Venâncio Mondlane renunciou ao seu mandato como deputado no Parlamento pelo MDM, alegando "incompatibilidade e constrangimentos" no exercício da sua função. Para o político aderir à RENAMO é uma opção.
A cena política moçambicana vive grandes metamorfoses em véspera de eleições autárquicas. O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que vive uma crise sem precedentes, é o partido que está a ficar cada vez mais desfalcado. Só hoje (29.06) sairam da segunda maior formação da oposição dez altos quadros do círculo eleitoral de Maputo e juntaram-se a RENAMO, maior partido da oposição. E com eles saiu Venâncio Mondlane, alto quadro do partido que deixa também de ser deputado do MDM. Circulam informações de que Mondlane é o cabeça de lista da RENAMO, mas em entrevista a DW África o visado nega categoricamente.
DW África: Confirma a sua saída do MDM e que é também o cabeça de lista para cidade de Maputo pela RENAMO?
Venâncio Mondlane (VM): Não.
DW África: Como deve saber, notícias que estão a circular apontam Venâncio Mondlane como o cabeça de lista e inclusivamente há imagens de membros da RENAMO vestidos camisolas com a sua imagem estampada...
VM: É verdade que há um desejo, um apoio de muitos membros da RENAMO e também dos que saíram do MDM. Hoje de manhã, houve uma dissidência da estrutura partidária mais importante do MDM da cidade de Maputo e que se aliou à RENAMO. Eles disseram que gostariam que o Venâncio Mondlane também fosse junto. Manifestaram esse desejo, mas isso não quer dizer que seja mesmo isso, tanto mais que a senhora Gania que é membro da Comissão Política deveria pronunciar-se porque ainda não tinha sido anunciada nenhuma deliberação definitiva sobre os cabeças de lista para Maputo.
DW África: E Venâncio Mondlane sente-se tentado a ser cabeça de lista?
VM: (risos) Penso que esta proposta avançada pela RENAMO é consensual, de que neste momento em termos de oposição a RENAMO é o partido que está melhor preparado para liderar a oposição em Moçambique. Tanto mais que por isso mesmo toda a estrutura de base do MDM saiu, precisamente por isso. Está a ficar muito evidente que a RENAMO está em condições de liderar a oposição e fazer uma luta um pouco mais séria sobre isso. Nessa matéria acho que é uma opção a considerar.
DW África: O que é que o deixa hesitante em aceitar ser o cabeça de lista pela RENAMO?
VM: Ser o cabeça de lista não é só o Venâncio querer (risos), é preciso que a Comissão Política da RENAMO que é um órgão colegial também assim o queira. Mas, por outro lado, também eu neste momento tinha como prioridade me desvincular de coisas que já estavam a perturbar a minha consciência, porque estava a fazer parte de um partido e de uma bancada parlamentar que já não estavam a corresponder àquilo que achava serem as expetativas mais nobres da nossa população. Como deve imaginar desvincular-me não foi coisa fácil.É o primeiro caso desde a independência nacional, porque mesmo na altura de partido único não houve um caso idêntico ao meu, ou seja de alguém desvincular-se da Assembleia da República e do respetivo partido e sem nenhuma perspetiva à frente.
DW África: E sai com as relações cortadas com os altos dirigentes do MDM?
VM: Com pessoas em particular não tenho, mas com a linha, a direção e a orientação que o partido estava a ter isso sim. Estou totalmente contra isso, mas não tenho problemas pessoais com ninguém...
Sem comentários:
Enviar um comentário