O banco que diz ser “daki”, mas na verdade sempre foi português, facturou aqui 8,1 biliões de meticais aplicando aos moçambicanos, a quem diz fazer feliz, taxas de juros de “agiotas”. Estes lucros inéditos obtidos em 2017 pelo Banco Comercial e de Investimentos (BCI) só foram possível graças a crise económica e financeira que Moçambique enfrenta que lhe possibilitou rendimentos bilionários investindo na Dívida Pública Interna que o Governo Filipe Nyusi aumentou mais 100 mil por cento. Paradoxalmente o BCI foi um dos investidores das dívidas ilegais da Proindicus e da EMATUM que precipitaram a crise em que estamos mergulhados.
No segundo ano da crise que estamos a viver a instituição que é líder do sistema bancário no nosso país aumentou ainda mais os seus rendimentos e obteve um lucro inédito: “a Margem financeira ascendeu a 8,1 biliões de meticais, registando um crescimento de +2 biliões (+32,85% relativamente a 2016), face ao valor de 6,1 biliões observado em igual período de 2016”.
“No ano 2017, a Margem Financeira beneficiou do efeito taxa de juro positiva propiciada, em grande medida, pela rentabilidade dos Activos Financeiros (+2,7 biliões; +154,38 por cento), com destaque para o investimento em Bilhetes de Tesouro (BT’s) e Obrigações de Tesouro (OT’s), que no seu conjunto representaram uma proporção de 94,41 por cento sobre o total da carteira dos Activos Financeiros (80,45 por cento em Dezembro de 2016)” reconhece o BCI no seu Relatório e Contas de 2017 analisado pelo @Verdade.
A taxa de juro real que o banco que não é “daki” declara ser positiva rondou os 35 a 40 por cento até o Banco de Moçambique começar a reduzir a Prime Rate do Sistema Financeira, superando às taxas cobradas pelos agiotas.
BCI reconhece 1,2 biliões de meticais de parte das dívidas ilegais
O @Verdade apurou que o volume total de títulos em carteira do Banco Comercial e de Investimentos aumentou, em 2017, cerca de 6,3 biliões de meticais, o que representa uma variação positiva de 37,59 por cento face a 2016, para esse aumento, contribuiu o acréscimo no volume de Bilhetes do Tesouro em 9,4 biliões de meticais.
“Os Bilhetes de Tesouro conheceram um aumento significativo acima dos 100% face a igual período de 2016, fruto de uma maior emissão de dívida de curto prazo por parte do Estado Moçambicano”, refere adicionalmente o BCI no Relatório analisado pelo @Verdade.
Esta carteira de títulos do Tesouro na carteira do BCI correspondem a mais de 20 por cento do total da Dívida Pública Interna, que a 31 de Dezembro de 2017 ascendia pouco mais de 100 biliões de meticais, e tem sido cada vez emitido pelo Governo de Filipe Nyusi para financiar o seu deficitário Orçamento do Estado desde que os Parceiros Internacionais suspenderam o apoio financeiro quando descobriram em Abril de 2016 as dívidas da Proindicus e MAM, contraídas violando a Constituição da República e leis orçamentais, e precipitaram a crise que vivemos desde então.
Importa recordar que o BCI foi um dos bancos “moçambicanos” que comprou secretamente essas dívidas ilegais. De acordo com a Auditoria da Krol o banco adquiriu 30 milhões de dólares norte americanos em dívida ilegal da Proindicus e mais 25 milhões de dólares em dívida ilegal da EMATUM.
No Relatório e Contas de 2017 estão inscritos 1,2 biliões de meticais como “Obrigações Soberanas” que o @Verdade entende tratarem-se de parte das dívidas ilegais, particularmente a dívida da EMATUM legalizada em “Mozambique 2023 Eurobonds”.
Este crescimento da Margem Financeira permitiu ao Banco Comercial e de Investimentos compensar a redução da sua carteira de crédito que registou uma redução de 9,8 biliões de meticais, menos 11,53 por cento comparativamente a 2016, e influenciou o desempenho positivo do Produto Bancário que resultou num lucro líquido em 2017 de 2,4 biliões de meticais, um crescimento de 74,07 por cento em relação ao ano anterior.
Embora pregue desde 2010 que é um banco “daki” o BCI sempre foi um banco controlado por portugueses, que actualmente detêm 97 por cento do capital social através da Caixa Geral de Depósitos e Banco Português de Investimento
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