A
Renamo justificou hoje o adiamento do prazo do fim de março, dado pelo
presidente do maior partido da oposição em Moçambique, para a tomada do poder no
centro e norte do país com o agravamento da situação militar.
"Os
planos mantêm-se mas agora há ofensivas muito sérias, confrontos muito sérios na
Gorongosa desde quarta-feira", disse à Lusa o porta-voz da Resistência Nacional
Moçambicana (Renamo), em relação ao objetivo do líder do seu partido, Afonso
Dhlakama, de tomar o poder em seis províncias (Nampula, Niassa, Zambézia,
Sofala, Tete e Manica) até ao fim de março.
Segundo António
Muchanga, o líder da oposição mantém-se na serra da Gorongosa, província de
Sofala, mas sem precisar o local exato, numa região, que, segundo a Renamo, tem
sido severamente bombardeada nos últimos dias pelas Forças de Defesa e
Segurança.
"A
principal preocupação agora é ver o que se pode fazer para salvar vidas",
observou o porta-voz.
Fontes
locais do braço armado da Renamo ouvidas pela Lusa dão conta da utilização de
armamento pesado na serra da Gorongosa nos vários dias.
"Hoje,
das 09:00 às 14:00 tinham sido disparados pelo menos 20 morteiros", descreveu à
Lusa uma das fontes a partir da Gorongosa.
Um
jornalista local disse por sua vez que os bombardeamentos eram escutados na vila
da Gorongosa, adiantando que se instalou o medo em vários bairros.
A Lusa
tentou ouvir as autoridades provinciais das Forças de Defesa e Segurança, mas
sem sucesso.
Os
últimos dias têm sido acompanhados de uma intensificação dos apelos para a paz e
para o diálogo por parte do Governo moçambicano, pela Frelimo (Frente de
Libertação de Moçambique), partido no poder, organizações de sociedade civil e
corpo diplomático acreditado em Maputo.
A
Renamo não reconhece os resultados das eleições gerais de 2014 e ameaça tomar o
poder nas seis províncias onde reivindica vitória no escrutínio, tendo apontado
março como o mês em que ia assumir a governação naquelas regiões.
As
últimas semanas têm sido marcadas por um agravamento da situação militar, com
registos de confrontos entre as duas partes e de emboscadas atribuídas a homens
da Renamo nas principais estradas do país, atingindo viaturas militares e
civis.
As
autoridades determinaram em fevereiro a criação de escoltas militares
obrigatórias em dois troços na província de Sofala da N1, a principal estrada do
país, enquanto ao vizinho Malaui o número de refugiados em fuga da província de
Tete ascende a pelo menos 11 mil.
A
Renamo sujeita a retoma do diálogo à mediação da África do Sul, União Europeia e
Igreja Católica, mas sugere que eventuais negociações não pararão a ameaça de
tomar as províncias do centro e norte do país.
HB/AYAC //
EL
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