, dois rapazes e duas raparigas (crianças) N’chenga Marizane-Um homem, uma mulher, três rapazes e uma rapariga (crianças) Djeepe Mauricio-Um homem Luis Mixone- Um homem, uma mulher, um rapaz, um feto T’rabuco Puebve- Um homem, uma mulher, um rapaz e três raparigas (crianças) Sabote Puebve-Um homem, uma mulher Ficha Puebve-Um homem Peratu Puebve-Um homem Nideka Supinho-Um homem, duas mulheres, seis rapazes, duas raparigas (crianças) Alberto Wirhisone-Um homem, uma mulher, um rapaz (criança), um feto Bernardo Xavier-Um homem Pinto-Um rapaz (criança) Mayeza- Um rapaz (criança) Mundani- Um rapaz (criança) Djipi- Um rapaz (criança) Mauricio Chamambica- Um rapaz (criança)
Mortes em locais não apurados dentro do triângulo de Wiriamu:
Olinda-Uma rapariga (criança) Lainya-Uma mulher Zabere- Uma rapariga (criança) Rosa- Uma rapariga (criança) Zaberia- Uma rapariga (criança) Alista- Uma rapariga (criança) Guideria-Uma mulher Khembo-Um homem Kamuzi-Um rapaz (criança)
Sunturu-Um homem Dziwani- Um rapaz (criança) Magreta-Uma mulher Mario-Uma rapariga (criança) Fuguete-Um homem Rita- Uma rapariga (criança) Chakupendeka-Um homem, uma mulher Kulinga- Um homem, uma mulher, um rapaz e uma rapariga (crianças) Keresiya-Uma mulher e três rapazes (crianças) Massalambani-Um rapaz (criança) Chinai- Um rapaz (criança) Domingos- Um rapaz (criança) Mboy- Uma rapariga (criança) Chiposi- Um rapaz (criança) Augusto- Um rapaz (criança) Farau- Um rapaz (criança) António- Um rapaz (criança) Anguina-Uma mulher Jantar-Um homem Luisa- Uma rapariga (criança) Matias- Um rapaz (criança) Nkhonde- Um rapaz (criança) Xanu- Um rapaz (criança) Djoni-Um homem Chawene- Um rapaz (criança) Lodiya- Uma rapariga (criança) Mario- Um rapaz (criança) Fostina-Uma mulher Rosa- Uma rapariga (criança) Maria- Um rapaz (criança) Zostina-Uma mulher, um feto Domingos- Um rapaz (criança) Xanu- Um rapaz (criança) Kuwela- Um rapaz (criança) Chipiri- Um rapaz (criança) Chuma- Uma rapariga (criança) Makonda- Um rapaz (criança) Marko- Um rapaz (criança) Luisa- Um rapaz (criança) Mario- Um rapaz (criança) Raul- Um rapaz (criança) Duzeria-Uma mulher Cecilia-Uma mulher Faliosa- Uma mulher Domina- Uma mulher Chintheya- Uma rapariga (criança) Kupensar-Um homem Chaphuka-Um homem Djoni-Um homem
COMENTÁRIOS
30/11/2015 19:07
arlindo oliveira Funchal
Condeno todos os massacres perpetrados por militares portugueses durante a guerra colonial, no entanto era bom que aqueles que condenam tais massacres, também condenassem os massacres perpetrados pelos movimentos nacionalistas, especialmente em 1961, não numa atitude de guerrilha ou de resistência mas sim numa atitude de puro terrorismo matando e esquartejando mulheres, homens e crianças indefesas que povoavam os vários territórios e esses na generalidade eram povos que trabalhavam para sobreviver, enquanto os exploradores estavam e sempre estiveram a salvo. Pena que assim fosse e condenando os possíveis exageros de alguns militares portugueses , sempre condenáveis não aliv iam em nada o que os movimentos nacionalistas fizeram às populações brancas e ao seu próprio povo, antes e depois.

30/11/2015 12:25
Sete Colinas
Vamos lá perguntar: os Governos das novas nações já pediram desculpas públicas pelos massacres cometidos contra as populações? Já alguém pediu desculpa pelos massacres (muito piores do que este de que se fala), e que deram início à guerra em Angola? Eu quero lá saber desta história! Houve um massacre, no meio de uma guerra (algo muito diferente de chacinas friamente planeadas como aquelas a que me referi)? Azar. É a guerra! Qualquer discussão de trânsito nos transforma em animais e, depois, querem que homens numa guerra se comportem como cavalheiros de um clube fino. É a guerra! Acontece. Não é bonito? Paciência...

30/11/2015 12:23
Democrito Abdera Grecia
Após os massacres feitos pelos portugueses o autor pode agora iniciar-se nos crimes maiores, como o genocídio de cerca de 3 milhões de indianos (chamado eufemisticamente de fome de Bengala) perpetrado por Churchill em 1943. Ficava bem a Mustafah Dhada presentear o país que o acolheu e as universidades que frequenta com a revelação dos crimes contra a humanidade cometidos pelos ingleses durante o seu regime colonial, e sempre zelosamente escondidos. É altura de Dhada escrever um livro “para o povo britânico, para os seus políticos”, na esperança de que se venha a dizer no Parlamento britânico e a deixar escrito num documento oficial sobre o holocausto de milhões de indianos às mãos dos britânicos.

30/11/2015 09:18
ana cristina consultora , Lisboa
os governos e os povos de moçambique e de portugal têm estado juntos desde 74 na memória e nas condolências de todos os massacres que aconteceram durante a guerra, mesmo aqueles que aconteceram especificamente a mando de um governo que não nos representava. ao contrário da frança ou da bélgica, em portugal houve uma mudança de regime e, para os portugueses como para os moçambicanos, o fim da guerra foi também o fim de uma ditadura. querer uma formalização das condolências e da assunção da culpa para um acontecimento preciso dá a sensação que o comungar na dor não aconteceu até agora e que a visão do que foi a guerra colonial não é comum. não creio que seja uma fotografia justa

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