"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



sexta-feira, 3 de março de 2017

Um teste à resiliência de Nyusi

quarta-feira, 1 de março de 2017


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Quando ele quis impor a ordem na gestão do solo urbano, desafiando os feudos da corrupção; quando ele quis moralizar o sector da construção civil, onde impera um cartel muito dado a desafiar velhas e novas posturas regulatórias, em conluio matreiro com a fiscalização; quando ele quis travar o assalto final às barreiras na marginal, embargando obras que não tinham passado pelo crivo processual normal e onde, na verdade, nunca deviam ter sido erguidas; quando ele quis dar um voz ativa ao munícipes de Maputo na vida da edilidade; ele foi convidado a retirar-se.
Eneas Comiche sentiu na pele o que é ver seu voluntarismo cívico rechaçado por interesses das gangues cujos tachos dependem dos lobbies esgueirados no edifício da ex-Pereira do Lago. Se a ele não se pode apontar uma única nódoa de natureza corruptiva, seu sucessor na gestão da edilidade está cheio delas. Os lobbies da podridão cantaram mais alto e nem Guebuza, com sua aura de rispidez, conseguiu evitar que o compromisso ético da Frelimo na gestão da edilidade baixasse tão de nível.
Outra vitima foi o Dr. Ivo Garrido. Ele assumiu a cartilha contra o deixa-andar atribuído a Chissano, procurando impor uma cultura da probidade mesmo antes dela ser legislada (a probidade). Uma mão de ferro no lucrativo negócio dos medicamentos, uma postura constante contra cobranças ilícitas, o cultivo da assiduidade e da apresentação asseada dos profissionais da Saúde. O combate ao despesismo e ao desperdício infundado. A prática da austeridade, mesmo quando ela ainda não era urgência no discurso da liderança política.
Um voluntarismo ético sem paralelo, que também não resistiu quando a proclamada rispidez de Guebuza cedeu, abrindo flancos aos lobbies mais perversos. A gestão dos medicamentos foi o que se viu. Um caos total. Que ainda prevalece, com lobbies doutras tonalidades.
Agora assistimos ao voluntarismo enérgico de Maria Rita Freitas e sua equipa. Até quando ser-lhe-á permitido agir num sentido contrario ao da ortodoxia do laxismo e da corrupção? Tudo depende de Nyusi. Aliás, este assunto virou um assunto do PR. É também para ele um desafio: o de mostrar que não cai facilmente na ratoeira dos lobbies. O de mostrar que tem também uma postura de integridade e está comprometido com as boas práticas e, no caso vertente, com a saúde pública. Um grande teste este.

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