"Deus criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos, porque então amamos as coisas e usamos as pessoas?"



quarta-feira, 6 de abril de 2016

CHAI - O 1º tiro por quem lá estava

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Tive conhecimento há uns dias que tinha falecido um amigo de longa data, ex-funcionário do Instituto do Algodão de Moçambique, estivemos juntos no Alua - Namapa e acrescento para dizer que este meu amigo estava no Chai no dia em que foram disparados os primeiros tiros da guerra que ìa começar. O António Augusto Sampaio falou algumas vezes desse dia , ao cair da noite , já a Esposa Dona Fernanda tinha ido mais os filhos, Clara ( hoje enfermeira no hospital de Vila Real ) e o João funcionário da Câmara de Murça ) para casa do Administrador, passar um bocado da noite , como era costume no mato , já que o dito Administrador não estava no Chai, e foi quando o meu amigo Sampaio ouviu uns tiros, não ligou, mas saiu de casa de camisa branca e espingarda ao ombro quando chamaram por ele dizendo , " ó Sampaio andam para aí aos tiros e você vem pelo meio da rua e de camisa branca ? " era o Polícia, o único, o outro estava doente em Porto Amélia, ainda falaram com um comerciante, dizendo para não sair de casa. Isto tudo para dizer que nem sempre se diz a verdade, visto que ainda agora se diz que ouve dezenas de mortos e feridos, não ouve nem um ferido, pois esses tiros foram disparados de muito longe, passados uns dois meses aí sim sim mataram o Padre da Missão de Nangololo, o Padre que nem um canivete levava , e passados mais uns meses o cunhado do Administrador do Chai. Se calhar alguns que escreveram no museu do Chai nunca estiveram lá, um pelo menos, um tal jornalista ( não digo nome ) do Diário de Noticias de L M gabava-se de que tinha falado com testemunhas COITADO, respeito pelos que fizeram a guerra, perdoar sim, esquecer NÃO !!!!

Comentário de Moisés
Gil, algo não bate certo. Posso estar enganado mas, parece-me que a morte do padre foi antes do primeiro tiro e ela foi feita sem tiros. Da investigação que fiz, tratou-se de ajuste de contas pelo que sucedera em Março do ano anterior, quando o padre traiu um grupo de alguns membros da Frelimo, vindos da Tanzania, que se encontravam reunidos na regedoria Capoca, posto de Muidumbe. A traição foi feita ao administrador Joaquim Alves Delgado (tido como um carrasco pelas fontes orais que o conheceram), que se fez a missão acompanhado dos guardas da administração (Paulo e Ernesto), após tomar conhecimento do referido encontro. Num relatório secreto feito pelo punho do próprio administrador, a 9 de Março de 1963, explica que tinha ido para a Missão de Nangololo «a fim de contactar com elementos nativos que nos são fiéis, relacionados num caderno apreendido ao Clementino Nandanga. Momentos depois de ter conversado com os serviçais domésticos da Missão de Nangololo que consta da referida relação, o Padre Superior daquela Missão informou-me que no dia 6, de manhã, tinha havido uma reunião de elementos da Frelimo (...) O mesmo superior esclareceu que entre os assuntos tratados, destacavam-se ameaças de morte aos nativos que não quisessem aderir à Frelimo». É mais ou menos esta a «canivete do padre» que não é falada pelos historiadores que se debruçam sobre o primeiro tiro. De referir que, em resultado da colaboração do sacerdote, foram capturados, entre outros, Justino Bonifácio, Vintane Cunachambala e Focas Adebe, conhecido por Jumbe, enviados directamente para Mueda onde foram interrogados. O cruzamento de vários documentos sugere que um dos que participaram nas interrogações foi o Sr. Joaquim Chipande (que também foi morto na mesma onda que levou a morte do padre, isto é, em Agosto de 1964). A bicha dos que foram sendo presos é longa, mas estou sem tanto tempo para folhear a papelada.

EY: Eu sempre disse que a verdadeira História de Moçambique ainda não foi feita pública. Mas pouco a pouco está saindo fora e um dia vai se revelar tudo. Claro que não será agora enquanto os libertadores ainda estarem na posse do poder governativo. Mas o tempo é dono da história, por isso, aguardemos...

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