Centelha por Viriato Caetano Dias (viriatocaetanodias@gmail.com )
Quanto mais a sociedade se distancia da verdade, mais ela odeia aqueles que a revelam. George Orwell, escritor inglês (1903-1950).
Muito recentemente, o município de Namaacha adjudicou a construção do muro de vedação da residência oficial do edil, com pouco menos de 60 metros quadrados, por dois milhões e oitocentos mil meticais. E agora a questão: se só o muro de vedação custa este balúrdio, então, quanto custaria para a reabilitação da residência oficial do edil? Para quem tem um mínimo de inteligência, este orçamento é de bradar aos céus, mormente num país em “estiagem” económica e financeiramente exaurido.
Quero acreditar que nem a vedação (simples e comedida) do luxuoso Palácio de Buckingham, em Londres, custou tanto dinheiro quanto o município de Namaacha pretende gastar para o capricho do edil.
Tenho curiosidade em saber, se o muro dessa residência será feito de betão armado, ouro maciço, diamante, prata, bronze? Afora isso, adensa-se a criação de instituições públicas com dupla ou tripla subordinação. Para quê? Para acomodar os “Vagabundos da Pátria” (para empalmar o título do recente livro de Marcelo Panguana).
Por
outro lado, é notório observar, em quase todos os parques automóveis do Estado,
viaturas topo de gama que são sujeitas a uma “eutanásia mecânica”, para depois
beneficiar aos mesmos “Vagabundos da Pátria”, através do processo de leilão.
Esta é uma forma dissimulada de ludibriar o Estado. E o que mais?
Conheço alguns edis que não ficam uma só semana nos seus municípios. Sequer colocam os pés nos seus escritórios. Passam a vida a voar, dentro e fora do país. É bem provável que, pelo número de viagens que fazem, tenham mais horas de voo que um piloto da LAM. Destarte, instalaram seus escritórios nos aviões e em classes executivas. Entretanto, durante a campanha eleitoral, prometeram transformar seus municípios em Canaã, defraudando o povo. Resultado: o povo, que os colocou no poleiro, continua a definhar. Ainda que mal pergunte, afinal o que tanto fazem esses presidentes dos concelhos municipais no estrangeiro? Simples: fuga à responsabilidade e à responsabilização. É o espírito de recompensa “já que não tive no passado, faço-o agora e em excesso”.
Temos no país dirigentes que transformaram instituições do Estado em suas propriedades privadas, para albergar vadios e parasitas familiares. Acomodaram suas amantes. Acomodaram seus afilhados. Acomodaram seus amigos. Acomodaram amigos dos seus compadres, etc., ocupando cargos de chefia. São profissionalmente inúteis ao Estado. A única tarefa que desempenham com zelo e dedicação é a criação de buracos de ozono nas contas públicas em benefícios pessoais.
Voltando à crise. Sinceramente, não percebo patavina. Como é que nas províncias ricas em recursos minerais e energéticos haja gente, moçambicanos, a morrer de fome? O que é que de concreto fazem esses governantes? Rien (nada). E o que dizer daquele ministro que tem olhos, mas não vê. Por outras palavras, é incapaz de recorre a abundância da arte, do artesanato, do talento, enfim, da cultura, para dinamizar o turismo e a economia nacional.
É chegado o momento de o presidente da República, Filipe Nyusi, fazer um saneamento político desses dirigentes que não estão alinhados (e nem querem estar) com os seus discursos e governação. Para terminar: esta semana enderecei ao meu amigo e poeta anónimo Nkulu um email, com a seguinte pergunta. “Porque é que facilmente Moçambique passa de uma economia robusta para uma economia frágil? Afinal onde é que falhamos? Porque é que nunca conseguimos sair da situação de emergência?”
A resposta não se fez esperar e transcrevo na íntegra: “Não é uma fatalidade. Obedece a esquemas e planos bem delineados. Conheces algum país africano que, tarde ou cedo, não fica na posição de emergência? Existem factores endógenos e exógenos concorrentes ou condicionantes. Isto precisa de entender bem os seguintes aspectos: a governação tradicional, a governação moderna, as dificuldades de ruptura ou de coabitação entre as duas formas de governação, o colonialismo e o neocolonialismo, o terceiro mundo como fonte de enriquecimento dos imperialistas.” ZICOMO (Obrigado e um abraço Nhúngue a todos os trabalhadores, endividados ou não).
WAMPHULA FAX – 05.05.2016
Conheço alguns edis que não ficam uma só semana nos seus municípios. Sequer colocam os pés nos seus escritórios. Passam a vida a voar, dentro e fora do país. É bem provável que, pelo número de viagens que fazem, tenham mais horas de voo que um piloto da LAM. Destarte, instalaram seus escritórios nos aviões e em classes executivas. Entretanto, durante a campanha eleitoral, prometeram transformar seus municípios em Canaã, defraudando o povo. Resultado: o povo, que os colocou no poleiro, continua a definhar. Ainda que mal pergunte, afinal o que tanto fazem esses presidentes dos concelhos municipais no estrangeiro? Simples: fuga à responsabilidade e à responsabilização. É o espírito de recompensa “já que não tive no passado, faço-o agora e em excesso”.
Temos no país dirigentes que transformaram instituições do Estado em suas propriedades privadas, para albergar vadios e parasitas familiares. Acomodaram suas amantes. Acomodaram seus afilhados. Acomodaram seus amigos. Acomodaram amigos dos seus compadres, etc., ocupando cargos de chefia. São profissionalmente inúteis ao Estado. A única tarefa que desempenham com zelo e dedicação é a criação de buracos de ozono nas contas públicas em benefícios pessoais.
Voltando à crise. Sinceramente, não percebo patavina. Como é que nas províncias ricas em recursos minerais e energéticos haja gente, moçambicanos, a morrer de fome? O que é que de concreto fazem esses governantes? Rien (nada). E o que dizer daquele ministro que tem olhos, mas não vê. Por outras palavras, é incapaz de recorre a abundância da arte, do artesanato, do talento, enfim, da cultura, para dinamizar o turismo e a economia nacional.
É chegado o momento de o presidente da República, Filipe Nyusi, fazer um saneamento político desses dirigentes que não estão alinhados (e nem querem estar) com os seus discursos e governação. Para terminar: esta semana enderecei ao meu amigo e poeta anónimo Nkulu um email, com a seguinte pergunta. “Porque é que facilmente Moçambique passa de uma economia robusta para uma economia frágil? Afinal onde é que falhamos? Porque é que nunca conseguimos sair da situação de emergência?”
A resposta não se fez esperar e transcrevo na íntegra: “Não é uma fatalidade. Obedece a esquemas e planos bem delineados. Conheces algum país africano que, tarde ou cedo, não fica na posição de emergência? Existem factores endógenos e exógenos concorrentes ou condicionantes. Isto precisa de entender bem os seguintes aspectos: a governação tradicional, a governação moderna, as dificuldades de ruptura ou de coabitação entre as duas formas de governação, o colonialismo e o neocolonialismo, o terceiro mundo como fonte de enriquecimento dos imperialistas.” ZICOMO (Obrigado e um abraço Nhúngue a todos os trabalhadores, endividados ou não).
WAMPHULA FAX – 05.05.2016
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