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Escrito por Adérito Caldeira em 05 Maio 2016 |
O Presidente Filipe Jacinto Nyusi estabeleceu nesta quarta-feira(04) uma relação entre as dívidas contraídas secretamente pelas empresas estatais EMATUM, Proindicus e MAM e a malária. Mas na verdade estes empréstimos, que foram avalizados pelo Governo de Armando Guebuza violando a Constituição e a Lei Orçamental, equiparam-se mais a um cancro. Embora o Governo tenha, na semana finda, prestado as primeira declarações sobre o assunto em Moçambique, os moçambicanos continuam sem saber o valor total que terão de pagar nem onde está o dinheiro, pois o certo é que na Conta Única do Tesouro não entrou.
Porém, mais uma vez, o Presidente moçambicano equivocou-se. Os empréstimos secretamente contraídos e ilegalmente avalizados pelo seu antecessor são mais parecidos com um cancro, "tumor maligno formado pela multiplicação desordenada de células (...) que vai arruinando lentamente" de acordo com o dicionário. Insistindo na comparação entre empréstimos avalizados pelo Estado ilegalmente, em 2013 e 2014, e a doença, Nyusi disse é preciso ver se faltou "uma rede mosquiteira, se há charcos lá fora ou se é preciso fumigar" o espaço. É pouco provável que a fumigação resulte, como não tem resultado no combate à malária que é endémica na maioria do nosso país. O cancro que nos aflige é a corrupção e tem origem no próprio partido no poder. Para o Presidente de Moçambique é fundamental saber como a dívida surgiu, referindo que, mal detectou a situação, o Governo assumiu que tinha um problema. "É o que estamos a fazer agora. Depois disso vamos combater", afirmou ainda Filipe Nyusi que na altura em que os empréstimos foram contraídos por empresas participadas por instituições militares e da defesa, era ministro da Defesa. Na quinta-feira passada o primeiro-ministro admitiu aos moçambicanos, pela primeira vez, a existência dos empréstimos não só da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM) mas também da Proindicus e da Mozambique Asset Management (MAM). Carlos Agostinho do Rosário manifestou o compromisso do actual Executivo em garantir os avales ilegalmente concedidos para estas dívidas que ascendem a 2 biliões de dólares norte-americanos, sem incluir os juros.
Doadores europeus suspendem ajuda ao Orçamento de Estado
Entretanto o chefe do Executivo não se referiu, assim como o Presidente Nyusi, ao destino dado a esse dinheiro que oficialmente, e com transparência, apenas se sabe que 350 milhões de dólares norte-americanos foram pagos ao estaleiro francês Construções Mecânicas da Normandia.É factual que nenhum dólar desses empréstimos entrou nos cofres do erário pois não consta da Conta Única do Tesouro nos exercícios de 2013 e de 2014, como se pode observavar nas nas Contas Gerais do Estado e, de acordo com Ernesto Gove o Banco de Moçambique tem “registo dessa dívida”. Entretanto na conferência de imprensa desta quarta-feira Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente de Portugal, tornou público que o grupo de doadores europeus do Orçamento do Estado suspendeu temporariamente a sua ajuda financeira ao nosso país. O estadista que preside ao grupo de doadores conhecido por G14 afirmou que se trata, "não de uma paragem definitiva, mas de uma mera suspensão". A suspensão da ajuda financeira dos G14 acontece após decisão idêntica do Reino Unido, do Banco Mundial e também do Fundo Monetário Internacional. |
"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"
quinta-feira, 5 de maio de 2016
Não é malária senhor Presidente, as dívidas da EMATUM, Proindicus e MAM são um cancro para Moçambique
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