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terça-feira, 3 de maio de 2016

OTM diz que os trabalhadores moçambicanos não querem pagar as dívidas da EMATUM, Proindicus e MAM mas impede desfile de quem a critica

 
 
 
Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 03 Maio 2016
Os trabalhadores moçambicanos, em mais um 1o de Maio sem nada para comemorar, desperdiçaram uma oportunidade soberana de dizerem ao Governo de Filipe Nyusi que não querem pagar com o seu suor a dívida soberana. Os únicos que tentaram dizer "dormi pobre e sem dívida, acordei pobre e altamente endividado" foram forçado a sair do desfile pela Polícia que não se coibiu de mostrar-se fortemente armada.
"Nós somos continuadores da revolução moçambicana, o nosso pai é papa Nyusi...", entoava um grupo de crianças, que não sabe que o papa original se chamava Samora, enquanto julgavam que iam encabeçar o desfile central do 1º de Maio na capital moçambicana. Mas a polícia, que se fez presente bem cedo e com todo o aparato de repressão, assumiu a dianteira através da sua banda.
Por entre muitos "vivas" à data e quase nenhuma crítica aos patrões os funcionários públicos da saúde destacaram-se com a tentativa de mostrar que o tratamento que prestam está cada vez mais humanizado. Longe vão os tempos da greve por melhores salários e condições condignas. São provavelmente o exemplo mais recente do que significa desafiar o Governo dando a cara, acabaram por ter de aceitar as penalizações e enveredar por uma greve silenciosa mesmo transportando um dístico onde se podia ler que “o seu maior valor é a vida”.
Os trabalhadores da Kudumba exigiram “igualdade de tratamento sem olhar para a cor nem para a raça” seguidos por um punhado de funcionários do grupo MBS que se questionavam porque os “empregados do homem mais rico de Moçambique recebem salário mínimo”.
Aprumados e mais avantajados os trabalhadores bancários, um dos sectores mais bafejado pelos aumentos salariais, preferiram destacar o próximo congresso do seu sindicato quiçá porque os bancos parecem imunes à crise e continuam a dar lucros.

Um dos grupos mais vistosos no desfile, pelo número de presentes, foi o dos trabalhadores das empresas de construção que continuam a lutar contra a sua precaridade dos seus empregos e por mais segurança nos locais de trabalho.

Trajando camisetes de bones de qualidade muito boa os trabalhadores das empresas estatais fazem deste desfile - que começou na avenida 25 de Setembro, contornou a avenida guerra popular e terminou na praça dos trabalhadores – um passeio de praxe: Electricidade de Moçambique, Linhas Aéreas de Moçambique, Rádio Moçambique, Televisão de Moçambique... só faltaram mesmo os funcionários da Empresa Moçambicana de Atum, da Proindicus e da Mozambique Asset Management (MAM).
“(...) Ao celebrarmos o 1a de Maio deste ano constatamos que a situação pouco evoluiu. As expectativas dos trabalhadores não foram correspondidas de forma efectiva”, disse Alexandre Munguambe, secretário-geral da Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM) repetindo o discurso de sempre “que o custo de vida continua insustentável para a maioria dos trabalhadores” mas sem apontar os verdadeiros responsáveis pela crise que o nosso país está a enfrentar, talvés por isso tenha discursado apenas para os seus convidados no palanque pois os trabalhadores já há muito haviam abandonado o local.
O momento mais alto teria sido o desfilar de uma viatura com vários cartazes criticando os empréstimos contraídos secretamente por empresas estatais e avalizados pelo Governo de Armando Guebuza violando a Constituição e a Lei Orçamental mas a Polícia da República de Moçambique, que esteve em todo o percurso do evento apoiada pelas Forças Especiais, retirou o carro alegórico do cortejo e deteve para interrogatório os mentores.
Munguambe, que no seu discurso culpou a guerra pela crise económica que todos os dias fica mais grave, alinhou no discurso governamental e afirmou que os trabalhadores moçambicanos não querem pagar a factura da dívida comercial contraída por empresas de forma pouco transparente.
“As empresas devedoras devem ser operacionalizadas e rentabilizadas para assumirem o seu pagamento integral. Encorajamos o Governo a continuar com os esclarecimentos devidos em matéria da dívida externa e evidar esforços no sentido de restaurar a confiança junto da sociedade moçambicana e dos parceiros de cooperação internacional", acrescentou o secretário-geral da OTM.

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