"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



terça-feira, 5 de abril de 2016

GOVERNAR É RESOLVER PROBLEMAS


Começo o pequeníssimo texto com a citação das palavras do Presidente Nyusi, a quem me dirijo esta manhã.
As notícias que vêm dos credores suíços não são boas. Ficamos a saber através da Wall Street Journal, um jornal americano, que para além dos $850 milhões emprestados a Credite Suisse Group AG, o mesmo teria no mesmo ano de 2013, emprestado mais $787 milhões para uma tal empresa chamada Proindicus, destinada a compra de equipamento de protecção contra a pirataria marítima, nomeadamente radares e barcos de proteção costeira. Na dívida da EMATUM, sabemos que parte deste também foi declarada como tendo sido destinada a compra de material de protecção costeira e, mesmo assim, parte significativa deste dinheiro foi descaminhada. A ser verdade, significa que em 2013 apenas, o governo emprestou $1.47 biliões, representando um acréscimo em 25% da divida reportada em 2012.
• Antes de mais, importa fazer uma pergunta: Senhor Presidente Nyusi, estamos bem?
• Tal como se vinha revelando, parece que fomos mesmo roubados. O Senhor Presidente sabe quem foi que roubou ao estado e povo moçambicanos?
• Porque é que o governo não revelou ao povo moçambicano e os seus parceiros económicos incluindo o FMI e Banco Mundial da existência de uma outra dívida de $787 milhões?
• Qual é a nossa situação financeira?
• Senhor Presidente, mais uma vez, estamos bem?
Senhor Presidente, o senhor tem problemas a mais. Comece por resolver alguns, mais simples e mais concretos. Se continuar a ser um procrastinador, dificilmente poderá lograr algum sucesso no seu segundo ano de governação. E, eu particularmente já não irei elogia-lo pelos mesmos motivos do ano anterior. Para o ano 2 da sua governação, não bastará dizer “com franqueza” que o estado da nação não é bom ou que não fizeram o que gostariam de ter feito melhor. Deverá resolver alguns problemas concretos, sejam provocados por si ou pelos outros.
Alguém, num outro local, perguntava-o se se sentia satisfeito de ir a cama e acordar com a sensação de que o dia anterior foi produtivo. Na sua própria lógica, se governar é resolver os problemas, os moçambicanos esperam a solução de dois problemas primordiais: o conflito armado e a economia. E estes problemas duram há mais de um ano, com consequências para todos os moçambicanos. Se governar é resolver problemas, o que o Presidente está a fazer de concreto?
Eng. Nyusi, durante a campanha eleitoral, o Senhor Presidente afirmou que a sua governação representaria o quarto andar do mesmo edifício, significando a continuidade na consolidação do que já foi conquistado: unidade nacional, desenvolvimento económico, paz e segurança e a democracia. Disse que iria continuar com as obras de Machel, Chissano e Guebuza.
Mas olhe senhor Presidente que quase um ano e meio depois, ainda não ergueu se quer um único pilar do seu quarto andar. Os trabalhos feitos neste andar são quase todos desconcertantes. Pior do que isso, o senhor sabe que no terceiro andar há pelo menos uns dois ladrões que roubaram o material de construção do seu quarto andar.  O senhor não quer ir prendê-los nem responsabiliza-los! O senhor sabe também que há mais de um ano, outro grupo semeia pânico nas redondezas e que atrapalha o trabalho dos seus pedreiros. Ano e meio depois, o senhor não se dignou em resolver o problema de segurança e tranquilidade públicas. A culpa é sua. Nós votamos em si e o senhor tem a obrigação de resolver este problema. Deve chegar o momento em que deve dizer: “Resolvi. Bem ou mal, mas este problema tinha que chegar ao fim”.
O Senhor Presidente sabe que no segundo andar do seu edifico há tipos que com picaretas estão dar cabo da laje, pondo em perigo a sustentabilidade de todo edifíco. Porque não os manda parar?
• Como quer erguer um forte quarto andar com material de construção que não tem, porque roubado no terceiro andar?
• Como quer ter o engajamento construtivo dos seus colaboradores, em meio da insegurança?
Bem, é possível. Mas por favor, prove-nos.
Para terminar, senhor Presidente, acerte de vez este relógio. Um adágio popular português diz que um relógio parado pelo menos está certo duas vezes por dia. Mas parece-me que o seu não está parado. PARECE-ME QUE ESTÁ AVARIADO, o que já é grave pois, um relógio avariado, seja ele electrónico ou a ponteiros, apesar de estar a marcar data, hora, minutos e segundos, ele orienta o seu dono ao abismo: marca 06:00 quando são na verdade 12:00; 17:00 quando são 05:00 da manhã. O resultado é que com um relógio destes as decisões tomadas ou são atrasadas, ou são más e inoportunas.
Não sei se o senhor Presidente tem consciência, mas o seu tempo está a chegar ao fim antes mesmo de começar. A única forma de salvar o seu tempo é tomando as medidas que devem ser tomadas agora para reanimar a esperança, o engajamento popular e o necessário apoio que precisa dos milhares de cidadãos. A opinião pública não está do seu lado porque não consegue ver em seus actos e nos dos seus mais directos colaboradores, um conjunto consequente de mensagens e acções apontando para uma única direcção. E apesar de estarmos em crise, o ritmo com que toma as medidas é incongruente com a urgência que vivemos. 
• A sua guerra não tem objectivos claros. Nem a da sua contraparte. Está a gastar recursos e tempo para o desgosto de todos. Isto tem seu preço político e será o senhor a pagá-lo.
• A economia está de rastos e em parte por causa da sua complacência com relação aos açambarcadores que o senhor bem os conhece.
• O edifício da administração da justiça precisa de estar completamente arrumado e o Senhor Presidente finge que está tudo bem
Senhor Presidente, o que é que lhe falta para tomar as medidas acertadas? Informação? Aconselhamento? Coragem? Iniciativa? Apoio?
Por mais boa vontade eu tenha para contemplar os seus bons actos governativos, fica difícil suster este seu à-vontade. Eu agora é que ando preocupado consigo senhor Presidente.

TEXTO  DE EGIDIO VAZ NO FB.

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