quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
Dois galos na mesma capoeira: A emenda do Sr. Amurane é pior que o soneto do Sr. Daviz Simango
Dois galos na mesma capoeira
A emenda do Sr. Amurane é pior que o soneto do Sr. Daviz Simango
Um ditado antigo: “dois galos não convivem pacificamente na mesma capoeira”. Daviz Simango faliu. Não há estimulantes que o façam tornar a saúde. Morre ao abandono, exausto do sangue vivificante, que os seus apaniguados, revezando-se no poder, sem cessar lhe têm sugado. Nada resta dele, senão uma velha glória dos tempos do Moçambique para Todos. A prova da sua agonia está na fuga sintomática dos seus homens. Fogem dele como de um corpo a decompor-se. Que o diga Mahamudo Amurane, o edil de Nampula, suspeito de estar a roubar-nos (sou munícipe de Nampula) para estimular a felicidade da sua família em Tuga. Amurane diz haver uma campanha para denegrir a sua imagem e colocou à disponibilidade dos jornalistas o correio electrónico trocado com o líder do MDM, Daviz Simango, no qual este último prometeu arranjar os melhores advogados para defender Amurane e o elenco envolvido das mãos da procuradoria. Não podia ser melhor, em dia de aniversário. Dizem que o homem não conseguiu engolir a totalidade de uma fatia de bolo que lhe fora dada em homenagem da sua chegada ao planeta terra, lá nas terras do Nyerere, há 53 anos. Antigamente, quando se pedia de fora tanta justiça e tanta legalidade, era muito bom ser do Galo. Hoje, o Galo perde capacidades, perde sacríficios e, entre os membros, não há capacidades, muito menos há quem se sacrifique. No momento oportuno, todos declinam. É o que temos notado.
Daviz Simango parece um mendigo a pedir esmola da lealdade política. O pomo da discórdia, na visão do edil macua, é a corrupção. Simango protege corruptos em defesa dos quais dispõe de melhores advogados. Pode ser que sim, como também pode ser que não. Ainda não está claro sobre quem entre estes dois é, de facto, corrupto. Ao menos estamos diante de um facto: o crime. Na linguagem dos homens da toga, estamos diante da presunção de inocência, até provas em contrário. O MDM está desnorteado. Respectivos membros mantem-se na timidez: quem elogia a postura de Amurane é porque critica DS, e vice-versa. Quando Amurane falou houve quem rasgasse avenida em sua honra, revestindo-o de nomes lustrosos e de rutilantes insígnias. Apesar disso, pouca gente acredita em que o Senhor Amurane seja inocente. A precipitação com que correu ao ataque através de microfones é sintomática. E essa disponibilidade em que o suspeito paga viagem das testemunhas é outro embuste político que o coloca no pântano da desconfiança. Há um tempinho que ele dirige os negócios de Nampula. Tem tido momentos favoráveis e um campo fertilíssimo. A assembleia local habituou-se a concordar com ele e a votar todos os seus projectos. E, no meio de todo este conjunto, o que vemos?
A família do edil em Portugal, o município cada vez mais pobre, mais arruinado, mais desacreditado, ainda que nos queiram convencer o contrário, mostrando-nos fotografias de obras recém-pintadas, recém-rebocadas que, na realidade, foram erguidas nos últimos meses da governação de Namuaca. Se Amurane fez mal ao denunciar o reino da corrupção no MDM, é porque não tinha capacidade para fazer o bem. E além da capacidade, não tinha o espírito de sacrifício e de gratidão. Subiu a custa da dinastia Simango e hoje cuspe, separando-se do partido que lhe projectou. É claro que a magnanimidade dinástica dos Simango não é infinita. Porém, o Senhor Amurane, não tendo capacidade e envergadura para resolver os problemas da capoeira, nem tendo o espírito de sacrifício, que é a compensação de falta de talento, desacreditou tudo e todos. Ele incluso. Todos fogem da sua obra. Da forma como a corrupção está enraizada naquele partido, estamos convencidos que Amurane, farto de demitir seus colaboradores, chegará um dia a não os ter. Depois, demitir-se- á a si próprio e o reino dos galináceos acabará por falta de galos.
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